Conheça as propostas dos candidatos à Prefeitura do Rio para sete temas

Hanrrikson de Andrade e Guilherme Azevedo

Do UOL, no Rio e em São Paulo

  • Arte UOL

Temas como saúde, educação e transporte são recorrentes nas eleições municipais, assim como as famigeradas promessas dos que pleiteiam a chance de gerir um município. Para auxiliar os eleitores cariocas, o UOL fez uma análise dos programas de governo e dos discursos dos sete candidatos a prefeito do Rio mais bem colocados nas pesquisas do Ibope e do Datafolha: Marcelo Crivella (PRB), Pedro Paulo Carvalho (PMDB), Marcelo Freixo (PSOL), Jandira Feghali (PCdoB), Indio da Costa (PSD), Flávio Bolsonaro (PSC) e Carlos Roberto Osorio (PSDB).

No Rio, mais da metade do público que votou na plataforma do "Avalie sua cidade", do UOL, escolheu a segurança pública como principal problema da capital fluminense (56,73%). A prática de corrupção, com 14,5%, aparece na segunda posição. Os três assuntos citados na abertura desta reportagem surgem na sequência: saúde (7,48%), transporte e trânsito (6,1%) e educação (3,86%). Emprego e saneamento, ambos com 2,24%, completam a lista. O "Avalie sua cidade" é uma enquete sem valor científico.

Confira abaixo as propostas dos candidatos para cada um dos temas:

SEGURANÇA PÚBLICA

Domingos Peixoto/Agência O Globo
Jovens são detidos após arrastão em Copacabana, na zona sul carioca

Marcelo Crivella (PRB)

Crivella sugere uma mudança de foco na Guarda Municipal. Segundo ele, a corporação hoje dedicada à "zeladoria de prédios municipais, aplicação de multas e combate ao comércio ambulante" passaria a atuar em "operações de policiamento comunitário e vigilância ostensiva da cidade". A ideia do candidato é colocar pelo menos 80% do efetivo da Guarda em ações de segurança pública até o fim de 2018. Além disso, Crivella quer ampliar em pelo menos 20% o número de câmeras de vigilância (até 2020) e articular uma PPP (parceria público-privada) para ampliar e modernizar a estrutura de iluminação pública da cidade (com um escala de investimentos até 2019).

 

Pedro Paulo Carvalho (PMDB)

Pedro Paulo também diz querer dar nova orientação ao trabalho da Guarda Municipal. Durante a campanha, o peemedebista defendeu que os profissionais da corporação passem a utilizar armas letais e atuem no patrulhamento das ruas. De acordo com o programa de governo, os guardas vão integrar o programa "Centro Presente" (em parceria com as polícias Militar e Civil e com a iniciativa privada) em ações de vigilância preventiva em 15 áreas da cidade, tais como Madureira, Tijuca e Irajá, na zona norte, Botafogo, na zona sul, e Bangu, na zona oeste. O efetivo seria ampliado de 7.500 para 10 mil. O pleiteante sugere ainda colocar lâmpadas de LED em 60% da rede de iluminação pública e construir novos parques nas zonas norte e oeste.

Marcelo Freixo (PSOL)

Freixo afirma defender o incentivo a ocupação dos espaços públicos com atividades culturais, esportivas e de lazer, pois, de acordo com o seu programa de governo, "ruas ocupadas são mais seguras". O candidato pretende ainda realizar reformas nas calçadas, ruas, praças e parques para garantir melhorias na rede de iluminação pública, assim como ampliar a circulação dos ônibus à noite e no período da madrugada, especialmente nas áreas de lazer. Freixo também quer "valorizar a Guarda Municipal" com um novo plano de cargos e salários e criar "centros de mediação voltados para a resolução de conflitos urbanos em todas as regiões administrativas da cidade".

Jandira Feghali (PCdoB)

O plano de governo de Jandira indica que ações de segurança no município teriam base em um programa chamado "Estratégia Municipal de Prevenção da Violência", com slogan "Paz para todos (as)". O conjunto de diretrizes sugerido pela candidata contém propostas gerais como "ordem pública e administração pacífica, sem armas, de ilegalidades no comércio urbano". Defende ainda uma "política preventiva de delitos de rua e violência contra a pessoa" --por meio de "diagnósticos situacionais e preventivos"-- e a implementação de "políticas sociais para a juventude em situação de risco e vulnerabilidade social". Por fim, compromete-se a aderir ao Plano Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, do governo federal, de 2010.

