Fama de Russomanno ajuda ou atrapalha sua candidatura?

Fabiana Maranhão

Do UOL, em São Paulo

  • Nelson Anotine/Frame Photo/Estadão Conteúdo

Até três meses atrás, o jornalista Celso Russomanno aparecia quase que diariamente na tela da TV, como repórter que tenta resolver reclamações de consumidores. Já são mais de 20 anos atuando como "especialista em defesa do consumidor", como consta em sua biografia na página de sua campanha.

Tamanha exposição de sua imagem, a princípio, pode ser uma aliada na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Mas será que isso ajuda ou atrapalha a candidatura do deputado federal do PRB? A reportagem do UOL ouviu cientistas políticos para esclarecer essa dúvida.

Na primeira pesquisa divulgada após o início oficial da campanha eleitoral, há cerca de um mês, Russomanno liderava com 31% das intenções de voto, segundo o Datafolha. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Simulações de segundo turno apontavam que o jornalista venceria em todos os cenários.

"[Essa exposição] ajuda no que tecnicamente chamamos de 'recall', de lembrança. Por estar há muitos anos na TV, ele é rapidamente lembrado", explica Carlos Melo, cientista político e professor do Insper (Ensino Superior em Negócios, Direito e Engenharia).

Melo questiona, no entanto, se esse 'recall' se mantém ao longo da campanha. "A pessoa lembra no momento que está distraída, mas no momento que tem que decidir, ela mantém a opinião ou inclui no cálculo dela outras informações?".

Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, divulgada na última terça-feira (27), Russomanno aparece em segundo lugar, com 22% das intenções de voto. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. 

Reprodução/TV Record
Russomanno é repórter de quadro na TV Record sobre defesa do direito do consumidor

"O 'recall' de Russomanno é muito forte no começo, mas depois cai. Já sabemos que ele não conseguiu, segundo as pesquisas, manter aquele alto grau de 'recall' que tinha. Ele perdeu o fôlego", analisa Melo. Ele lembra que nas eleições municipais de 2012, o candidato liderou as pesquisas, mas foi caindo e não chegou ao segundo turno.

Na sexta-feira (30), o candidato reconheceu que sua imagem tem sofrido desgaste, assim como ocorreu há quatro anos. "O efeito 2012 foi da desconstrução da minha imagem, que estão tentando fazer de qualquer forma. Mas eu acho que o povo de São Paulo está vacinado, sabe quem eu sou. Existe um desgaste, sem dúvida nenhuma, mas está bem diferente da eleição passada", disse Russomanno, segundo reportagem da "Folha de S.Paulo".

Exposição não garante voto

É evidente que quem tem um alto grau de exposição está em melhores condições na disputa eleitoral. Mas isso não é suficiente, em si mesmo, para eleger uma pessoa; vai depender do desempenho dela."

José Álvaro Moisés, cientista político da USP 

Carlos Melo cita como exemplo o caso do apresentador Silvio Santos. "Se fosse só uma questão de exposição, o Silvio Santos era eleito todo ano", brinca.

Segundo ele, mais que quantidade, determinante é a qualidade dessa exposição. "Se sua imagem foi forjada com acontecimentos ruins, a sua exposição vai ajudar a aumentar a rejeição." 

Nas redes sociais, circulam imagens de uma reportagem de TV de 2005 que mostra Russomanno fazendo matéria sobre a dificuldade de comprar itens avulsos em um supermercado na zona leste de São Paulo. A operadora de caixa declarou que se sentiu humilhada por ele.

Em nota, o candidato afirmou que o vídeo é uma "edição manipulada, na tentativa de enganar os cidadãos". "Não ofendi, nem insultei a atendente", afirmou.

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