27/07/2010 - 12h45

Russomanno diz que acumulará Secretaria da Segurança se for eleito

Carlos Bencke e Maurício Savarese
Do UOL Eleições
Em São Paulo

O candidato do PP ao governo de São Paulo, Celso Russomanno, afirmou nesta terça-feira (27) durante sabatina promovida pelo portal UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo que vai acumular os cargos de governador e secretário de Segurança Pública "enquanto a polícia não estiver funcionando".

Segundo o candidato, não adianta nomear um secretário para, logo em seguida, “ter problemas”. Russomanno disse que vai se reunir diretamente com os chefes das polícias Militar e Civil. "A polícia está de mãos atadas", afirmou o candidato. "Quero uma polícia respeitada, mas não temida".

Russomanno, aliado do ex-governador e ex-prefeito Paulo Maluf, maior expoente do PP paulista, afirmou que os agentes de segurança evitam confronto com criminosos porque podem ser processados e afastados dos cargos.

Russomanno foi sabatinado pelos jornalistas Fernando Canzian, repórter especial da Folha, Mônica Bergamo, colunista da Folha, Denise Chiarato, editora de Cotidiano do jornal, e Irineu Machado, editor-executivo do UOL Notícias.

 

“Hoje eles [policiais] estão com o braço cruzado. É melhor [para eles] chegarem depois da ocorrência do que serem punidos. Isso não são todos os policiais que fazem. Mas existe”, afirmou Russomanno. “A minha polícia será respeitada, e não temida."

Russomanno não repetiu o slogan malufista de colocar as tropas de elite da Rota "na rua". Mas prometeu uma polícia "que vai para a rua para fazer seu trabalho policial". Maluf, que nos últimos anos disputou espaço com o candidato no partido, acompanhou a sabatina na platéia.

O pepista Russomano criticou as gestões do atual candidato ao governo paulista pelo PSDB, Geraldo Alckmin, que ocupou o cargo de 2001 a 2006, e de José Serra, que renunciou ao Palácio dos Bandeirantes para disputar a Presidência da República. "Você tem um secretário honesto perseguindo a polícia", acusou, referindo-se a Antonio Ferreira Pinto e a seus antecessores.

Política para polícia
Russomanno, que ganhou notoriedade em programas na TV, criticou o candidato ao governo pelo PSDB, Geraldo Alckmin, por propor uma medida que demoraria para ser colocada em prática. “Disse que vai colocar 6 mil policiais na rua. Mas tem de tomar posse, abrir concurso. Só veríamos essa melhora em dois anos”, afirmou.

Em várias oportunidades ao longo das duas horas em que falou, o candidato do PP propôs aumento salarial para os policiais, incluindo reajuste das horas extras, mas evitou se comprometer com números. “O policial trabalha 12 horas e folga 36. Vamos pagar melhor a policia e abrir espaço para hora extra. Assim o policial não precisa fazer bico para sobreviver”, disse.

Russomanno sinalizou apoio à unificação das polícias civil e militar, sugeriu a distribuição de rádios para contato com moradores que costumam colaborar em áreas violetnas e indicou que a melhora dos índices de segurança pública seria financiada com o fim “das obras farônicas”. “A gente tem que começar a rever a postura do Estado na segurança pública”, afirmou.

Questionado sobre as fraudes em compra de carteiras de motorista em São Paulo e o que poderia ser feito para evitar a prática, o candidato do PP sinalizou que pode separar o Detran da polícia. "Nós temos que pensar se o Detran em São Paulo deve ficar na mão da polícia; nos outros do Estado já não é", disse. 

Pedágios, lobby, nota fiscal e Copa
O candidato do PP ao Palácio dos Bandeirantes prometeu rever os contratos de concessionárias de estradas paulistas e se comprometeu a não cobrar pedágio no Rodoanel em torno da capital paulista. "Temos o pedágio mais caro do país. Sabe quanto se paga em São Paulo para administrar pedágio? Vinte por cento. Sabe quanto se paga nos outros estados? De 7% a 8%", atacou.

Russomanno afirmou que em sua experiência como deputado já foi assediado por empresas que não queriam ter contratos revistos ou que queriam benesses junto a funcionários públicos. E acusou a TAM, maior companhia aérea do país, de tentar corrompê-lo para que não acontecesse uma audiência pública sobre o acidente com o voo 3054, que matou 199 pessoas em 2007.

“A TAM tentou me comprar. O lobista tentou me induzir para que a audiência pública não acontecesse”, disse. “Eles não chegam a fazer oferta porque eu não deixo fazer oferta.”

A TAM afirma que as acusações de Russomanno não são verdadeiras. "A companhia segue todas as normas e legislações vigentes e não autoriza nem orienta qualquer pessoa a cometer ilegalidades. A TAM acrescenta que compareceu a todas as audiências públicas legal e regimentalmente convocadas à época mencionada pelo entrevistado, como as CPIs da Câmara e do Senado Federal que trataram da questão aérea e as audiências da Comissão Especial — Código Brasileiro de Aeronáutica", diz a empresa, por meio de nota divulgada por sua assessoria de imprensa.

O candidato do PP chamou de "enganação" a nota fiscal paulista, instituída pelo governo de Serra. "Noventa por cento do que se compra no supermercado não dá crédito. Isso é propaganda enganosa. Vou representar no Conar", afirmou Russomano, referindo-se ao orgão que fiscaliza propaganda no Brasl. "Isso é propaganda enganosa contra o povo de São Paulo fazendo crer que todos os produtos comprados dão crédito”.

Russomanno se disse contrário à utilização de dinheiro público para a construção de um novo estádio na capital paulista para a Copa do Mundo de 2014, depois da exclusão do Morumbi. E criticou a gestão atual por não fiscalizar a manutenção do local nem promover obras de melhoria de acesso. “Dinheiro publico serve para outras coisas”, afirmou. “O governo não fiscalizou o Morumbi. Os banheiros não têm condição de receber ninguém de lugar nenhum do mundo. Não tem nada que a lei mande.”

Próximas sabatinas
Os próximos candidatos ao governo de São Paulo que serão sabatinados serão o senador Aloizio Mercadante (PT), na quarta-feira (28), e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), na quinta-feira (29). O critério de escolha dos participantes foi chamar aqueles que atingiram índices de intenção de votos igual ou superior a 10% na última pesquisa Datafolha.

Confira a íntegra da sabatina com Celso Russomanno

 

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