17/08/2010 - 20h12

Leia a íntegra do quarto bloco do debate entre candidatos a governador de SP

BLOCO 4

[Fernando Rodrigues - Folha de S.Paulo - UOL]: E agora neste quarto bloco do primeiro debate Online promovido pela Folha e pelo UOL, é a vez de abrir espaço para os internautas e as regras neste bloco são as seguintes: no quarto bloco, os candidatos responderão cada um a duas perguntas de internautas. As questões foram selecionadas pela Folha e pelo UOL dando prioridade a grandes temas de relevância para o Estado de São Paulo. Cada candidato terá dois minutos para responder a cada uma das duas perguntas, e a ordem nesse quarto bloco decidida por sorteio é a seguinte: Celso Russomanno, Geraldo Alckmin e Aloizio Mercadante. Candidato Celso Russomanno, de acordo com o sorteio realizado entre os representantes de cada candidato, o senhor será o primeiro a responder, e a sua pergunta veio do internauta Elielson Zulato. E o senhor tem dois minutos para a resposta.

[Elielson Zulato - Internauta]: Eu gostaria de fazer uma pergunta para o Russomanno. Russomanno, estou há três meses na fila, na espera de uma tomografia no Posto de Saúde do Estado, o que você vai fazer para ajudar a gente?

[Fernando Rodrigues - Folha de S.Paulo - UOL]: Candidato, sua resposta.

[Celso Russomanno - Candidato PP]: A pergunta é ótima, ele está há três meses só, tem gente há dez, onze, doze meses, isso é um absurdo! Saúde se trata com prevenção, o que eu vou fazer é o seguinte: equipes multidisciplinares fazendo saúda da família, você vai dizer: “mas isso já existe.” Existe, mas não funciona porque o médico é mal pago. Nós estamos pagando para o médico ficar em três ou quatro lugares do Sistema Único de Saúde. Então o médico atua aí em uma cidade, na outra cidade, tudo pago pelo Sistema Único de Saúde, não é melhor pagar aí um lugar só para o médico ficar presente? Então, prioridade: consultas, exames e poucas internações. O que está acontecendo hoje em dia é o contrário. Poucas consultas, poucos exames e muita internação, então nós vamos mudar esse quadro. As pessoas com doença crônica e os idosos, serão tratados nas suas casas, com isso a gente descongestiona todo o sistema, fazendo com que internações e o hospital, sejam para as pessoas que precisam realmente. Pronto-Socorro para quem precisa. As pessoas que não conseguem hoje chegar ao médico acabam no pronto socorro, congestiona todo o sistema. É esse o processo, você trata a saúde de quem precisa, em casa, ou seja, de quem tem saúde crônica, dos idosos, e deixa o hospital, o pronto socorro para as pessoas que realmente precisam. Esta é uma forma. A segunda é pagar bem o profissional de saúde, todos os profissionais de saúde. Veja, um paciente, um paciente, que teve um AVC custa para o Estado em média 81 mil reais de tratamento entre UTI e internação, com 81 mil reais você paga três equipes multidisciplinares tratando em média 150 pacientes por dia, por mês, cada uma dessas equipes, totalizando 450 pacientes por mês; esses 450 pacientes serão tratados em casa, em vez de você passar a tratar um paciente apenas na internação.

[Fernando Rodrigues - Folha de S.Paulo - UOL]: Muito obrigado, agora é a vez do candidato Geraldo Alckmin responder em dois minutos a pergunta de internauta Henrique Zucatelli.

[Henrique Zucatelli – Internauta]: Meu nome é Henrique Zucatelli, eu gostaria de fazer uma pergunta senhor Geraldo Alckmin. Senhor Geraldo Alckmin, quais as políticas o senhor vai adotar para evitar que empresas de pequeno, médio e grande porte se mudem para outros Estados relacionados a incentivos fiscais como a Bahia, Ceará, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Goiás?

[Geraldo Alckmin - Candidato PSDB]: Olha Henrique, a questão é extremamente relevante. O caminho é o Brasil fazer a Reforma Tributária, porque a guerra fiscal entre os Estados, como o próprio nome já diz, né, “guerra”, ela não é boa, ela acaba sendo entre os Estados maiores, não desenvolvem os Estados menores do país, o consumidor não ganha nada, porque não tem redução de carga tributária, ganha o dono da empresa, e se faz renúncia fiscal para multinacionais milionárias e o pequeno empresário pagando imposto. Então, nós precisamos fazer Reforma Tributária. É o primeiro item. O segundo, São Paulo, nós reduzimos impostos, eu reduzi o ICMS do álcool de 25 para 12%, é o menor do país.

