02/10/2010 - 12h33

No exterior votam 200 mil, mas há países com número insuficiente de eleitores para montar seções

Eduardo Castro
Correspondente da Agência Brasil na África
Em Maputo

Duzentos mil brasileiros estão aptos a votar este ano no exterior, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foram montadas 94 seções em vários países. Mas nem todos os países onde há brasileiros terão eleição pois, de acordo com o Código Eleitoral, é obrigatório montar mesa apenas onde há mais de 30 eleitores inscritos.

Não é o caso, por exemplo, da Tanzânia, na África. Toda a comunidade brasileira no país soma menos de 60 pessoas. São principalmente funcionários da Petrobras e missionários religiosos.

“Não há muita procura”, diz o encarregado temporário de negócios da Embaixada do Brasil na Tanzânia, Nei Bittencourt. “Aqui não há muitos brasileiros; o que justifica nossa presença são os interesses do país”.

A embaixada na Tanzânia foi reaberta em 2005, principalmente por causa de prospecções da Petrobras, que montou um escritório para acompanhar de perto o movimento de muitas petroleiras na costa. Recentemente, o vizinho Moçambique anunciou a descoberta de petróleo. Outro ponto que gera interesse na companhia é a fronteira entre a Tanzânia, Uganda e o Quênia nas proximidades do Lago Vitória.

Em Moçambique, 463 brasileiros estão inscritos para votar nas duas seções que serão instaladas no Centro Cultural Brasil-Moçambique, no centro da capital, Maputo.

A advogada Karen Dias, que vive na África há seis anos, diz que estar fora do Brasil não atrapalha na hora de escolher o candidato. “Eu leio muito na internet e compro revistas semanalmente, além de ver televisão brasileira, que tem aqui. Procuro todas fontes”, afirma. As TVs Brasil, Globo e Record mantém canais internacionais, que reproduzem os noticiários passados no Brasil em tempo real.

Já a secretária Solange Pereira optou por adiantar uma viagem de férias ao Brasil para votar no seu estado natal, São Paulo. Pensando nisso, sequer transferiu o título para o exterior. “Quero votar para todos os cargos, principalmente governo do estado. Por isso, prefiro votar no Brasil”, diz. No exterior só se vota para presidente da República.

Solange reclama por ter conseguido pouca informação sobre os candidatos a cargos legislativos. “Para deputado estadual, federal e senador, vou ter que dar uma estudadinha ali para ver o fazer.”

Paula Carolina é um dos 3 milhões de brasileiros que moram no exterior e não estão aptos a votar fora do país. “Eu acabei perdendo o prazo para transferir o titulo”, lamenta a estudante de 19 anos. "Queria muito votar, seria a primeira vez na vida. Mas espero pela próxima.”

Quem não transferiu o título e estiver fora do país no domingo terá de justificar a ausência à Justiça Eleitoral.

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