O candidato a prefeito de São Paulo Celso Russomanno (PRB) disse em sabatina do UOL, da "Folha de S. Paulo" e do SBT, nesta sexta-feira (29), que vai rever a redução da velocidade máxima nas marginais da cidade e que radares e lombadas são mais eficientes para obter melhores resultados na prevenção de acidentes.

"A CET [Companhia de Engenharia de Trafego] estabelece que radares e lombadas eletrônicas devem ser colocados em locais de risco à segurança das pessoas. Isso nunca foi feito. Não existe educação de trânsito, só arrecadação. Na nossa gestão, os camelôs não estarão andando nas vias, não haverá atropelamento, os veículos de baixas cilindradas estarão nas laterais. As velocidades vão voltar ao que eram", disse.

Sobre a polêmica sugestão de Russomanno em sua campanha de 2012 da tarifa de transporte proporcional à quilometragem do trajeto do passageiro, ele voltou a defender a medida ao mesmo tempo que acusou o prefeito Fernando Haddad --candidato do PT na época-- de ter "mentido descaradamente" sobre a iniciativa para ganhar a eleição.

"Queria promover a economia nas periferias, pois elas são bairros-dormitórios. Você precisa incentivar comércio nesses bairros. Disse na época que quem usasse o transporte na periferia fora do horário de pico pagaria uma tarifa menor. A tarifa seria proporcional para menos [de R$ 3, o preço da passagem de ônibus na época]. Para mais, não", explicou.

Russomanno defende também uma mudança radical na recente regularização do serviço de transporte Uber em São Paulo. "Como defensor do consumidor, sou a favor do que é legalizado. O Código Brasileiro de Trânsito estabelece que transporte coletivo de carga ou de passageiros, mesmo individual, tem que ter placa vermelha [usadas por táxis]. Veículos particulares não poderiam estar fazendo transporte de aluguel. E os motoristas deveriam usar habilitação profissional".

O candidato do PRB, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, falou ainda sobre a participação de membros da igreja em sua campanha à Prefeitura de São Paulo em 2012. "Não foi só a Universal que trabalhou na minha campanha. Quem quiser ajudar será bem-vindo. Eu sou católico, todo mundo sabe disso. Meu casamento foi exposto publicamente. Minha relação com a Igreja Universal, com as outras igrejas evangélicas, com a comunidade judaica, com a comunidade budista e outras, é muito boa. Vou governar para todos", disse.

Porém, quando questionado sobre o fato de líderes da igreja ocuparem cargos de coordenadores e se isso não seria usado para angariar votos, evitou entrar no assunto. "Não vou responder a perguntas discriminatórias", disse.

Russomanno defendeu usar o autódromo de Interlagos como área de lazer, administrado pela prefeitura. Também negou privatizar no futuro os corredores de ônibus. "Isso [cuidar da mobilidade urbana] é obrigação do poder público".

Ficha-suja

Russomanno tem um processo contra ele no STF (Supremo Tribunal Federal) que pode torná-lo "ficha-suja" e inviabilizar sua entrada na disputa pela prefeitura.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já se manifestou favorável à condenação por peculato (desvio de dinheiro público) do deputado federal. A defesa do parlamentar alega que ele é inocente. Se a Corte Suprema acatar suas considerações até agosto, prazo para registro das candidaturas, Russomanno não poderá se candidatar nas eleições de 2016.

Sobre isso, ele declarou: "Está mais do que provado nos autos do processo e estou muito tranquilo em relação a isso. Existem 116 casos análogos ao meu, e todos foram arquivados". 

O apresentador também explicou o crescimento de seu patrimônio observado na comparação entre declarações de bens nas campanhas a prefeito em 2006, quando tinha pouco mais de R$ 800 mil em bens; e na de 2014 para deputado federal, quando esse valor dobrou, passando de R$ 1,7 milhão. "Sou empresário e ganho dinheiro com as coisas que eu faço. De 2010 a 2014, estava sem mandato, então pude me dedicar a isso. Sou apresentador de TV e ganho bem fazendo isso".

Pesquisa Datafolha

Com 25% das intenções de voto, Russomanno encerra o ciclo de sabatinas e lidera a última pesquisa do Datafolha para a eleição municipal em São Paulo, divulgada em 15 de julho. Os cinco principais candidatos a prefeito no atual cenário foram entrevistados pelo UOL, pela "Folha de S. Paulo" e pelo SBT desde a semana passada.

Abaixo de Russomanno na pesquisa vêm a senadora Marta Suplicy (PMDB), com 16%; Luiza Erundina (PSOL), com 10%; o atual prefeito e candidato à reeleição, Fernando Haddad (PT), com 8%; e o empresário e apresentador João Doria (PSDB), com 6%. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para cima ou para baixo.

Cada sabatina teve duração de uma hora. Os candidatos foram entrevistados por três jornalistas: Fernando Canzian, da "Folha de S. Paulo", Luís Indriunas, do UOL, e Kennedy Alencar, do SBT.

UOL, Folha e SBT também organizarão um debate com os candidatos a prefeito de São Paulo antes do primeiro turno, no dia 23 de setembro.