Quando alguém põe 100 reais de álcool ou 50 reais no carro, ele está economizando 13% do imposto, reduzi para zero o imposto para trigo, farinha de trigo, pão, macarrão, aliás, está aqui o presidente do Sindicato dos Padeiros, o Chiquinho dos padeiros, e ele sabe disso, para o biscoito sem recheio. Reduzi para a indústria têxtil, 18 para 12. O Serra reduziu para 7%. Para a indústria calçadista, reduzi de 18 para 12. Call Center para 12%, nós reduzimos quase todos os impostos em São Paulo.

Além disso, o crédito, foi criada a agência de fomento, a Nossa Caixa desenvolvimento, Henrique, que é exatamente para financiar a pequena e a média empresa, é o nosso BNDES paulista, vai ter 1 bilhão de capitalização, ela já está operando, capital de giro, ampliação de fábricas, empresas, também é importante. A simplificação da burocracia, não é, o SIL, que é o sistema integrado para poder nós termos as licenças de instalação. Enfim, desburocratizar, reduzir imposto, qualificar recursos humanos e investir na infraestrutura e logística.

[Fernando Rodrigues - Folha de S.Paulo - UOL]: Candidato Aloizio Mercadante, agora sua pergunta veio do internauta Fernando Campos, o senhor tem dois minutos.

[Fernando Campos – Internauta]: Meu nome é Fernando Campos, tenho 80 anos, já tenho uma vivência política desde os anos 40, eu gostaria de fazer uma pergunta ao Mercadante. Mercadante, pela televisão eu vi você ser totalmente contra a posição do Sarney no Senado, como presidente do Senado, mas isso foi uma forma paliativa de sua parte, porque depois que veio o apoio do Presidente Lula ao Sarney, você virou totalmente.

E outra coisa, e a personalidade? Você vai depender do Presidente Lula para você poder querer angariar votos? O que é isso? Não estamos mais nesse tempo, como posso confiar e votar no senhor?
[Aplausos]

[Aloizio Mercadante - Candidato PT]: Fernando, eu agradeço.

[Fernando Rodrigues - Folha de S.Paulo - UOL]: Silêncio. Por favor, candidato Aloizio, eu ia pedir, eu achei que a plateia é seleta, vai nos ajudar, teve um problema no outro bloco, eu pediria que se contivessem um pouco nas manifestações, obrigado.

[Aloizio Mercadante - Candidato PT]: Fernando, você tratou de um tema que eu tenho todo o interesse em discutir. Eu tenho mais de 30 anos de militância junto com o Presidente Lula para construir esse país que está aí, esse país que cresce, que é o segundo país que mais cresce no mundo, distribuindo renda, fazendo inclusão social, um governo que tem 75% de aprovação popular, que é seguramente o melhor governo que a história documentada do Brasil registrou.

Esse governo, nós enfrentamos muitas dificuldades, as maiores delas foram, exatamente, a oposição ao PSDB e ao DEM, lá no Senado Federal, que não ajudava a aprovar nenhum projeto, ao contrário, o PROUNI, Bolsa Família, o salário mínimo, todas essas iniciativas nós enfrentávamos com muita dificuldade, nós não tínhamos como governar o Brasil sem o apoio do PSDB. A bancada do PT só são 10 senadores e 81, sem aliança não se governa.

Eu nunca aceitei o que aconteceu no Senado, minha posição é pública e transparente, mas, realmente, quando eu falei: “eu vou sair da liderança do governo e da liderança do bloco de apoio ao governo pelo que aconteceu no Senado”, o presidente me chamou e falou: "Mercadante, se você sair, não vai resolver a crise do Senado”. E realmente não ia resolver. “Segundo, se você sair da liderança do governo, nós vamos ter muito mais dificuldades, que já são imensas, você ajudou nesses 7 anos e meio a construir esse país que nós estamos fazendo e eu peço a você que fique”.

