Serra e Haddad superam Russomanno e farão segundo turno em São Paulo

Do UOL, em São Paulo

  • Arte UOL

    José Serra (à esq.) e Fernando Haddad (dir.) superaram Celso Russomanno na reta final da campanha

    José Serra (à esq.) e Fernando Haddad (dir.) superaram Celso Russomanno na reta final da campanha

Com uma virada na reta final da disputa, o tucano José Serra e o petista Fernando Haddad superaram o candidato do PRB, Celso Russomanno, e farão o segundo turno na maior cidade do país. Com a apuração quase encerrada, Serra tem uma vantagem de pouco mais de cem mil votos sobre o petista. Haddad e Serra contaram com o maior tempo de propaganda na TV durante a campanha. O petista, apostou todas as fichas no padrinho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já tucano, defendeu a gestão do prefeito, Gilberto Kassab (PSD), e contou com o apoio do governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB).

No início da campanha, em julho, o candidato do PRB aparecia em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Serra, mas conseguiu ultrapassar o tucano já no mês seguinte e manteve a ponta durante quase todo o período de propaganda eleitoral gratuita.

Na reta final, porém, Russomanno começou a sofrer ataques de Serra e Haddad --e também de Gabriel Chalita, candidato do PMDB à prefeitura-- e perdeu a liderança isolada da disputa. 

Serra trabalhou desde o início da campanha para convencer o eleitor de que vai permanecer no cargo de prefeito até o fim do mandato --e não deixar o cargo para disputar a Presidência da República ou o governo do Estado, como aconteceu em 2006. Após ser abordado sobre o tema em entrevistas e debates, ele exibiu depoimento no horário eleitoral gratuito afirmando que, caso eleito, vai cumprir o mandato.

Perfil do candidato

Nome: José Serra
Partido: PSDB
Nascimento: 19/3/1942
Município de nascimento: São Paulo (SP)
Ocupação: Economista
Vice: Alexandre Schneider (PSD)
Coligação: Avança São Paulo (PR / DEM / PV / PSDB / PSD)

 O tucano, que tem 70 anos e já foi deputado federal e senador por São Paulo e ministro da Saúde e do Planejamento durante o governo Fernando Henrique Cardoso, apresentou ainda propostas como a criação de 30 AMAs (Assistência Médica Ambulatorial) 24 horas e a instalação de creches nas estações de metrô e de trem.

Haddad, que tem 49 anos e foi ministro da Educação dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, fez promessas como a criação do Bilhete Único Mensal --que custaria R$ 140 ou R$ 70, no caso de estudantes-- e a construção do Arco do Futuro, um projeto para acabar com os bairros-dormitório e com o trânsito carregado por meio de incentivos para empresas que se instalassem em torno do arco formado pela avenida Cupecê e pelas marginais Tietê e Pinheiros até a avenida Jacu-Pêssego.

Prestação de contas parcial referente aos dois primeiros meses de campanha (julho e agosto), enviada ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mostra que a campanha de Haddad foi a mais cara do país: R$ 16,5 milhões. Já Serra e Russomanno informaram gastos de R$ 8,4 milhões e R$ 1,3 milhão, respectivamente. Haddad contou com o apoio direto de Lula, que priorizou a campanha petista em São Paulo.

Perfil do candidato

Nome: Fernando Haddad
Partido: PT
Nascimento: 25/1/1963
Município de nascimento: São Paulo (SP)
Ocupação: Professor de ensino superior
Vice: Nádia Campeão (PC do B)
Coligação: Para Mudar e Renovar São Paulo (PP / PT / PSB / PC do B)

A presidente Dilma Rousseff também escolheu o palanque de Haddad para fazer sua estreia em comícios nestas eleições. Dilma participou de evento do petista na última segunda-feira e já vinha aparecendo na propaganda eleitoral de Haddad desde o dia 10 de setembro. A entrada da presidente em campanhas contrariou a expectativa de que ela o faria apenas no segundo turno para evitar conflitos onde houvesse mais de um candidato da base aliada.

O início da candidatura de Haddad foi marcado por momentos de tensão. Indicado por Lula para disputar o cargo de prefeito de São Paulo --contrariando a intenção de Marta Suplicy em concorrer--, Haddad amargou falta de apoio da ex-prefeita até o dia 5 de setembro, quando ela entrou na campanha. Dias depois, Dilma nomeou Marta ministra da Cultura, o que foi classificado por Serra como “uso do governo como propriedade privada”. O PT nega que a nomeação tenha relação com o apoio a Haddad.

O apoio recebido do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), adversário histórico do PT em São Paulo, também acabou se tornando um problema para Haddad. A aliança, que foi selada com a foto de um aperto de mão entre Lula e Maluf, ao lado de Haddad, nos jardins da casa do deputado, provocou a saída da então vice da chapa do petista, deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP). A coligação, então, lançou o nome de Nádia Campeão (PC do B).

A aliança com Maluf, bem como a ligação do petista com José Dirceu e Delúbio Soares, réus no processo do mensalão --que está sendo julgado no STF (Supremo Tribunal Federal)--, foram usados pela campanha de Serra para atacar Haddad em comerciais na TV e no rádio.


Religião e política

A disputa em São Paulo também foi marcada pela interferência das igrejas. Em setembro, o cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, orientou padres de cerca de 300 paróquias a ler em missa um texto sobre "voto consciente", com críticas veladas à candidatura de Russomanno.

A cúpula do PRB, partido de Russomanno, é formada por membros da Iurd (Igreja Universal do Reino de Deus). O candidato nunca admitiu sua relação com a Iurd, mas, na última quarta-feira (3), o bispo Edir Macedo, líder da Iurd e dono da Rede Record, publicou em seu blog uma carta em que pedia votos a Russomanno e atacava Haddad. A carta, não assinada, era atribuída a um “amigo”.

Também concorreram à Prefeitura de São Paulo os candidatos Soninha Francine (PPS), Paulinho da Força (PDT), Carlos Giannazi (PSOL), Levy Fidelix (PRTB), Ana Luiza (PSTU), Anaí Caproni (PCO), Eymael (PSDC) e Miguel Manso (PPL).

UOL Cursos Online

Todos os cursos