Indio da Costa (PSD)

A principal proposta de Indio em relação ao tema consiste na criação da Secretaria Municipal de Segurança Pública, que funcionara de forma articulada com o Estado (PM, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e outros órgãos). A pasta teria como missão: fazer o "planejamento, implantação, monitoramento e avaliação de políticas de segurança para prevenir o crime e reduzir a violência na cidade". O candidato diz ainda que a Guarda Municipal passaria a ser administrada por um servidor de carreira, e a corporação atuaria desmilitarizada, com "cultura própria" e "próxima do carioca".

O pleiteante do PSD sugere a instalação de uma "Agência de Informação e Inteligência" --para coleta e análise de dados, em parceria com a Secretaria de Estado de Segurança-- e a criação da Corregedoria da Guarda Municipal.

Flávio Bolsonaro (PSC)

Bolsonaro também pretende criar a Secretaria Municipal de Segurança, que, na verdade, seria uma mudança de nome e de estrutura de trabalho da atual Seop (Secretaria Especial de Ordem Pública). Segundo ele, a Guarda Municipal deixaria de ser um "instrumento de arrecadação de multas" para atuar na "defesa do patrimônio público e integridade dos cariocas". Com isso, a academia de formação dos guardas seria transformada em uma "Escola de Governo", e os profissionais treinados e capacitados para o "devido uso de armamento não letal e de arma de fogo".

Bolsonaro quer ainda ampliar o efetivo da corporação e criar um sistema de integração das câmeras existentes nas ruas da cidade, que passariam a utilizar tecnologia de reconhecimento facial a fim de colaborar com as ações de segurança pública.

Carlos Roberto Osorio (PSDB)

Osorio afirma em seu programa de governo que pretende "fortalecer a segurança pública" por meio de "políticas prevenção, utilização de tecnologia e valorização e ampliação da atuação da Guarda Municipal". Além de delegar novas competências à corporação, o tucano se compromete a atualizar o plano de carreira, cargos e salários dos guardas e investir em treinamento e capacitação. Assim como alguns de seus concorrentes, a ideia seria colocar o comando da GM nas mãos de um servidor de carreira. Além disso, conceber o destacamento de operações especiais, uma espécie de "tropa de elite" da Guarda, com formação específica e uso de armamento letal.

O candidato defende, por fim, a integração um sistema eletrônico de vigilância e do banco de dados da prefeitura com a Polícia Militar.

CORRUPÇÃO

Bruno Poppe/Frame/Ag. O Globo
Manifestantes fazem passeata e exibem faixas contra a corrupção, no centro do Rio

Marcelo Crivella (PRB)

O programa de governo de Crivella menciona a palavra "corrupção" apenas uma vez. Ao elencar os "princípios que vão nortear o seu governo", o candidato afirma: "Combater de forma contundente qualquer prática de corrupção na prefeitura". Posteriormente, o representante do PRB diz que pretende "assegurar uma gestão técnica e profissional de toda a máquina pública", livrando-a a de "interesses partidários". Compromete-se, ainda, a fazer uma gestão "transparente e responsável com o uso dos recursos públicos e com as finanças do município". O planejamento, no entanto, não indica ações concretas para atingir tais objetivos.

Pedro Paulo Carvalho (PMDB)

O programa de Pedro Paulo também só faz uma citação a palavra "corrupção". Em um tópico chamado "Rio sem desvios", o candidato afirma que a "escassez de controles automatizados" abrem "possibilidade de desvios e problemas críticos de qualidade, incluindo riscos de corrupção". Em seguida, ele elenca propostas técnicas para "avaliar estrutura, processos, controles e sistemas existentes, buscando fragilidades". Uma delas consiste no trabalho integrado de técnicos da prefeitura e da Controladoria-Geral do Município a fim de definir processos de "compliance" (cumprimento de normas e regras em um ambiente corporativo ou institucional).

O peemedebista se compromete ainda a melhorar a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) do município e publicar na internet relatórios quadrimestrais de análise fiscal da prefeitura --até 60 dias após o fechamento de cada data-base.

Marcelo Freixo (PSOL)

Freixo não menciona a palavra "corrupção" nas 68 páginas de seu programa de governo. O candidato, por outro lado, diz querer um governo que "priorize a transparência pública e a participação popular". Para tal, compromete-se a criar um "Gabinete Virtual", que seria uma plataforma estratégica no sentido de disponibilizar "informações técnicas, administrativas e orçamentárias da prefeitura", além de dar maior publicidade a editais, contratos, leilões e outras formas de contratação, com transmissão ao vivo, via internet, dos ritos de abertura de envelopes e homologação de contratos".

O pleiteante do PSOL também defende a criação de uma ouvidoria pública digital e a revisão de contratos firmados nas áreas de saúde e transporte.

