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29/09/2006 - 00h25

Ausente, Lula é alvo de críticas em debate

Da Redação
Em São Paulo
O presidente e candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mesmo ausente, foi o personagem mais citado e criticado no debate da Rede Globo na noite desta quinta-feira, a três dias do primeiro turno da eleições. O encontro pouco serviu para que propostas dos candidatos fossem discutidas.

CADEIRA VAZIA
Jorge Araújo/ Folha Imagem
Geraldo Alckmin (PSDB), Heloísa Helena (PSOL) olham para o lugar vazio reservado ao presidente Lula, enquanto o pedetista Cristovam Buarque observa. Tudo no início do debate da Rede Globo, na noite de quinta-feira.
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Os ex-aliados Heloísa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT) foram os mais duros. "Ele [Lula] tinha a obrigação de descer de seu trono de corrupção, arrogância e covardia política. Tinha de estar aqui, mas não veio porque não tem autoridade moral para me enfrentar", disparou Heloisa Helena, 8% de intenção de votos no último Datafolha. "O senhor é um candidato sob forte suspeita do uso de recurso públicos e de outros recursos que ninguém sabe de onde vieram no processo eleitoral em um caso muito grave. Se depois se comprovarem as suspeitas, o senhor renunciará ao cargo? Diante disso, estamos votando no senhor ou no vice-presidente, José Alencar?", perguntou Cristovam (2% na mesma pesquisa).

O segundo colocado no Datafolha, com 33%, o tucano Geraldo Alckmin adotou uma postura mais suave, deixando aos colegas as frases mais duras. Adotou como estratégia fazer críticas às políticas do atual governo, contrapondo promessas de melhorias no país. "Por que o candidato Lula não veio ao debate? Será que ele não veio ao debate por que não consegue explicar os graves problemas da saúde brasileira? Eu viajei o país inteiro, do Oiapoque ao Chuí e vi o caos verdadeiro, mal atendimento, qualidade ruim do SUS. Aliás ninguém sabe, nem o Lula nem o ministro da Saúde, que acabaram os mutirões que o ministro Serra havia feito... Será que ele não veio por causa da educação?"

Foi na sua fala final que Alckmin atacou mais duramente o presidente-candidato. "O Lula, com sua ausência neste debate, mandou um recado aos brasileiros e brasileiras: ' Não estou interessado na sua opinião. Não preciso prestar contas para ninguém.' No domingo, mandem um recado para ele: vamos trocar de presidente".

DISCURSO SOLO
Fernando
Lula fez comício em São Bernardo do Campo. Em seu último discurso de campanha, fez críticas ao que chamou de "pequena elite preconceituosa", que, segundo ele, gostaria de trocar de povo. Lula discursou por cerca de 20 minutos e evitou falar de escândalos como a susposta compra do dossiê contra candidatos tucanos
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Suspense

Lula, que fez suspense durante todo o dia sobre sua ida ao debate, argumentou, em nota à Rede Globo, que sua decisão de faltar ao evento devia-se à tentativa de evitar uma "arena de grosserias e agressões, em um jogo de cartas marcadas". "Não posso render-me à ação premeditada e articulada de alguns adversários que pretendiam transformar o debate desta noite em uma arena de grosserias e agressões, em um jogo de cartas marcadas", afirmou o presidente em nota oficial, ao justificar sua decisão de não ir ao debate.

Rusgas
Na ausência do líder nas pesquisas, as rusgas do debate ocorreram entre Alckmin e Heloísa Helena. No terceiro bloco, quando falavam sobre o tema energia, trocaram farpas.

"O Alckmin sempre vem com essa história de atribuir todos os problemas apenas a este governo. E ele sabe que houve 12 anos de desestruturação da infra-estrutura do Brasil. Há uma desordem legal, desde os processos de privatização no governo do seu partido", disse Heloís Helena.

Então, Alckmin espetou a candidata do PSOL. "A senadora Heloísa Helena não tem todas as informações. As grandes empresas geradoras de energia no Brasil são todas estatais".