Haddad diz que vai "replicar" em seu secretariado base de apoio do governo de Dilma

Do UOL, em São Paulo

O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse, nesta segunda-feira (29), que pretende "replicar" em seu secretariado a base de apoio do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Os maiores partidos que dão sustentação ao governo federal são o PMDB, PDT, PSB, PP, PRB, PTB, PR e o PC do B.

"A vantagem [do governo de coalisão] é que você divide responsabilidade, cobra resultados e tem uma transição tranquila", disse.

Em sua primeira entrevista coletiva como prefeito eleito, Haddad afirmou ainda que não espera uma oposição sistemática do PSD, do atual prefeito Gilberto Kassab. Mais cedo, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou que o PT articula uma aproximação com a legenda de Kassab com vistas às eleições de 2014.

"Independentemente da eleição, vamos respeitar a oposição e tentar construir consensos mesmo que ela seja minoritária, mesmo que haja divergências. Acredito muito no diálogo no que diz respeito à reforma urbana".

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O prefeito eleito, no entanto, disse que ainda não tem nomes para compor seu primeiro escalão e que aceitará "sugestões de currículos" de quem for. Mas afirmou que será criterioso na escolha.

"Não trabalho com indicação de caráter pessoal. Aceito humildemente indicações, mas a apreciação final [dos cargos] sou eu que farei. (...) E não há a priori nenhuma negociação em curso".

Ele voltou a a defender "modelos de parcerias no maior número possível de áreas" com a União, levando em conta sua experiência no ministério da Educação.

Segundo Haddad, São Paulo precisa de um "alinhamento estratégico com o governo do Estado e Federal" e, para isso, precisa "fazer uma transição de alto nível".

"A primeira providência é fazer um alinhamento estratégico com o governo do Estado e Federal. A transição de alto nível entre a administração Kassab e a nossa administração é o que pretendemos também fazer com as parcerias com a União. A própria presidente já mandou que na semana que vem tenhamos uma rotina de trabalho com a nossa equipe de transição e com a equipe que ela vai constituir no plano federal", disse.

Haddad afirmou ainda que vai procurar a oposição e que seus projetos passarão pela Câmara só após um consenso com a oposição. "Respeito quem tem mandato eletivo", afirmou.

O prefeito eleito disse que já estão agendadas reuniões com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) nesta terça-feira (30) e um encontro com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a pedido de Dilma.

Haddad se reuniu com a presidente na manhã desta segunda-feira em Brasília. Em um encontro de 45 minutos, Haddad disse que não foram discutidas questões aprofundadas sobre a nova gestão, mas se cristalizou a intenção de se formar parcerias.

"Que a transição de modelo de parcerias, a meu ver acanhado [na cidade de São Paulo], se torne vigoroso. (...) São Paulo tem que ter esse papel, os investimentos públicos aqui tem que ter repercussão no plano nacional", disse.

O prefeito eleito prometeu ainda modificar leis de zoneamento urbano e de criar parceiras com o governo federal para modificar pelo menos cinco leis urbanas e criar um plano diretor da região metropolitana de São Paulo em sua gestão na prefeitura.

Segundo Haddad, estão entre suas prioridades a modificação do plano diretor, a lei de zoneamento, de operações urbanas e de obras e as leis tributárias, de modo a atrair mais empresas para regiões mais populosas da cidade afim de evitar maiores trânsitos de casa ao trabalho.

Após a coletiva, Haddad seguiu para o Instituto Lula, na zona leste de São Paulo, onde esteve com o ex-presidente por cerca de 45 minutos. As assessorias de Lula e de Haddad não divulgaram o assunto do encontro. Os dois deixaram o local sem falar com a imprensa.

Transição

A equipe de transição dos governos só será definida na terça-feira (30) após a reunião com Kassab. Os vereadores Antonio Donato e José Américo e o deputado estadual Simão Pedro --que participaram da coordenação da campanha-- devem integrar o grupo. Donato, inclusive, pode assumir a Secretaria de Governo.

Haddad fará mudanças na estrutura da prefeitura, mas disse que só irá divulga-las deppois de estudar o organograma. Durante a campanha, ele prometeu criar uma controladoria-geral e a Secretaria das Mulheres.

Entre os nomes cotados para assumir secretarias estão: os deputados do PT Jilmar Tatto e Carlos Zarattini, a médica Marianne Pinotti, vice na chapa de Gabriel Chalita (PMDB), Luís Fernando Massonetto --que trabalhou com Haddad no MEC (Ministério da Educação), o vereador Carlos Neder (PT), coordenador de saúde do plano de governo, o ex-ministro do Esporte, Orlando Silva (PC do B), candidato a vereador derrotado, o sociólogo Ricardo Musse e Gustavo Vidigal, que foi foi secretário-executivo adjunto do Ministério da Cultura na gestão Juca Ferreira.

*Com Julianna Granjeia

 

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