Jandira Feghali (PCdoB)

A principal proposta de Jandira nesse tema é a criação do "Departamento de Combate à Corrupção", órgão que seria controlado pelo município e teria como missão aumentar a transparência da administração pública. A candidata sugere a criação do "Gabinete Digital", que atuaria para gerar um "ambiente de interlocução e diálogo social" por meio da internet e das redes sociais. Ela também diz querer transformar o Rio em uma referência nacional no cumprimento da LAI (Lei de Acesso à Informação), "potencializando o papel da ouvidoria do município e desenvolvendo plataformas --em colaboração com a sociedade-- que permitam o aumento dos níveis de transparência e acesso a dados públicos".

Indio da Costa (PSD)

Indio sugere desenvolver um sistema de custos dos serviços públicos prestados, a fim de aumentar o controle e a eficiência da gestão, e criar um "portal de transparência integral", com divulgação na internet de todas as informações de interesse público. O candidato defende ainda "profissionalizar" a escolha dos ocupantes de cargos de confiança, para isso, investir na adoção de requisitos técnicos e definição de um percentual mínimo de cargos ocupados por servidores concursados.

Flávio Bolsonaro (PSC)

Bolsonaro afirma que sua gestão iria "auditar os cem maiores contratos celebrados pela prefeitura nos últimos anos", assim como verificar todos os acordos firmados por conta dos Jogos Olímpicos de 2016. Ele sugere ainda adoção de mecanismos anticorrupção em áreas específicas, como saúde e transporte público. O candidato propõe a criação de uma "Central de Insumos" para "controlar e fiscalizar os estoques de insumos, remédios e materiais hospitalares, combatendo e acabando com o desperdício e a corrupção". Além disso, de forma genérica, compromete-se a enfrentar "máfia dos ônibus" e "combater o alto preço da tarifa".

Carlos Roberto Osorio (PSDB)

De forma genérica, Osorio diz que seu governo iria "fortalecer e modernizar os órgãos de planejamento e controle interno da prefeitura", referindo-se em especial à CGM (Controladoria-Geral do Município). Além disso, em seu programa de gestão, assume três compromissos relacionados à transparência: "aumentar a transparência e publicidade das contas públicas"; "aprimorar o monitoramento e a avaliação dos resultados de programas da prefeitura"; e "realizar parcerias com a sociedade para a definição de metas e acompanhamento independente dos resultados alcançados".

SAÚDE

Antonio Scorza/ Agência O Globo
Homem fantasiado de "Batman" protesta contra o caos generalizado no sistema de saúde pública do Rio

Marcelo Crivella (PRB)

Crivella propõe a criação de um programa chamado "Clínica de Especialistas", que seria direcionado ao atendimento de "especialidades médicas" --otorrinolaringologia, oftalmologia, dermatologia, ortopedia, entre outras. Segundo o candidato, seriam construídas 20 unidades até o fim do mandato (2020). O pleiteante do PRB também defende a municipalização de 16 UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) administradas pelo Estado e a realização de um mutirão de cirurgias, já em 2017, para "zerar as filas" onde pacientes correm risco de morte. A ideia seria aumentar em até 20% o número de leitos nos hospitais municipais até 2018.

Pedro Paulo Carvalho (PMDB)

A principal proposta de Pedro Paulo para a saúde pública é a construção de 40 Clínicas da Família, direcionadas ao atendimento básico e preventivo, e de 15 "Superclínicas", modelo que concentraria serviços especializados --oftalmologia, cardiologia, ortopedia, ginecologia, entre outros. O candidato diz ainda querer construir um hospital somente para atendimento de crianças na zona oeste da cidade, além de cinco novas emergências nos bairros de Realengo, Campo Grande e Barra (zona oeste), e Méier e Acari (zona norte). De acordo com o seu programa de governo, ele se compromete a contratar 600 médicos e criar uma "escola médica" também na região oeste da capital fluminense.

Marcelo Freixo (PSOL)

Freixo defende uma reforma no sistema municipal de saúde, o que daria fim ao modelo das OS (Organizações Sociais). Atualmente, UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), postos e outras unidades estão sob gestão de entidades de caráter social, com repasses de verbas do município. O candidato afirma que a rede de atendimento deve ser retomada pela prefeitura em sua totalidade em processo de transição que evite a "desorganização do serviço e sem prejuízo para a população". Freixo sugere ainda a realização de concursos públicos, a criação de plano de carreira para os servidores e a ampliação do acesso a medicamentos do SUS (Sistema Único de Saúde).

