Erundina ironiza aliança do PT com Maluf, mas descarta recuar de pré-candidatura
Do UOL, em São Paulo
A deputada federal Luiza Erundina (PSB) ironizou um dos motes de campanha de Fernando Haddad (PT) --o de que ele simboliza o “novo” na política --ao se referir, em entrevista à Rede Brasil Atual, ao deputado federal e agora aliado da campanha petista Paulo Maluf (PP): “O Maluf é o novo? Pelo amor de Deus, né?”
O termo chegou a causar desconforto entre os socialistas, no último dia, uma vez que Erundina, 77, já foi prefeita da capital paulista. A declaração sobre Maluf consta de entrevista publicada nesta terça-feira (19) pela Rede Brasil Atual, na qual Erundina ainda descartou recuar após a oficialização do apoio de Maluf à campanha petista. O acordo foi selado ontem em um almoço entre Haddad, Maluf e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Não sou de recuar. Não diria que vou retirar [o nome da chapa], mas vamos manter a decisão, que foi partidária. Vou me empenhar em dar o melhor que puder da minha contribuição, mas vou procurar demarcar campos: de um lado o senhor Maluf, de outro nós e setores da sociedade que não concordam com essa aliança”, disse.
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Na entrevista, a deputada se disse “constrangida” pelo apoio do ex-prefeito e disse ter sabido da possibilidade pela imprensa, na última sexta, durante ato que oficializou não apenas o apoio de seu partido ao PT, como seu nome na chapa. Na entrevista coletiva que sucedeu o evento, ela havia dito que a decisão não havia passado por ela.
“É constrangedor isso. E o pior é que essa notícia veio sem que se esperasse”, disse, na entrevista divulgada hoje. “Foi um balde de água fria em um ato de muita alegria, muito entusiasmo. Entendo que o tempo de TV [cerca de um minuto e meio, com o PP] é necessário, porém, não a qualquer preço”, completou.
Indagada se teria negado participar da chapa se soubesse de antemão do acordo que seria celebrado com Maluf, seu desafeto político –ela o derrotou à prefeitura --, Erundina disse que apenas, “com certeza, iria fazer exigências em relação a isso”.
“Não preciso ser vice, já fui prefeita, tenho um mandato [na Câmara Federal] pela frente que considero que é importante para o país. Mas eu certamente pensaria mais vezes e me daria mais tempo para tomar a decisão, pois não esperava essa hipótese. A alegação é que esse partido [PP] está na base do governo federal, mas não acho que isso implique necessariamente em que essas forças estejam juntas aqui em São Paulo, que é um emblema, um símbolo, uma referência maior da política brasileira –para o bem e para o mal”.