Candidatos no Rio têm de mudar postura para ir ao 2º turno, dizem analistas

Brunno Carvalho e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em São Paulo e no Rio

  • MARCELLO DIAS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

    Candidatos a prefeito do Rio de Janeiro em debate realizado pela TV Record

    Candidatos a prefeito do Rio de Janeiro em debate realizado pela TV Record

As pesquisas Ibope e Datafolha, divulgadas na segunda (26) e na terça-feira (27), respectivamente, apontam para um duelo acirrado pelo segundo lugar na eleição para prefeito da cidade do Rio de Janeiro.

A menos de uma semana da votação, os dois principais nomes são Pedro Paulo (PMDB) e Marcelo Freixo (PSOL), que aparecem tecnicamente empatados --11% e 9% no Ibope, e 11% e 10% no Datafolha. Marcelo Crivella (PRB) lidera em ambas as pesquisas --35% no Ibope, 29% no Datafolha.

Os dados divulgados pelo Ibope mostram uma diferença de público entre os dois candidatos. Enquanto Pedro Paulo conta com 18% das intenções de votos na parcela da população que recebe menos de um salário mínimo, Marcelo Freixo aparece com bom rendimento entre os eleitores com renda acima de cinco salários (16%).

Para especialistas ouvidos pelo UOL, a postura dos dois candidatos a menos de uma semana da eleição precisa mudar para que eles consigam chegar ao segundo turno. "Pedro Paulo precisaria ter mais presença nas zonas sul e norte, enquanto o Freixo precisa de mais presença física na zona oeste", explica Paulo Baía, cientista político e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

"A campanha do Freixo não consegue ter capilaridade na zona oeste. É a região da cidade com mais eleitores, ela é definidora de campanha", afirma. "A prefeitura jogou muito pesado na zona oeste, apostou muito na região, o que facilita para o Pedro Paulo, em especial pelo seu papel no governo de Eduardo Paes."

Em 2015, Pedro Paulo ocupou o cargo de secretário-executivo e coordenador das ações da Prefeitura do Rio de Janeiro, pasta responsável por articular processos e operações de todas as secretarias do governo.

Para Ricardo Ismael, cientista político da PUC-Rio, Marcelo Freixo encontra dificuldades para atingir as camadas mais pobres da cidade do Rio de Janeiro. "O Freixo consegue um apoio grande da esquerda e das pessoas de maior renda com o discurso lembrando o problema das milícias e do saneamento básico, mas a questão é chegar no povão. Aí é que está o problema: tentar falar para a população mais carente. Quem está falando mais é o Marcelo Crivella (líder nas pesquisas), que fala de saúde, de cuidar das pessoas."

Ismael também vê na gestão de Eduardo Paes, atual prefeito do Rio de Janeiro, a chave para Pedro Paulo conseguir ir para o segundo turno. "O Pedro Paulo tem uma rejeição muito grande, atrelada à agressão à ex-mulher. Mas o ponto que pode ajudá-lo é a avaliação do governo do Paes. Ele tem 26% de ótimo ou bom, e esses 26% podem levar um candidato ao segundo turno. A questão é convencer esse público de que é preciso votar no Pedro Paulo."

Além de Freixo e Pedro Paulo, Jandira Feghalli (PCdoB) e Flávio Bolsonaro (PSC) também aparecem nas duas pesquisas em empate técnico na segunda posição. Para Ricardo Ismael, esse equilíbrio pode ser decisivo para fazer com que nem Freixo nem Jandira conquistem uma vaga no segundo turno --os dois pertencem a partidos considerados de esquerda.

"A Jandira já deu a cartada dela na campanha: a nacionalizou e procurou ganhar o apoio da Dilma e do Lula, além do eleitorado que não aceita o impeachment. Agora é difícil fazer qualquer mudança nesse primeiro turno", diz Ismael.

"No caso do Freixo, ele está com uma estabilidade nas pesquisas há muitos dias. O que ele provavelmente teria que fazer é um discurso para esse eleitorado da Jandira, mas ele não está fazendo. O Freixo só tem condições de um crescimento maior se a Jandira cair. Se ele não mudar o discurso, corre o risco de ficar com 10%, 11%, a Jandira com 7% e nenhum deles ir para o segundo turno."

As eleições para a prefeitura do Rio de Janeiro estão marcadas para domingo, 2 de outubro. Os colégios eleitorais ficarão abertos das 8h às 17h.

 

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