Jandira Feghali (PCdoB)

A candidata do PCdoB propõe o apoio do município a iniciativas para superar o "subfinanciamento" e captar novas fontes de recursos para o SUS, como, por exemplo, gastos constitucionais obrigatórios na área de saúde, além da taxação de "grandes fortunas". Jandira também defende o fim do "modelo de terceirização" das Organizações Sociais e sugere a retomada do PAISM (Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher). Além disso, compromete-se a ampliar o acesso regular a exames preventivos de câncer de cama e câncer cérvico-uterino e adotar um programa municipal de combate à DST (doenças sexualmente transmissíveis). Ela também quer fortalecer a atenção básica, implementando o terceiro turno no processo de atendimento.

Indio da Costa (PSD)

Indio propõe a implantação de um sistema de TI (tecnologia da informação) que possa monitorar o cotidiano nas unidades da rede municipal "pela ótica do paciente e de seus familiares", permitindo o acompanhamento total do atendimento. O candidato também sugere mudanças no processo de regulação de leitos, função que seria profissionalizada, e a ampliação da oferta de residências médicas. O pleiteante do PSD diz ainda que sua gestão iria dar mais transparência sobre o funcionamento dos hospitais e unidades de saúde, "incluindo a grade de horários e nomes dos profissionais que serão disponibilizados na internet e na recepção de cada unidade".

Flávio Bolsonaro (PSC)

Bolsonaro defende a convergência dos hospitais universitários existentes no Rio (abrangidos pelo Estado e pela União) e da rede pública do município e uma integração dos sistemas de regulação de leitos de alta complexidade entre as esferas de governo. Além disso, em seu programa de governo, compromete-se a firmar PPPs (parcerias público-privadas) para fortalecer o atendimento a demandas de especialidades médicas, assim como aprimorar o programa Saúde da Família. O pleiteante do PSC diz ainda que iria fazer do Rio uma referência nacional em residência médica.

Carlos Roberto Osorio (PSDB)

Osorio diz que sua gestão iria devolver para a área da saúde R$ 750 milhões que "foram retirados do orçamento nos últimos três anos". Além do reforço de caixa, o tucano se compromete a revisar, já na primeira semana de 2017, os contratos firmados pelo governo municipal com as Organizações Sociais (OS) a fim de "garantir a correta aplicação dos recursos públicos e perfeito funcionamento das Clínicas da Família e UPAs". Osorio propõe a criação de um programa chamado "Clínicas de Especialistas', por meio do qual pretende construir unidades de atendimento especializado, "que vão garantir consultados, exames e internações". "Vamos informatizar toda gestão e garantir informação em tempo real ao cidadão."

TRANSPORTE E TRÂNSITO

José Lucena/Estadão Conteúdo
Racionalização das linhas de ônibus do Rio é um dos assuntos que provocam divergência

Marcelo Crivella (PRB)

Crivella diz ser necessária uma interrupção imediata da processo de racionalização das linhas de ônibus na cidade, o que pretende fazer, caso seja eleito. Além disso, diz que iria concluir as obras do BRT e estudar a possibilidade de levar o sistema até o centro da Ilha do Governador, na zona norte, até 2020, e exigir das concessionárias responsáveis pela operação um aumento de 20% da frota até o fim de 2018. O objetivo seria "reduzir a superlotação e o desconforto dos passageiros". Crivella também quer ampliar para três horas o prazo de utilização do Bilhete Único Carioca (hoje esse prazo é 2h30), determinar recolhimento de ISS (Imposto sobre serviços) para o aplicativo Uber e reduzir o número de radares na cidade.

Pedro Paulo Carvalho (PMDB)

A principal proposta de Pedro Paulo para o tema é a expansão dos corredores BRT. Ele diz que sua gestão, se eleito, construirá 58 km de corredores expressos para a circulação de veículos do sistema, incluindo a rota Transuburbana, que liga o bairro de Sulacap, na zona oeste carioca, ao centro. Além disso, compromete-se a levar a Transbrasil até Deodoro, finalizando as obras já iniciadas, e posteriormente expandindo-a até Santa Cruz, na oeste. Para dar fluidez ao trânsito, Pedro Paulo afirma que vai investir na construção de 67 km de corredores BRS (faixas azuis que dividem o tráfego e criam faixas exclusivas para ônibus e táxis com passageiros) até 2020. Em relação ao aplicativo Uber, o candidato diz que pretende proibir o serviço.

