Doria fala em passar corredores de ônibus à iniciativa privada em São Paulo

Do UOL, em São Paulo

O pré-candidato do PSDB a prefeito de São Paulo, João Doria Jr, afirmou nesta quarta-feira (20), em sabatina promovida pelo UOL, pela "Folha de S.Paulo" e pelo "SBT", que, se for eleito, vai delegar à iniciativa privada a construção e a manutenção dos corredores e faixas exclusivas de ônibus.

"Nós vamos fazer uma concessão das faixas exclusivas de ônibus. Vai ser o setor privado que vai administrar. Sabe como? Tecnologia", declarou, para completar: "Vamos usar a tecnologia do celular, dos iPads, para que você saiba exatamente quais as linhas de ônibus, qual a velocidade média, que horas ele chega. E o custo é zero para a prefeitura. Vai melhorar a gestão, intensificar o uso das faixas tanto para os táxis quanto para os ônibus, e não vai aumentar um centavo para o usuário, absolutamente nada".

O tucano afirmou ainda que vai vetar shows no estádio municipal do Pacaembu e reverter a redução de velocidade nas marginais -- uma das marcas da gestão de Fernando Haddad (PT), pré-candidato à reeleição. A velocidade máxima nas marginais paulistanas eram de 90 km/h na pista expressa e 70 km/h na via local, e foram reduzidas na gestão petista para 70 km/h e 50 km/h, respectivamente. Doria quer voltar aos limites originais.

O pré-candidato reclamou do que chama de "indústria da multa" ao se referir aos mais de R$ 1 bilhão arrecadados ano passado, pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), com a aplicação de multas de trânsito.

"[Se for eleito], na semana seguinte voltam as velocidades nas marginais estabelecidas pelo Código Nacional de Trânsito, mas com campanhas educativas e sinalização de trânsito", disse, referindo-se à volta das velocidades de 90 e 70km/h, respectivamente, nas pistas expressa e local das marginais Pinheiros e Tietê. 

"O uso de celular é o maior agente provocador de acidentes --não é o excesso de velocidade. Qual a campanha educativa da gestão Haddad sobre isso? Nenhuma", criticou Doria Jr, para quem o fato de haver moradores de rua nas áreas das marginais não justifica a redução das velocidades máximas dessas vias. "Não se pode mudar uma lei em função de ter algumas pessoas [nessa condição]; a lei tem que ser em função da maioria."

Pedágio urbano

Indagado sobre a cobrança para a circulação de carros em regiões específicas da cidade -- o pedágio urbano --, o pré-candidato admitiu que sua equipe de campanha estuda essa possibilidade. "Acho que esse é um tema que tem que ser estudado. Não é o ônus que você aplica de forma generalizada. Se você quer usar seu veículo com mais facilidade, a hipótese de pagar por isso é uma opção, não é uma imposição. Nessa circunstância, principalmente em defesa ambiental, podemos estudar, sim", afirmou.

Lucas Lima/ UOL
Doria Jr. foi sabatinado pelos jornalistas Luís Indriunas (segundo à esq.), do UOL, Kennedy Alencar, do SBT, e Fernando Cazian (à dir.), da Folha de S. Paulo


Ciclovias com iniciativa privada

Outra marca da gestão atual, a expansão das ciclovias é outra atividade que o tucano promete delegar à iniciativa privada, caso seja eleito. De acordo com ele, locais em que essas vias tenham sido feitas sobre calçadas serão desfeitas.
 
"Não faz o menor sentido faixa vermelha em cima de uma calçada. O que foi feito de forma acertada, vamos manter. Sobre calçadas, não –seja debaixo do Minhocão ou na periferia", disse. 
 

"Unção" de Alckmin

O tucano discordou que tenha sido "ungido" pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para a disputa municipal e refutou a hipótese de que o Executivo estadual tenha sido loteado entre partidos que apoiam sua candidatura --estratégia que angariaria tempo, a Doria Jr., no horário eleitoral. 

Nas prévias do PSDB, Alckmin apoiou o empresário na disputa contra o vereador Andréa Matarazzo, que perdeu a votação entre os filiados, deixou o partido após 25 anos e se filiou ao PSD, pelo qual se tornou pré-candidato à prefeitura. Matarazzo e nomes do PSDB como Alberto Goldman acusaram o empresário de compra de votos entre os filiados. O caso foi parar no Ministério Público Estadual.

"Não fui ungido, fui votado, o PSDB fez prévias. Geraldo Alckmin não impôs uma candidatura –ele só me apoiou depois de eu ter sido eleito no primeiro turno", declarou, para completar: "Houve excesso de voto, e não abuso de poder econômico", disse.

Doria defende privatização de bens públicos de SP

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Sobre a relação com o governo Alckmin, Doria Jr também refutou que tenha havido irregularidade no repasse de mais de R$ 1,5 milhão em anúncios pagos pelo Estado a publicações que pertencem a seu grupo de comunicação – com sete empresas das quais advêm, segundo ele, 19 publicações. O caso foi revelado em setembro do ano passado em reportagem da Folha.

Segundo o jornal, revistas do grupo receberam valores acima dos repassados a publicações com maior circulação no mercado, como as revistas "Época" e "Exame". "Não houve nenhum favorecimento nisso, não vejo nada de ilegítimo nisso", definiu o pré-candidato.

Sabatinas

Foram convidados para as sabatinas os sete candidatos com mais intenção de voto no principal cenário da última pesquisa do Datafolha, divulgada na sexta (15). São eles: Celso Russomanno (PRB), com 25%; Marta Suplicy (PMDB), com 16%; Luiza Erundina (PSOL), com 10%; Fernando Haddad (PT), com 8%; Doria, com 6%; Marco Feliciano (PSC), com 4%, e Andrea Matarazzo (PSD), com 3%

As sabatinas com os sete estão marcadas para as próximas duas semanas, no estúdio do UOL, e terão, cada, duração de uma hora. O próximo a ser entrevistado será o prefeito Fernando Haddad (PT). A sabatina será na próxima terça-feira (26), às 9h. Na sequência, virão as sabatinas da deputada Luiza Erundina (PSOL), na quarta (27), às 10h; da senadora Marta Suplicy (PMDB), na quinta (28), às 10h; e, na sexta-feira (29), às 10h, do deputado Celso Russomanno (PRB). Os candidatos serão entrevistados por três jornalistas: Fernando Canzian, da Folha, Luís Indriunas, do UOL, e Kennedy Alencar, do SBT.

Veja a íntegra da sabatina

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O primeiro a ser sabatinado foi o vereador Andrea Matarazzo (PSD). UOL, Folha e SBT organizarão também um debate com os candidatos a prefeito de São Paulo antes do primeiro turno, no dia 23 de setembro.

 

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