Ele escreveu, inclusive, uma carta publicamente dizendo isso, que estava pedindo para mim, sabendo das minhas divergências em relação a posição do governo e o partido naquele episódio, e eu fiquei . E acho que fiz a decisão correta, porque eu tenho orgulho desse governo que nós fizemos, tenho orgulho do país que nós estamos construindo. A gente vê hoje uma parte da população que nunca teve direito a renda, ao emprego, ao entrar numa faculdade particular, o PROUNI são 726 mil vagas, o salário mínimo nunca cresceu como está crescendo, são 26 milhões de trabalhadores, nós geramos 13 milhões de novos empregos no país. Em nome desse país, desse governo, desses princípios, desses valores, dessa confiança que eu tenho no Presidente Lula, que eu fiquei na liderança e tenho orgulho de continuar servindo no meu bloco e no meu partido.
[Aplausos]

[Fernando Rodrigues - Folha de S.Paulo - UOL]: Por favor, eu queria pedir mais uma vez para a plateia que evitasse manifestações a favor ou contra, para que a gente possa seguir dentro do tempo do debate. Candidato Celso Russomanno, agora o senhor responde a uma pergunta do internauta Roberto Lima da Silva.

[Roberto Lima da Silva – Internauta]: Prazer, eu sou o Roberto Lima da Silva, sou motoqueiro, queria fazer uma pergunta para o Celso Russomanno. Celso Russomanno, tem umas vias em São Paulo que não está podendo transitar motoqueiro, às vezes, a gente fica meio perdido em São Paulo, não pode transitar nas marginais; na Vinte Três, daqui a pouco vai começar a interditar Paulista, Vergueiro. E o que você tem a dizer com isso aos motoqueiros?

[Celso Russomanno - Candidato PP]: Política errada. Por quê? Porque os veículos menores transportam as pessoas e ocupam menos espaço, os veículos maiores ocupam mais espaço. Então, para a gente resolver o problema, a gente precisa primeiro pensar no Rodoanel sem pedágio; e no governo do Celso Russomanno, nós vamos sentar com as empresas e vamos resolver esse problema do pedágio no Rodoanel, se a gente quer tirar os veículos de carga, os grandes veículos da capital para resolver o problema de trânsito em São Paulo, nós temos que começar a estudar o Rodoanel de outra forma, não cobrando pedágio. Até porque para o caminheiro, e eu conheço isso porque eu fui o autor da lei que fez o Dia Nacional dos Caminhoneiros, eles dizem para mim: “Celso Russomanno, se eu tiver que gastar 5 reais no Rodoanel, eu vou almoçar e vou passar por dentro de São Paulo sim, porque não tem outra saída para mim, porque a carga dos pedágios é muito alta, eu não consigo trabalhar com essa carga”.

Um caminhoneiro dizia, inclusive, para mim essa semana, que ele sai lá de são José dos Campos, vai ao Porto de Santos e volta, ele gasta por ano mais de pedágio do que ele gasta para pagar a prestação do seu caminhão. Então nós temos que tirar o pedágio do Rodoanel, e aí com isso nós vamos conseguir desafogar o trânsito de São Paulo e devolver às pessoas que circulam em São Paulo e trabalham em São Paulo, como você que é motociclista assim como eu, vamos poder rodar com as nossas motocicletas em todas as faixas. E, olha, não é uma questão do Governo do Estado, mas o governo pode contribuir com a Prefeitura e eu vou trabalhar em parceria com a Prefeitura e com o Governo Federal, para que nós tenhamos vias com faixas para motociclistas, está dando certo, funciona e é assim que a gente tem que fazer.
 

[Fernando Rodrigues - Folha de S.Paulo - UOL]: Obrigado, candidato. Agora o candidato Geraldo Alckmin, sua pergunta é do internauta Paulo Raboni.

[Paulo Raboni – Internauta]: Quero saber se o candidato teria coragem de matricular seus filhos e netos nas escolas públicas de São Paulo ou se ainda os incentivaria a serem professores das escolas estaduais paulistas ganhando 8 reais por aula.

[Geraldo Alckmin - Candidato PSDB]: Olha Paulo, eu estudei em escola pública, só estudei em escola pública, fiz ginásio em escola pública, colegial em escola pública, sou professor, dei aula muitos anos em cursinho, de química orgânica, sou professor universitário. Então, a educação para mim é absolutamente prioritária. O importante Paulo é quiser o seguinte: São Paulo é o estado que mais investe em educação, 30% da receita corrente líquida é na educação, a Constituição Brasileira fala em 25%.