Marcelo Freixo (PSOL)

Freixo diz que, se eleito, vai criar a Empresa Pública de Transportes para "realizar o planejamento, gestão e fiscalização do sistema de transportes". O órgão ficaria responsável por auditar os contratos de concessão dos ônibus e por reorganizar "de forma participativa" as linhas de coletivos que circulam pela cidade, a fim de rever a política de racionalização aplicada pela atual gestão. Freixo quer ainda reduzir progressivamente o preço das passagens e garantir linhas de tarifa zero em regiões mais pobres, assim como acabar com o serviço duplo prestado pelos motoristas de ônibus (que conduzem e, ao mesmo tempo, cobram os passageiros). Em relação ao Uber, o candidato diz ser favorável à regulamentação do serviço.

Jandira Feghali (PCdoB)

Jandira propõe instituir o "passe livre social" no município, que funcionaria da seguinte forma: tarifa zero para desempregados, trabalhadores informais, estudantes dos três níveis de ensino público, estudantes cotistas, pessoas cadastradas no Bolsa Família e para outros grupos de beneficiários. Segundo o programa de governo da candidata, essa política atenderia cerca de 800 mil pessoas. Jandira se compromete ainda a reformular os itinerários de ônibus de forma a "respeitar a vontade dos usuários e garantir pleno conhecimento das mudanças necessárias". Ela defende a implementação de uma rede especial de transporte noturno e nos fins de semana. Em relação ao Uber, a comunista diz ser necessário regular, criar um cadastro e fiscalizar o serviço.

Saúde, educação, segurança... É tudo culpa do prefeito?

Indio da Costa (PSD)

Indio propõe uma readequação dos corredores expressos e uma ampliação da oferta de bicicletários nos principais pontos do sistema de mobilidade urbana. Segundo ele, é necessário melhorar a integração intermodal "dimensionando e ajustando o sistema com conexões inteligentes e efetivas de modo a reduzir o tempo de deslocamento". O pleiteante do PSD quer ainda instalar painéis informativos nos pontos de embarques e áreas centrais a fim de dar publicidade ao tempo de deslocamento entre regiões da cidade, possibilitando a redistribuição de viagens e deslocamentos da população. Dessa forma, sustenta o seu programa de governo, é possível "reduzir os congestionamentos e a fluidez em geral". Em relação ao Uber, Indio diz ser a favor.

Flávio Bolsonaro (PSC)

Bolsonaro sugere uma "integração plena dos modais da cidade" e o respeito a "liberdade de escolha do usuário". Para isso, caso seja eleito, sua gestão fará o monitoramento em tempo real dos meios de transporte e uma racionalização dos sistemas de BRT, BRS e ônibus urbanos, com rotas e linhas planejadas e novos eixos de deslocamento. O candidato quer legalizar e reordenar o transporte alternativo na cidade (como vans e kombis), de forma a integrá-lo à rede pública, além de estimular outras formas de locomoção, como mototáxis, sistema hidroviário e bicicletas. Em relação ao Uber, o pleiteante do PSC diz ser a favor.

Carlos Roberto Osorio (PSDB)

Osorio afirma em seu programa de governo que, se eleito, vai realizar uma integração plena entre os meios de transporte da cidade --"física, tarifária e operacional". O candidato quer parcerias com a iniciativa privada e com o Executivo estadual para viabilizar a expansão do metrô. Além disso, compromete-se a concluir as obras do BRT Transbrasil, expandindo-a até Santa Cruz, como prevê o projeto original, e implantar a ligação Campo Grande-Barra da Tijuca (na zona oeste carioca), no trecho da Transoeste. Osorio diz ainda que sua gestão suspenderia a racionalização das linhas de ônibus e, antes de promover mudanças nesse sistema, consultaria os usuários. Para acabar com a indústria das multas, argumenta em seu programa de governo, a ideia é investir em tecnologia.

EDUCAÇÃO

Estefan Radovicz/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Na área da educação, praticamente todos os candidatos a prefeito no Rio pretendem instituir o ensino em tempo integral

Marcelo Crivella (PRB)

Entre as principais propostas para a educação de Crivella, está a de criar 20 mil novas vagas em creches e 40 mil novas vagas em pré-escolas até 2020. Isso se daria por meio de uma parceria público-privada: o parceiro privado responde pela construção e manutenção administrativa das novas unidades de ensino infantil, e a prefeitura, pela parte pedagógica e pela merenda escolar. Outro foco será o professor. Crivella diz que lançará, no primeiro ano de governo e em parceria com universidades e organizações do terceiro setor, um programa de qualificação e avaliação de todos os professores municipais --com foco na progressão da formação e cursos de pós-graduação.

