Com jingle atacando Serra, PMDB lança Chalita, que promete vice até quinta-feira
Gil Alessi
Do UOL, em São Paulo
O PMDB homologou neste domingo (24) a candidatura de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo durante evento na praça da Sé (centro). Ao som de um jingle com ataques indiretos ao candidato do PSDB, José Serra, Chalita afirmou que espera anunciar o vice até quinta-feira (28).
Ouça o jingle de Chalita
“Meu vice será decidido na quinta-feira. Será do PMDB ou de algum partido da coligação [formada por PSC, PTC e PSL]. Não acredito que o PC do B vá se juntar a nós. Estão mais pertos do PT”, disse.
Durante a convenção, o jingle da campanha de Chalita ecoava na praça da Sé. Sem mencionar o nome de Serra, a letra alfineta o tucano ao dizer que o candidato do PMDB “cumpre com o seu juramento”.
"Ele tem palavra e cumpre com seu juramento, é São Paulo em primeiro lugar, é São Paulo 100%", diz a letra.
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Em 2004, durante a campanha para a prefeitura, Serra chegou a assinar um termo se comprometendo a concluir os quatro anos de mandato. Em 2006, já eleito e com menos de um ano e meio como prefeito, porém, o tucano deixou o cargo para disputar o governo do Estado.
“Não vamos fazer de São Paulo o trampolim para outros cargos”, disse Chalita. "A cidade já perdeu tempo demais com políticos que têm ambições nacionais."
Ele também afirmou que “a convenção aqui na Sé é simbólica. Foi aqui que começou o fim da ditadura, com um ato ecumênico em protesto pela morte do jornalista Vladimir Herzog. E é aqui que buscamos construir nossa aliança com o povo.”
Sobre o tempo de TV --o peemedebista vai ter cerca de 4m40s em cada bloco de meia hora--, Chalita disse que “será o suficiente" para apresentar suas propostas.
O vice-presidente Michel Temer, que chegou à convenção ao lado do candidato, disse que não vai deixar uma disputa local "prejudicar a aliança federal entre o PT e o PMDB", referindo-se ao fato da legenda não apoiar Fernando Haddad no primeiro turno das eleições municipais.
Um policial militar estimou o público da convenção em cerca de 3.000 pessoas.
Críticas a Haddad
Durante a convenção, também foram feitos ataques ao candidato do PT, Fernando Haddad. “Chalita não tem dinheiro ou cargos para oferecer a outros partidos, mas tem propostas”, afirmou o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).
Na semana passada, o PP oficializou apoio à candidatura de Haddad após um afiliado de Paulo Maluf assumir um cargo no Ministério das Cidades.
“Não temos a máquina [do Estado] e, se tivéssemos, não a usaríamos”, disse Chalita. "Esse uso é indecente, incorreto e criminoso. A máquina pública deveria ser usada para cuidar das pessoas, e não para fins eleitoreiros."
Religião marca convenção
A convenção do PMDB --que começou com Chalita e o vice-presidente, Michel Temer, saindo da missa na Catedral da Sé-- foi marcada por um forte caráter religioso. Chalita é católico praticante, mas disse em entrevistas anteriores que não seria o candidato de uma religião específica.
"Vou ser o candidato da fé e do respeito", afirmou o peemedebista, que também citou o Apóstolo Pedro e o cardeal dom Paulo Evaristo Arns em seu discurso.
“Religião significa religação. E Chalita e o povo se religarão nestas eleições. O voto dos migrantres [hoje se comemora o dia do migrante] é seu por inspiração divina”, disse Temer.
“A nossa oração é São Paulo em primeiro lugar”, declarou Chalita. Em outro momento, agradeceu a Deus pelo bom tempo que fez em São Paulo. “Hoje começamos a campanha de um jeito abençoado, porque choveu a semana inteira e hoje Deus nos deu de presente este sol”, disse. Finalizou seu discurso com: “Deus abençoe a todos”.
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