25/10/2008 - 00h05
Além de propostas, Kassab e Marta exploraram gestões e escândalos
Os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) e Marta Suplicy (PT), voltaram a trocar acusações sobre suas gestões na cidade nesta sexta-feira (24) em debate realizado pela TV Globo, citaram escândalos, como a máfia dos fiscais e o mensalão, mas também compararam propostas para o município.
Os candidatos debateram lado a lado, a cerca de um metro de distância, no confronto mediado pelo jornalista Chico Pinheiro -terceiro e último do segundo turno na capital paulista.
O encontro foi o que mais privilegiou propostas nestas eleições. Nas considerações finais, Marta afirmou que o eleitor pôde ver "dois jeitos de governar", prometeu investir no metrô e em corredores de ônibus e citou o presidente Lula. Kassab não citou a adversária. O candidato à reeleição afirmou que gosta de ser prefeito e que vestiu a camisa da cidade. "A cidade melhorou."
A primeira pergunta do debate partiu de Kassab, que deu início com um ataque à adversária ao questioná-la sobre como ela conseguiu deixar a "cidade quebrada". "Você entregou a cidade com 92 obras paradas, dívidas", disse o candidato.
"Tive as contas aprovadas. Lembro quando Serra começou a dizer essa politicagem de que essa cidade estava quebrada. Eu imagino se recebesse de você", respondeu a petista. "Eu acho inacreditável ficarem falando. Se recebessem a prefeitura como eu recebi. Eu entreguei a cidade em ordem, contas em ordens."
Kassab também questionou Marta sobre a área da educação e voltou a alfinetar a candidata, afirmando que ela deixou o "turno da fome" na cidade. "Os professores e os servidores sabem como foram tratados na sua gestão. E a nossa gestão priorizou acabar com as escolas de lata que você deixou", afirmou Kassab. "Você cansa de repetir, mas essas escolas você que fez com o Pitta, e você era secretário de Planejamento", cutucou a petista.
No segundo bloco, Marta Suplicy questionou Kassab sobre sua política para os ambulantes. "Somos a favor daqueles que trabalham com honestidade. É possível fiscalizar aqueles que trabalham com carga pirata", disse o candidato, que citou a Lei Cidade Limpa.
"Quando eu entrei na prefeitura, ela estava contaminada pela corrupção da gestão Pitta, da qual o senhor fazia parte", desviou Marta, que citou a volta da máfia dos fiscais na atual gestão. "O procurador-geral da República chamou de 'quadrilha' e eu nunca ouvi você se afastar. Eu me afastei do Pitta", retrucou Kassab, citando envolvidos no escândalo do mensalão.
Em seguida, ambos falaram sobre habitação. Marta leu um documento no primeiro bloco, o "cheque despejo" que, segundo ela, é a carta enviada por Kassab aos moradores que terão suas casas desapropriadas. "Acho importante fazer um debate sobre São Paulo", desviou o candidato, chamando o documento de "pegadinha". "Não sei se é verdadeiro [esse documento]. Nós temos política pública de habitação", completou.
Marta atacou novamente. "Tentou expulsar o pessoal do Jardim Edite de lá, usou gás lacrimogêneo e cachorro. Essa é a sua política habitacional", disse Marta, levantando a voz. "Você abandonou os mutirões começados por Mário Covas. É importante discutir políticas públicas, e não um documento que não se sabe de onde veio", respondeu o candidato à reeleição. Em seguida, Marta disse que chorou ao visitar favela onde ele deixou um "muro de Berlim", no Jardim Cabuçu, no Jaçanã.
Kassab deu início ao terceiro bloco questionando Marta sobre os túneis da Faria Lima. "Ela fez dois túneis famosos, gastou R$ 100 milhões em assessores", atacou. "Eu fiz muito com os recursos que eu tinha. Esses túneis são uma operação urbana e não é do orçamento, ele é da região da Faria Lima, só podia colocar ali. E eu não sou como você, de deixar o dinheiro no banco. Agora, eu construí os corredores, que você não construiu", rebateu Marta.
Marta explora "cheque despejo"; Kassab tenta ligar petista ao "Mensalão" em debate
"Na região de Pinheiros, poderia sim ter investido no metrô. É preciso priorizar", disse Kassab. Marta defendeu que não havia projeto para isso e respondeu: "Os corredores é que fazem diferença para essa cidade, e vocês não fizeram nenhum."
Marta também voltou a questionar o adversário sobre projeto polêmico em sua gestão, posteriormente retirado, que previa pedágio urbano na cidade. "Enquanto for prefeito, não haverá pedágio urbano. Quando ela diz que o vereador do meu partido apresentou projeto, ele tem o direito. Eu não sou ditador. Mas ela omite que seu secretário de Transportes defende o pedágio urbano", respondeu Kassab.
No último bloco, Marta abordou pesquisa Ibope que, segundo ela, mostra que a saúde na gestão de Kassab é mal avaliada. "A minha gestão é muito bem avaliada. Você que foi reprovada. Tanto é que você não foi reeleita. Você foi muito mal na saúde", disse o candidato. "Você pinça algumas pesquisas referentes a alguns programas", alegou a petista.
Já com relação à educação, Marta alfinetou mais uma vez o adversário ao afirmar que irá investir em CEUs (Centro Educacional Unificado). "Coisa que você não fez", disse. "Infelizmente, quando ela foi prefeita, ela não investiu no professor", rebateu Kassab. A ex-prefeita afirmou que irá investir nos professores e atacou a pontuação da atual administração na prova nacional.
Os candidatos chegaram à sede da emissora por volta das 21h no Brooklin. Apenas a TV Globo foi autorizada a realizar entrevistas na chegada, enquanto os demais jornalistas devem esperar até o final para conseguir declarações sobre o embate.
Pela primeira vez nos seis debates realizados desde o início da corrida eleitoral, Marta trouxe a militância ao debate. Em seus sites de campanha, que devem sair do ar até a meia noite desta sexta, os candidatos publicam notas sobre o confronto.