Pedro Paulo Carvalho (PMDB)

O candidato do PMDB tem como uma de suas bandeiras principais universalizar a educação em tempo integral no município. Para isso, segundo ele, serão construídas mais 314 Escolas do Amanhã. Pedro Paulo promete também a contratação de 12 mil novos professores e garante que terão formação continuada assegurada, no âmbito da Escola de Formação do Professor Carioca. Haverá ainda 30 mil novas de creche e pré-escola nos Espaços de Desenvolvimento Infantil, segundo o plano de governo do peemedebista.

Marcelo Freixo (PSOL)

O candidato do PSOL diz que vai apostar no que chama de gestão democrática da rede de ensino. Significa garantir o processo de eleição direta de diretores das escolas e creches públicas, assim como fortalecer mecanismos de participação direta das comunidades escolares na definição dos objetivos, no diagnóstico dos problemas e na produção de demandas ao poder público. Freixo defende também a autonomia pedagógica, de modo a valorizar e estimular a capacidade criativa dos profissionais da rede. O candidato do PSOL também tem como meta investir na valorização salarial dos servidores através dos planos de carreira, com progressões significativas por formação acadêmica e tempo de serviço.

Jandira Feghali (PCdoB)

A candidata do PCdoB tem entre suas principais propostas adotar educação em tempo integral nas escolas. Isso se daria, conforme o programa dela, de forma gradativa. Jandira promete também eleições diretas nas escolas por chapa de diretores e vice-diretores, interligada ao projeto político, pedagógico, administrativo e cultural da escola. Participariam do pleito todos os segmentos da comunidade escolar. Ela diz também que vai democratizar a participação no Conselho Municipal de Educação, tornando-o um instrumento permanente de diálogo na definição de políticas para a educação.

Indio da Costa (PSD)

A educação proposta pelo candidato do PSD promete contribuir para a formação de seres humanos com acesso às novas tecnologias, com habilidades de relacionamento interpessoal e autonomia para a vida em sociedade. Um dos focos principais da gestão proposta por Indio da Costa é ampliar a política de ensino por tempo integral e buscar a universalização da educação infantil (0 a 5 anos) com foco no estímulo cognitivo desde a primeira infância (0 a 3 anos). O programa do candidato do PSD se sustenta em cinco grandes áreas, que incluem a remuneração adequada do professor e do servidor da educação.

Flávio Bolsonaro (PSC)

O candidato do PSC é defensor da proposta de 100% da rede oferecer ensino em tempo integral, com atividades culturais, esportivas e científicas no turno da tarde. Bolsonaro diz que reformará pedagogicamente as creches municipais, em parceria público-privada, para aplicar modernas medidas de desenvolvimento intelectual de crianças entre 0 e 6 anos de idade, além de aumentar o período de funcionamento das creches, das 7h às 19h. O candidato também promete investimento constante em qualificação para os professores. E diz que promoverá ainda o retorno das disciplinas "educação moral e cívica" e "organização social e política brasileira", que foram incluídas no currículo escolar em 1969, durante a ditadura militar.

Carlos Roberto Osorio (PSDB)

O candidato tucano diz que trabalhará pela expansão do ensino integral e pela melhoria da atratividade do conteúdo escolar. Do lado do professor, o objetivo é oferecer formação continuada de excelência, plano de carreira motivador e bom ambiente de trabalho. Do lado das escolas, Osorio quer maior autonomia delas com base em resultados e também estabelecer mais critérios para acompanhar o desempenho de cada unidade. Outra proposta é garantir creche e pré-escola de qualidade para todos. Um dos meios para chegar a isso é formar e equipar empreendedores para novas creches conveniadas.

EMPREGO

Leticia Moreira/Folhapress

Marcelo Crivella (PRB)

O candidato coloca a qualificação para o emprego entre os objetivos centrais de sua gestão. Ele fala especificamente de criar o programa Oficina para o Emprego, que seria uma parceria da prefeitura com o sistema S (Senai, Senac, Sesc) e intercâmbios internacionais com foco na capacitação e profissionalização. Segundo o plano de governo de Crivella, a medida visa preparar jovens de baixa renda para as novas exigências do mercado de trabalho (principalmente turismo, saúde, entretenimento e produção cultural, tecnologia da informação, logística e serviços para a indústria de petróleo e gás). O candidato promete a criação de 20 Oficinais para o Emprego até 2019, totalizando 40 mil vagas com direito a bolsa e estágio de 6 meses.

Pedro Paulo Carvalho (PMDB)

A proposta geral do candidato peemedebista para a promoção do emprego no Rio se constitui de ações para gerar vagas e capacitar gente, sobretudo mais jovem. Segundo o plano de governo de Pedro Paulo, serão criados 112 mil empregos diretos com a execução de 25 projetos de infraestrutura da própria prefeitura. Em termos de capacitação, Pedro Paulo projeta formar 50 mil pessoas até 2020, através de programas promovidos pela prefeitura e órgãos municipais, com pelo menos metade deles sendo nos setores de tecnologia, economia criativa e turismo. Outra proposta é o apoio ao estudo, formação profissional e emprego para 100 mil jovens de 15 a 19 anos.

