Haddad atribui baixa aprovação em SP a falta de divulgação

Do UOL, em São Paulo

O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Fernando Haddad (PT), afirmou, em sabatina promovida pelo UOL, pela "Folha de S.Paulo" e pelo SBT, que sua baixa aprovação apresentada em recente pesquisa do Instituto Datafolha se deve à pouca divulgação de seus feitos como gestor da cidade. 

"Hoje não é fácil se comunicar com o eleitor. Houve um deficit de comunicação. Não estou empurrando isso para a população, e o noticiário, por razões óbvias, focou os temas nacionais [a crise política]. Tivemos pouco espaço de divulgação, mas é para isso que serve a campanha eleitoral, quando eu poderei divulgar as ações de governo e o conceito de cidade que eu defendo. O tempo de campanha [na TV] caiu, mas vamos ter tempo de dialogar", disse.

"Nós temos metade do dinheiro de publicidade do governo anterior, isso é um fato. São R$ 400 milhões de economia para poder fazer os hospitais que eu prometi. O [Gilberto] Kassab [PSD] prometeu três hospitais e não comprou um terreno. Prometi três, já entreguei um, outro está quase pronto e outro está em obras. A população não sabe. Mas é culpa da população? Não. O povo não tem culpa disso, eu que tomei a decisão [de cortar a verba destinada à publicidade]."

O petista Fernando Haddad tem a segunda pior avaliação já registrada pelo Datafolha entre os prefeitos de São Paulo que tentaram a reeleição. Ele teve apenas 14% entre as pessoas que avaliam sua gestão como ótima ou boa. Só ficou à frente de Celso Pitta (7%), que ocupou o cargo de 1997 e 2000, em uma gestão marcada por escândalos de corrupção e por uma ameaça de impeachment.

Na semana passada, ele havia atribuído a baixa popularidade à "confusão das pessoas". "Existe confusão generalizada sobre responsabilidades, quem é culpado do quê. As pessoas não são obrigadas a acompanhar as coisas no dia a dia", afirmou Haddad em entrevista à "Folha".

Haddad prevê gastar R$ 10 milhões na campanha deste ano pela reeleição, valor bem menor que em 2012, quando esse valor foi de R$ 90 milhões (valor corrigido pela inflação). Só com os serviços da empresa do marqueteiro João Santana, preso por conta da Operação Lava Jato, a campanha de Haddad gastou cerca de R$ 40 milhões (valor corrigido pela inflação).

Lucas Lima/ UOL
Fernando Haddad participa de sabatina com os jornalistas Luís Indriunas (à esquerda), do UOL, Kennedy Alencar, do SBT, e Fernando Cazian (à dir.), da "Folha de S. Paulo"
O petista negou que tenha ocorrido caixa dois em sua candidatura a prefeito em 2012.

"A legislação nova veio para ficar. Nós seguimos padrões de mercado para evitar suposições, ilações e suspeitas [do caixa 2]. Em 2012, estava no auge do julgamento do mensalão. Tomamos os cuidados devidos para não ter nada discrepante em relação aos nossos adversários", disse Haddad, que afirmou ter equiparado a quantia gasta por José Serra (PSDB). "Eu te asseguro, uma campanha tem dois responsáveis: o candidato e seu tesoureiro. Nem eu nem o meu tesoureiro seremos citados em nenhuma delação." 

O prefeito afirmou na sabatina que as contas da sua campanha de 2012 foram aprovadas pela Justiça. Na época, o juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho acolheu embargos de declaração de Haddad (PT) e aprovou "com ressalvas" as contas de sua campanha.

No recurso apresentado, Haddad não conseguiu justificar uma inconsistência nas contas avaliadas. Embora o petista tenha apresentado documento detalhando serviços executados pela empresa Pólis Propaganda & Marketing, o juiz encontrou algumas irregularidades fiscais e ressalvou que elas não impediram a fiscalização das contas, "cabendo à autoridade competente as medidas para apuração de potencial ilícito de natureza tributária", segundo o site do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo.

'Corretores de tempo de TV'

 

Haddad também afirmou que o principal erro do PT foi não ter feito a reforma política para vetar a doação de empresas privadas e as coligações proporcionais. "O PT tinha de ter tido a coragem de fazer a reforma política com dois itens: o financiamento empresarial, que o Supremo [Tribunal Federal] agora vetou, e as coligações proporcionais, que fragmentam o sistema partidário no Brasil. A hora em que cada partido tiver uma bandeira, essa lambança vai acabar. Os partidos são corretores de tempo de TV. Quem faz a vida na política acaba sendo empurrado para a ilegalidade."

Para explicar a fisiologia política, Haddad disse que em São Paulo é fácil construir uma maioria na Câmara Municipal por conta da pressão popular e pelo número menor de parlamentares, diferentemente de Brasília. "Aqui são 55 vereadores (...) e é possível aprovar propostas com a força popular. Lá, com 513 deputados e 81 senadores, que força você vai reunir? O maior erro do PT foi não ter feito a reforma política e ela (Dilma) foi vítima disso também."

Durante a sabatina, o atual prefeito também defendeu os projetos que concluiu durante sua gestão, como o aumento da malha de ciclovias e corredores de ônibus, a redução de velocidade nas marginais e a construção de hospitais e creches.

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O UOL, a Folha e o SBT continuam nesta semana a série de sabatinas com pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. A próxima a ser entrevistada será a deputada Luiza Erundina (PSOL), nesta quarta-feira (27), às 10h, no estúdio da TV UOL, com transmissão ao vivo pelo UOL.

Na sequência, virão a senadora Marta Suplicy (PMDB), na quinta (28), às 10h; e, na sexta-feira (29), às 10h, o deputado Celso Russomanno (PRB). Além de Fernando Haddad, já foi sabatinado o empresário e apresentador João Doria (PSDB).

Os candidatos estão sendo entrevistados por três jornalistas: Fernando Canzian, da "Folha de S.Paulo", Luís Indriunas, do UOL, e Kennedy Alencar, do SBT.

UOL, Folha e SBT organizarão também um debate com os candidatos a prefeito de São Paulo antes do primeiro turno, no dia 23 de setembro.

Veja a íntegra da sabatina com Fernando Haddad

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