Paes diz que acusação de elo com milícia é 'desespero' e que espera justiça no caso do mensalão

Do UOL, em São Paulo

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição, afirmou durante a sabatina Folha/UOL, realizada nesta sexta-feira (31), que a acusação do adversário Marcelo Freixo (PSOL) de ter responsabilidade no crescimento das milícias na cidade deve “ser desespero eleitoral".

"O processo eleitoral prevê que os candidatos tenham suas opiniões sobre os outros candidatos. O deputado [Freixo] sabe que eu não tenho relação com milícia, aliás, é um risco enorme politizar o tema da segurança pública. (...) muitos querem ser comentaristas, deve ser desespero eleitoral", disse.

Na sabatina de ontem, Freixo disse que Paes tinha responsabilidade sobre o crescimento de milícias na cidade, cooperando com licitações feitas para as vans que circulam no Rio, e o acusou de favorecimento eleitoral.

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Na última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 29 de agosto, Paes aparece em 1º lugar com 53% das intenções de voto. Em seguida, está o candidato Freixo, com 13%.

No evento de hoje, Paes disse que não se deve politizar o tema de segurança pública e criticou os políticos que se transformam em comentaristas.

Sobre as licitações de vans para o transporte alternativo, Paes disse que elas estão sendo feitas individualmente porque as informações apontam para o fato de que as cooperativas são comandadas por milicianos.

"Não estou dizendo que todos os donos de cooperativas são milicianos, mas as informações dizem que existem. Hoje, todas as vans têm licenças individuais, e, mesmo assim, se formam cooperativas e passam a ser supostamente de milicianos", afirmou.

"Torço para se fazer justiça no mensalão"

Ex-crítico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na época que o caso do mensalão veio à tona, o prefeito --que chegou a chamar Lula de “psicótico”-- também comentou sobre o fato de ter sido contra o PT na época das denúncias.

O caso do mensalão, denunciado em 2005, foi o maior escândalo do primeiro mandato de Lula. O processo tem 37 réus e está sendo julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

"Eu não me arrependo de absolutamente nada que eu tenha feito na vida cumprindo minha função [sobre quando era deputado fazendo oposição na CPI que investigou o mensalão]. É um julgamento judicial [no STF], não estou ali olhando porque estou enrolado, sendo prefeito e candidato, não estou acompanhando de perto, eu torço para se fazer justiça. Fui um deputado atuante, cumpri meu papel", afirmou durante a sabatina.

Nesta eleição, assim como quando foi eleito em 2008, Paes tem apoio de Lula e do PT.

"O diálogo político não pode se tornar um diálogo criminoso no país. Eu escolhi ser político, escolhi me aliar para trabalhar pela cidade. Eu tenho muito orgulho de ter o apoio do presidente Lula, da presidente Dilma [Rousseff], do [governador Sérgio] Cabral. Conseguimos juntar forças para mudar essa cidade."

Sobre as relações de seu aliado Cabral e o dono da construtora Delta, investigada por envolvimento com o grupo do empresário Carlinhos Cachoeira, o prefeito afirmou que o governador já reconheceu o erro da aproximação. "Mas não podia imaginar que eles tinham as relações que tiveram", disse o prefeito.

"O Carnaval é das escolas de samba"

Sobre o comentário de Freixo, na sabatina de ontem, de não dar verba pública para escola de samba que usar enredo para patrocínio, Paes afirmou que são as escolas de samba quem comandam o Carnaval.

"O Carnaval é das escolas. O que fiz foi parar de dar subsídio para a Liesa [Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro]. (...) Não quero receber nada da Liesa, nem vou dar dinheiro público para Liesa. Só quero poder desfilar na bateria da Portela”, afirmou.

Ele também disse que tentou fazer licitação para tirar a administração do Carnaval da mão dos bicheiros. "Mas a Disney não quis comprar. Ninguém quer ver o Mickey, o Pluto e o Pateta. Querem ver a Portela."

Cerca de 95% das obras para Olímpiadas estão em execução

Sobre as Olímpiadas de 2016, Paes afirmou que cerca de 95% das obras que são de responsabilidade do governo municipal já estão em execução. No entanto, ele preferiu não dar um balanço dos custos para "evitar chutar".

“Tem um site chamado transparência olímpica, que eu coloquei no ar em 2009 e posto tudo lá. O que não tem projeto, não tem custo, então não vou ficar chutando, mas está tudo no prazo.”

Paes afirmou que a maior parte das obras será feita com dinheiro privado, por meio de PPP (Parceria Público Privada).

"Em Londres, a maior parte foi paga com dinheiro público. No Rio, vamos usar dinheiro da iniciativa privada para construir, por exemplo, o parque dos atletas", afirmou.

Levaria filhos a hospital público

Questionado se levaria os filhos nos hospitais públicos que ele construiu, Paes respondeu que se fosse necessário, levaria. Disse que, embora tenha plano de saúde, já recebeu atendimento em hospital público quando quebrou cotovelo e que foi bem atendido.

"Eu tenho plano de saúde, mas em um caso de emergência não pararia em [na rede de hospitais]‘Dor nenhum, iria pro Miguel Couto, Salgado Filho e Pedro II. Se fosse necessário, levaria."

Quem é Eduardo Paes

Atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes tem 42 anos e é carioca. Formado em Direito, iniciou a vida política como subprefeito da Barra da Tijuca e Jacarepaguá de 1993 a 1996.

Paes foi vereador, deputado federal por duas vezes, secretário municipal do Meio Ambiente e secretário estadual de Esportes, Turismo e Lazer.

Ex-secretário-geral do PSDB, Paes foi um dos principais críticos do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a CPI dos Correios, que investigou o caso do mensalão.

Em 2008, já no PMDB, foi eleito prefeito do Rio com apoio de Lula em uma eleição apertada. Na ocasião, Paes venceu Fernando Gabeira por uma diferença de apenas 55 mil votos.

Sabatina Folha/UOL

Paes é o segundo sabatinado no Rio de Janeiro. Ontem, Freixo, candidato do PSOL, foi entrevistado. Os dois foram escolhidos por serem os mais bem colocados nas últimas pesquisas.

O candidato foi entrevistado por Paula Cesarino, diretora da sucursal da Folha de S.Paulo no Rio, Cristina Grillo, secretária de redação da Folha no Rio, Danuza Leão, colunista do jornal, e Josias de Souza, blogueiro do UOL. A Sabatina Folha/UOL é dividida em três blocos e tem uma hora e meia de duração.

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