Marcelo Freixo (PSOL)

Entre seus projetos para o trabalho e o emprego, o candidato do PSOL pretende criar a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social, fundindo a Secretaria de Trabalho e Emprego e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário. O objetivo é executar uma política integrada de desenvolvimento econômico e social no nível municipal. Outra proposta visa ampliar a participação popular nas decisões relativas a trabalho e emprego, através do lançamento do Conselho Municipal de Trabalho. Articulado aos conselhos de moradores e ao Programa Municipal de Orçamento Participativo, teria capacidade de avaliação, consulta e deliberação sobre as políticas públicas na área. Freixo também diz que vai fortalecer os Centros Públicos de Emprego, Trabalho e Renda, para que possam realizar melhor a intermediação de mão de obra, aproximando o trabalhador das oportunidades.

Jandira Feghali (PCdoB)

Dois grupos específicos estão no foco principal das propostas para o emprego na gestão projetada por Jandira: as mulheres e os jovens. A candidata promete priorizar as mulheres, sobretudo as chefes de família, nos programas de geração de emprego e renda, incluindo renda mínima. Jandira também pretende capacitar mais mulheres, para alargar o leque de profissões que possam exercer. Também vai promover ação de incentivo ao primeiro emprego das jovens, a fim de que possam conciliar trabalho, estudo e família. Aos jovens em geral, ela quer desenvolvimento da qualificação. E se diz preocupada também com propostas para a formalização do emprego, incluindo pequenos empreendedores e artesãos.

Indio da Costa (PSD)

O candidato tem entre suas bandeiras principais o apoio ao micro e pequeno empresário. Para esse segmento, Indio da Costa diz que vai facilitar o acesso a serviços especializados e a inovações. Entre as medidas prometidas, está programa de microcrédito para pequeno empreendedor, de fácil acesso e com a última parcela do empréstimo, equivalente ao juro da operação, custeada pelo município para todos que efetuaram os pagamentos das prestações em dia. O candidato do PSD também promete incentivar o cooperativismo, aproximando pessoas que trabalham hoje de forma isolada. Ainda está no seu foco a desburocratização, para simplificar a abertura e o funcionamento de empresas, como a entrega de licenças e alvarás por meio eletrônico.

Flávio Bolsonaro (PSC)

O candidato do PSC acredita que "o empreendedorismo é a chave do desenvolvimento de uma cidade". Para estimulá-lo e destravá-lo, Bolsonaro diz que criará a Secretaria Especial de Empreendedorismo, Emprego e Desburocratização. Entre as funções da pasta, está analisar toda a legislação carioca em busca de "leis interventoras inúteis, redundantes ou encarecedoras da atividade empresarial" e propor a sua revogação; promover seminários e cursos para capacitação dos cariocas ao empreendedorismo e geração de empregos; e simplificar e reduzir processos burocráticos na hora de legalizar empresas.

Carlos Roberto Osorio (PSDB)

O candidato do PSDB acredita que o Rio precisa reorientar seu eixo de desenvolvimento econômico, para geração de emprego e renda, em torno de suas vocações e vantagens competitivas. Osorio diz que suas ações se basearão em dois pilares: valorizar as atividades produtivas nas quais a cidade já desempenha papel de excelência; e reforçar e desenvolver atividades que valorizem e se beneficiem da beleza natural e cultura local. Do primeiro pilar, por exemplo, consta o desenvolvimento do Rio como grande centro de serviços. Do segundo pilar, incluem-se ações para investimento contínuo em saneamento básico e fortalecimento da indústria criativa.

SANEAMENTO

Yasuyoshu Chiba/AFP
A falta de saneamento é um dos problemas que mais preocupam os cariocas, segundo a ferramenta Avalie sua Cidade

Marcelo Crivella (PRB)

O candidato promete "resolver definitivamente" os problemas de saneamento, abastecimento de água e limpeza urbana das 20 principais comunidades do município até o final de 2019. Estratégia de ataque: firmar parceria entre a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) e a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos). O Rio é a 11ª capital brasileira no Ranking do Saneamento 2015, divulgado pela ONG Trata Brasil. Menos da metade do esgoto da capital fluminense (47,20%) recebe tratamento. No quesito rede de esgoto, o acesso chega a 83,11% da população. E mais de 90% da população da cidade (91,62%) recebe água encanada. Os dados se baseiam no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento de 2014.

