28/07/2010 - 13h04

Mercadante aponta máquina pró-Alckmin no interior e rejeita imagem de arrogante

Carlos Bencke e Maurício Savarese
Do UOL Eleições
Em São Paulo

Vice-líder nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, disse nesta quarta-feira (28) durante a sabatina promovida pelo portal UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo que a disputa contra o favorito Geraldo Alckmin (PSDB) será difícil, mas avalia estar mais maduro do que há quatro anos, quando foi derrotado pelo hoje presidenciável tucano, José Serra.

De acordo com o petista, Alckmin, secretário paulista do Desenvolvimento até poucos meses atrás, terá a seu favor “uma máquina do governo muito forte no interior”. “É difícil se contrapor a essa estrutura. E nós [do PT] precisamos ser mais competentes na mensagem”, afirmou. “Não estamos mais falando o que se pode fazer, estamos demonstrando com o governo Lula. Esse é o grande diferencial nessa campanha.”

O petista, que decidiu ser candidato apenas neste ano, a pedido do presidente Lula, afirmou que não teve melhor sorte na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes em 2006 porque “o paulista é muito exigente, muito pé no chão”. “Essa experiência de governo em Brasília vai nos ajudar na eleição. Mas é evidente que será difícil ganhar a eleição”, afirmou. “Mas tem que ter alternância, o Estado fica muito mais motivado.”

Questionado sobre o que fará depois da votação de outubro, Mercadante respondeu: “Se eu ganhar essa eleição, vou fazer o melhor para São Paulo. Se não ganhar, vou voltar para a universidade e continuar militando”.

Acusado por adversários de ser arrogante, Mercadante fez um mea culpa. “As pessoas falam muito desse perfil e olham meu desempenho na CPI do Collor. Cheguei direto lá, patrocinando o impeachment de um presidente. De lá para cá, a gente amadurece, aprende com os erros. Estou mais vivido, mais maduro”, disse.

O petista afirmou que os setores “modernos” do PMDB, do PPS, do DEM e do PSC em São Paulo estão ao seu lado na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. “Por que tem tanta dissidência do lado de lá? Porque as pessoas querem mudar São Paulo”, afirmou o segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Alckmin.

B.O. na internet, educação e banco estatal
O candidato do PT afirmou que vai colocar todos os relatos de crimes do Estado de São Paulo na internet, com a localização exata de onde ocorreu o delito. “Quero colocar todas as ocorrências de polícia online e georeferenciadas. Você vai saber se houve aumento na criminalidade na sua região”, disse.

O petista admitiu que seu partido já teve dificuldades de diálogo com a polícia, mas acredita que a categoria quer uma mudança no governo. Segundo Mercadante, existe uma solução imediata para o policiamento ostensivo. “[Precisamos] aumentar a jornada de trabalho. Eu prefiro pagar mais para melhorar rapidamente a presença do efetivo”, disse.

Questionado sobre a unificação das polícias Civil e Militar, o senador, eleito com mais de 10 milhões de votos em 2002 e que aceitou disputar o governo paulista apenas neste ano, a pedido de Lula, desconversou. "Isso não compete ao governador, depende da Constituição brasileira".

Mercadante prometeu acabar com a “aprovação automática” nas escolas paulistas se for eleito, mas não promoverá uma política de repetência dos estudantes da rede pública. “Vamos acabar com a aprovação automática imediatamente. Se o aluno está indo mal, vai ter que ter uma política de reforço. Mas escola que não avalia não ensina”, disse.

“[Esse sistema] não é para reprovar. É para dizer que não está satisfatório e tem que haver uma política de recuperação desse aluno. Na aprovação automática você finge que aprovou, mas a vida reprova”, completou o petista, que ainda prometeu instalar em São Paulo um sistema similar ao da prefeitura do Rio de Janeiro. Lá, os alunos usam um cartão para entrar nas escolas, e um chip determina se o estudante está presente ou não.

"E no futuro podemos estimular a integração dos pais com a escola. O pai pode receber um SMS no celular para saber que o filho dele não veio à aula", afirmou Mercadante. "Se eleito, quero que a minha avaliação como governador seja as notas dos alunos das escolas da rede pública", completou.

O petista acusou a gestão tucana do Palácio dos Bandeirantes, até poucos meses atrás ocupada pelo presidenciável José Serra (PSDB), de promover uma política discriminatória ao pagar bônus aos professores da rede estadual, mas não viabilizarem um plano de carreira.

“Não sou contra bônus por desempenho, mas não adianta se não tiver carreira”, disse. “Os professores de São Paulo estão cinco anos sem receber reajuste. Aí tem um bônus que só 20% da categoria pode ganhar. Quem ganha, só pode ganhar de novo dali quatro anos. É um pau de sebo, não chega nunca”, disse.

Mercadante disse que São Paulo precisa de um banco estatal para fomentar crescimento e criticou o PSDB pela venda do Banespa e da Nossa Caixa. “Eles venderam o Banespa e, no auge da crise, quando a gente estava acionando os bancos públicos, eles venderam a Nossa Caixa”.

Mercadante foi sabatinado pelos jornalistas Fernando Canzian, repórter especial da Folha, Mônica Bergamo, colunista da Folha, Denise Chiarato, editora de Cotidiano do jornal, e Irineu Machado, editor-executivo do UOL Notícias.

 

Confira a íntegra da sabatina com Aloizio Mercadante

 

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