Nós temos a maior rede de educação básica, da primeira à quarta série, elas foram sendo municipalizadas, é uma escola mais perto da comunidade, municipalizada, é bom, é positivo. Então a municipalização que muita gente combateu, hoje é um sucesso absoluto. A tendência da primeira a quinta série agora é ficar com os municípios, nós vamos ficar com a sexta, até a nona série, o sistema de ciclos, que hoje são dois ciclos. Primeira a quarta e quinta a oitava.

Como nós vamos ter o ensino fundamental de 9 anos, nós vamos fazer três ciclos e esses três ciclos, serão ciclos de 3 anos, vamos aumentar o reforço escolar, inclusive, reforço escolar nas férias para os alunos; instalei 500 escolas de tempo integral no Estado de São Paulo; fiz o Escola da Família, mais de 60 mil jovens fizeram a Faculdade de graça, sem pagar nada, nada, sendo nosso educador universitário; expandimos muito as ETEC's e as FATEC's, que garantem emprego, a escola que vira emprego; vou criar o Via Rápida para o emprego, cursos rápidos para garantir ao jovem acesso ao mercado de trabalho; tivemos o ensino médio junto com o técnico, para o nosso jovem poder ganhar tempo, ele faz o segundo ano do ensino médio junto com o ensino técnico, sai com os dois diplomas; e levei a universidade para as regiões mais pobres, levei a Unesp para o Vale do Ribeira, para o Pontal do Paranapanema, para a Alta Paulista, para a região Sudoeste do Estado, e vamos investir muito na educação e nos professores de São Paulo.

[Fernando Rodrigues - Folha de S.Paulo - UOL]: Obrigado, candidato. Agora o candidato Aloizio Mercadante vai responder a uma pergunta, desta vez da internauta Valéria Barreto.

[Valéria Barreto – Internauta]: Meu nome é Valéria Barreto, eu sou corretora de imóveis e a minha pergunta vai para o Mercadante. Eu queria saber do senhor qual é a sua intenção, o que o PT, realmente, pretende isso, acabar com os nossos pedágios e a gente ter estrada como a gente sempre teve durante toda uma vida ou ter uma estrada no mínimo com decência e segurança?

[Aloizio Mercadante - Candidato PT]: Valéria, o pedágio é um instrumento que pode e deve ser usado para manter a qualidade e o investimento nas estradas.As estradas de São Paulo já eram muito, já eram as melhores do Brasil muito antes do PSDB governar o estado.
A Dutra, a Anhanguera, a Anchieta, Bandeirantes, elas foram construídas antes. O pedágio ajuda. Só que eles embutiram um imposto disfarçado, 23 bilhões de reais que foram arrecadados tirando da estrada para financiar outros programas. O argumento deles são as estradas vicinais, só que 70% das estradas vicinais, o asfalto não dura um ano, e eles construíram um pedágio a cada 40 dias. Nós temos um dos pedágios mais caros do mundo.

Eu vou baixar os preços dos pedágios, o Governo Federal já mostrou que é possível fazer a licitação pela menor tarifa do pedágio e não ter esse abuso que nós temos no estado. Então, nós vamos reduzir a tarifa do pedágio, acabar com essa margem de lucro absurda, que supera mais de 20%, como é o caso de alguns contratos antigos, 27%, enquanto os pedágios federais estão em torno de 8%, e vamos reduzir as tarifas, se necessário, inclusive, prorrogar o contrato para poder reduzir a tarifa, e a médio prazo cada um vai pagar só pelo quilômetro, efetivamente, rodado.

Mas eu queria também responder ao outro, ao Fernando, que fez a pergunta anterior, o Henrique, dizer o seguinte: eu estudei em colégio estadual, estudei no mesmo colégio do Mário Covas, ele entrou na USP e eu entrei na USP, hoje os alunos do ensino médio, padrão do estado de São Paulo, não têm mais essa oportunidade, por isso eles privatizaram a qualidade do ensino, só tem qualidade quando a gente pode pagar, e nós precisamos mudar isso no Estado de São Paulo, pagar um salário direito para os professores, ter carreira, investir na educação de qualidade, mudar essa política de aprovação automática, tem que ter avaliação para as crianças poderem crescer e estarem preparadas para a vida. Eu quero construir um estado que a gente possa sim, botar os filhos na escola pública porque hoje, infelizmente, não é possível.

[Fernando Rodrigues - Folha de S.Paulo - UOL]: Muito obrigado, candidato Aloizio Mercadante e agora mais um intervalo de cinco minutos.

Sites relacionados

Siga UOL Eleições

Hospedagem: UOL Host