Pedro Paulo (PMDB)

O peemedebista escolheu como prioridade o enfrentamento do problema da insuficiência do serviço de esgotamento sanitário no município. Pedro Paulo diz que vai trabalhar para reduzir as desigualdades regionais da cobertura. Para isso, promete, entre outras medidas, realizar a concessão do serviço de esgotamento sanitário na Barra da Tijuca e em Jacarepaguá (Área de Planejamento 4), fiscalizar o cumprimento de metas do concessionário na zona oeste, a Foz Águas 5, e atuar ativamente, de forma direta, em obras de expansão na zona norte da cidade.

Marcelo Freixo (PSOL)

As mudanças propostas por Freixo nas políticas de saneamento básico do Rio incluem a criação de uma nova empresa municipal, denominada Empresa Pública de Saneamento Ambiental. Nascerá da união da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) com a Rio Águas. O objetivo da nova empresa será articular a política de saneamento ambiental ao planejamento urbanístico de cada região do município. Freixo propõe ainda lançar a Subsecretaria Municipal de Saneamento Ambiental, integrada à Secretaria Municipal de Meio Ambiente; o Conselho Municipal de Saneamento Ambiental; e um Plano Municipal de Saneamento Ambiental, com "participação ampla, direta e descentralizada da sociedade".

Jandira Feghali (PCdoB)

A candidata defende a inclusão da Prefeitura do Rio no Conselho Deliberativo da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), mediante a criação da Diretoria da Capital. Isso melhor refletiria, na avaliação de Jandira, o fato de que a política para o saneamento no Rio está vinculada diretamente à Cedae, responsável por esses serviços por delegação municipal. No cálculo da candidata do PCdoB, a capital fluminense responde por cerca de 70% da arrecadação da Cedae. Jandira quer firmar também com a Cedae um contrato que estabeleça metas a ser cumpridas visando a universalização dos serviços. A candidata promete ainda rever o contrato atual com a Foz Águas 5, concessionária do serviço de esgotamento sanitário em bairros da zona oeste, como Bangu e Realengo, que avalia como deficiente.

Indio da Costa (PSD)

Um dos principais objetivos do candidato, segundo seu plano de governo, é "transformar o Rio de Janeiro em uma cidade sustentável, com práticas eficientes voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população, desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente". É nesse campo que se inserem as propostas de saneamento do candidato. Ele diz que promoverá, sem pontuar como, o avanço da reciclagem de lixo, da coleta seletiva, da preservação e recuperação dos recursos hídricos do município. Indio da Costa cita que problemas graves do Rio, como o insuficiente esgotamento sanitário, precisam necessariamente ser enfrentados de forma metropolitana e coordenada, uma vez que abrange outros municípios.

Flávio Bolsonaro (PSC)

O candidato afirma que o foco principal da sua secretaria de urbanismo e meio ambiente, que cuida das questões do saneamento básico, "será o esverdeamento da cidade". Segundo ele, serão criadas políticas públicas de incentivo à multiplicação de áreas verdes através de isenções tributárias e parcerias público-privadas. No tocante especificamente ao saneamento, Bolsonaro elege o avanço do esgotamento sanitário como prioridade. Segundo ele, em parceria com os governos estadual e federal, sua gestão expandirá "significativamente" os índices de atendimento, sem, entretanto, especificar metas e porcentagens.

Carlos Roberto Osorio (PSDB)

O candidato tucano promete investir R$ 600 milhões em projetos de saneamento básico, em parceria com a iniciativa privada. Embora reconheça que a falta de saneamento básico seja um problema de todo o Rio, Osorio escolheu enfrentar primeiro a falta de tratamento de água e de esgoto de 25 comunidades. Como direcionamento geral dos investimentos de sua gestão, estarão áreas não atendidas pela Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos). Entre outras propostas, estão parceria com o governo do Estado e de outros municípios da região metropolitana na implantação de políticas para mitigar a poluição da Baía de Guanabara e do sistema lagunar; e a estruturação do Núcleo Municipal de Saneamento Básico, para regular e fiscalizar o setor.

Confira o plano de governo e as propostas de campanha nos sites de cada candidato:

Marcelo Crivella (PRB): plano de governo e site oficial

Pedro Paulo Carvalho (PMDB): plano de governo e site oficial

Marcelo Freixo (PSOL): plano de governo e site oficial

Jandira Feghali (PCdoB): plano de governo e site oficial

Indio da Costa (PSD): plano de governo e site oficial

Flávio Bolsonaro (PSC): plano de governo e site oficial

Carlos Roberto Osorio: plano de governo e site oficial

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