28/07/2010 - 11h24

Mercadante critica "oligarquia" tucana e insiste nas referências a Lula

Carlos Bencke e Maurício Savarese
Do UOL Eleições
Em São Paulo

Segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, Aloizio Mercadante, candidato do PT ao governo de São Paulo, disse nesta quarta-feira (28) que é capaz de romper o que chamou de “oligarquia” tucana no Estado, referindo-se aos 16 anos de governo do PSDB. Ele insistiu na tese da alternância de poder, mas admitiu que seu partido não soube conquistar o eleitorado paulista nas últimas votações.

 

"Evidente que o erro é nosso (e não do eleitor). Nós que não fomos capazes de convencer o eleitor", afirmou o petista, durante sabatina promovida pelo portal UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo. Mercadante, que aposta na alta popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para crescer nas pesquisas, disse que o PT está pronto para ocupar o Palácio dos Bandeirantes.

“A oligarquia mais longa da história do Brasil recente é do PSDB em São Paulo”, afirmou o petista. “Hoje o Brasil aplaude o governo Lula. Estamos mais maduros, mais preparados”, disse.

Questionado sobre um suposto conservadorismo do eleitor paulista, Mercadante afirmou: "Primeiro, a máquina do governo é muito forte; de outro lado, nós temos de ser um pouco mais competentes na mensagem. O grande diferencial é que nós não estamos dizendo que vamos fazer, estamos mostrando o que fizemos [no governo Lula]".

Mercadante comparou as atuações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do presidente Lula durante a campanha. “Eu não vejo o FHC na campanha e eu vejo uma disputa pelo Lula”, afirmou, ao apontar políticos de partidos da oposição que buscam se associar ao presidente.

O petista afirmou que os setores “modernos” do PMDB, do PPS, do DEM e do PSC em São Paulo estão ao seu lado na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. “Por que tem tanta dissidência do lado de lá? Porque as pessoas querem mudar São Paulo”, afirmou.

Segundo a última pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha, Mercadante conta com 16% das intenções de voto, contra 49% de Geraldo Alckmin (PSDB) e 11% de Celso Russomanno (PP).

B.O. na internet e educação
O candidato do PT afirmou que vai colocar todos os relatos de crimes do Estado de São Paulo na internet, com a localização exata de onde ocorreu o delito. “Quero colocar todas as ocorrências de polícia online e georeferenciadas. Você vai saber se houve aumento na criminalidade na sua região”, disse.

O petista admitiu que seu partido já teve dificuldades de diálogo com a polícia, mas acredita que a categoria quer uma mudança no governo. Segundo Mercadante, existe uma solução imediata para o policiamento ostensivo. “[Precisamos] aumentar a jornada de trabalho. Eu prefiro pagar mais para melhorar rapidamente a presença do efetivo”, disse.

Questionado sobre a unificação das polícias Civil e Militar, o senador, eleito com mais de 10 milhões de votos em 2002 e que aceitou disputar o governo paulista apenas neste ano, a pedido de Lula, desconversou. "Isso não compete ao governador, depende da Constituição brasileira".

Mercadante prometeu acabar com a “aprovação automática” nas escolas paulistas se for eleito, mas não promoverá uma política de repetência dos estudantes da rede pública. “Vamos acabar com a aprovação automática imediatamente. Se o aluno está indo mal, vai ter que ter uma política de reforço. Mas escola que não avalia não ensina”, disse.

“[Esse sistema] não é para reprovar. É para dizer que não está satisfatório e tem que haver uma política de recuperação desse aluno. Na aprovação automática você finge que aprovou, mas a vida reprova”, completou o petista, que ainda prometeu instalar em São Paulo um sistema similar ao da prefeitura do Rio de Janeiro. Lá, os alunos usam um cartão para entrar nas escolas, e um chip determina se o estudante está presente ou não.

"E no futuro podemos estimular a integração dos pais com a escola. O pai pode receber um SMS no celular para saber que o filho dele não veio à aula", afirmou Mercadante. "Se eleito, quero que a minha avaliação como governador seja as notas dos alunos das escolas da rede pública", completou.

O petista acusou a gestão tucana do Palácio dos Bandeirantes, até poucos meses atrás ocupada pelo presidenciável José Serra (PSDB), de promover uma política discriminatória ao pagar bônus aos professores da rede estadual, mas não viabilizarem um plano de carreira.

“Não sou contra bônus por desempenho, mas não adianta se não tiver carreira”, disse. “Os professores de São Paulo estão cinco anos sem receber reajuste. Aí tem um bônus que só 20% da categoria pode ganhar. Quem ganha, só pode ganhar de novo dali quatro anos. É um pau de sebo, não chega nunca”, disse.

Mercadante foi sabatinado pelos jornalistas Irineu Machado, editor-executivo do UOL Notícias, Fernando Canzian, repórter especial da Folha, Mônica Bergamo, colunista da Folha e Denise Chiarato, editora de Cotidiano do jornal.

 

Confira a íntegra da sabatina com Aloizio Mercadante

 

Sites relacionados

Siga UOL Eleições

Hospedagem: UOL Host