Os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) e Marta Suplicy (PT), voltaram a trocar acusações sobre suas gestões na cidade nesta sexta-feira (24), em debate realizado pela TV Globo. No quarto e último bloco de perguntas, Kassab afirmou que Marta foi "muito mal na saúde". A petista, por sua vez, afirmou que a atual gestão é mal avaliada na área da educação.

Os candidatos estão lado a lado, a cerca de um metro de distância, no confronto mediado pelo jornalista Chico Pinheiro -terceiro e último do segundo turno na capital paulista. Em uma hora e meia, eles trocam questionamentos por quatro blocos. No primeiro e no terceiro, cada um faz duas perguntas ao adversário com tema livre. No segundo e quarto, as questões são sobre temas determinados, previamente sorteados. O quinto bloco é reservado às considerações finais.

Quarto bloco

No último bloco, Marta abordou pesquisa Ibope que, segundo ela, mostra que a saúde na gestão de Kassab é mal avaliada. "A minha gestão é muito bem avaliada. Você foi reprovada. Tanto é que você não foi reeleita. Você foi muito mal na saúde", disse o candidato. "Você pinça algumas pesquisas referentes a alguns programas", alegou a petista.

Já com relação à educação, Marta alfinetou mais uma vez o adversário ao afirmar que irá investir em CEUs (Centro Educacional Unificado). "Coisa que você não fez", disse. "Infelizmente, quando ela foi prefeita, ela não investiu no professor", rebateu Kassab. A ex-prefeita afirmou que irá investir nos professores e atacou a pontuação da atual administração na prova nacional.

Sobre o tema dívida pública, Marta voltou a atrelar Kassab à gestão Celso Pitta. "Você deixou a prefeitura de São Paulo quebrada e isso é de conhecimento público. Nós viramos a página. Nós encontramos duas vezes quebrada e colocamos a casa em ordem", rebateu o candidato, que citou taxas da administração da adversária. "Kassab, não adianta você se furtar da dívida e de como vocês quebraram a cidade", completou Marta. "Por mais que você fale, quem tem qualquer memória lembra do escândalo dos precatórios, que geraram toda essa dívida da cidade", afirmou.

Geração de empregos foi o último tema abordado no debate. Marta afirmou que irá continuar projetos que estejam funcionando bem e criticou o prefeito. "Você não fez o CEU profissionalizante. Todos os projetos inovadores você reduziu muito", afirmou. "Gente não é a sua prioridade." "As pessoas que nos assistem sabem que nossa prioridade são as pessoas", disse Kassab.

Terceiro bloco

Kassab deu início ao terceiro bloco questionando Marta sobre os túneis da Faria Lima. "Ela fez dois túneis famosos, gastou R$ 100 milhões em assessores", atacou. "Eu fiz muito com os recursos que eu tinha. Esses túneis são uma operação urbana e não é do orçamento, ele é da região da Faria Lima, só podia colocar ali. E eu não sou como você, de deixar o dinheiro no banco. Agora, eu construí os corredores, que você não construiu", rebateu Marta.

"Na região de Pinheiros, poderia sim ter investido no metrô. É preciso priorizar", disse Kassab. Marta defendeu que não havia projeto para isso e respondeu: "Os corredores é que fazem diferença para essa cidade, e vocês não fizeram nenhum."

Marta voltou a questionar o adversário sobre projeto polêmico em sua gestão, posteriormente retirado, que previa pedágio urbano na cidade. "Enquanto for prefeito não haverá pedágio urbano. Quando ela diz que o vereador do meu partido apresentou projeto, ele tem o direito. Eu não sou ditador. Mas ela omite que seu secretário de Transportes defende o pedágio urbano", respondeu Kassab.

Segundo bloco

Na primeira pergunta, Marta Suplicy questionou Kassab sobre sua política para os ambulantes. "Somos a favor daqueles que trabalham com honestidade. É possível fiscalizar aqueles que trabalham com carga pirata", disse o candidato, que citou a Lei Cidade Limpa. "Quando eu entrei na prefeitura, ela estava contaminada pela corrupção da gestão Pitta, da qual o senhor fazia parte", desviou Marta, que citou a volta da Máfia dos Fiscais na atual gestão. "O procurador-geral da República chamou de 'quadrilha' e eu nunca ouvi você se afastar. Eu me afastei do Pitta", retrucou Kassab, citando envolvidos no escândalo do "Mensalão".

Em seguida, ambos falaram sobre habitação. Marta aproveitou para ler documento da prefeitura que, segundo ela, é enviado para despejar moradores. "Tentou expulsar o pessoal do Jardim Edite de lá, usou gás lacrimogêneo e cachorro. Essa é a sua política habitacional", disse Marta levantando a voz. "Você abandonou os mutirões começados por Mario Covas. É importante discutir políticas públicas, e não um documento que não se sabe de onde veio", respondeu o candidato à reeleição. Em seguida, Marta disse que chorou ao visitar favela onde ele deixou um "muro de Berlim", no Jardim Cabuçu, no Jaçanã.

Primeiro bloco

A primeira pergunta partiu de Kassab, que deu início com um ataque à adversária ao questioná-la sobre com ela deixou a "cidade quebrada". "Você entregou a cidade com 92 obras paradas, dívidas", disse o candidato. "Tive as contas aprovadas. Lembro quando Serra começou a dizer essa politicagem de que essa cidade estava quebrada. Eu imagino se recebesse de você", respondeu a petista. "Eu acho inacreditável ficarem falando. Se recebessem a prefeitura como eu recebi. Eu entreguei a cidade em ordem, contas em ordens."

Em seguida, Marta imitou o adversário e trouxe um documento no qual leu uma lista, o "cheque despejo" que, segundo ela, é a carta enviada por Kassab aos moradores que terão suas casas desapropriadas. "Acho importante fazer um debate sobre São Paulo", desviou Kassab, chamando o documento de "pegadinha". "Não sei se é verdadeiro [esse documento]. Nós temos política pública de habitação", completou.

Início

Os candidatos chegaram à sede da emissora por volta das 21h no Brooklin. Apenas a TV Globo foi autorizada a realizar entrevistas na chegada, enquanto os demais jornalistas devem esperar até o final para conseguir declarações sobre o embate.

Pela primeira vez nos seis debates realizados desde o início da corrida eleitoral, Marta trouxe a militância ao debate. Em seus sites de campanha, que devem sair do ar até a meia noite desta sexta, os candidatos publicam notas sobre o confronto.

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