Prefeito de Belo Horizonte admite fim da aliança entre o PT e o PSDB

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

Pressionado pelo PT, PSDB e PSB, o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), admitiu, pela primeira vez, a possibilidade de rompimento na coligação de apoio à sua reeleição, capitaneada pelos três partidos.

“Não posso tomar nenhuma atitude e, depois, ser responsabilizado pelo rompimento da aliança”, afirmou Lacerda. “Damos os passos com todo cuidado. Se vier a ter um rompimento, não vai ser por uma ação da nossa parte”, disse.

A afirmação foi feita um mês depois de Lacerda ter declarado, que “não existe essa dicotomia. É falso o dilema PT versus PSDB. A coligação é muito grande”.

A aliança entre petistas, tucanos e o PSB levou Lacerda à prefeitura.

O acordo para levar um nome desconhecido no cenário político mineiro foi firmado em 2008 entre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, que é do PT.

A declaração de Lacerda, durante encontro de pré-candidatos a vereador do PSB, em Belo Horizonte, domingo (1º), foi feita dias antes da reunião com o presidente nacional da legenda, deputado estadual Rui Falcão (SP), em São Paulo, no dia 10 do mês passado, em que Lacerda selou a participação do PT na sua coligação.

O prefeito, além da oposição de 40% dos membros do diretório municipal do PT – que defendem a tese de candidatura própria e se negam a participar da escolha de um nome para candidato a vice –,é pressionado também pelos tucanos.

Coligação proporcional

O PSDB não aceita a coligação proporcional (na chapa de vereadores) com o PT, considerada muito forte, e teme uma provável candidatura de Lacerda em 2014 ao governo do Estado.

O PT, além de indicar o nome do candidato a vice, insiste também na coligação proporcional com o PSB.

A estimativa é de que a legenda que se aliar ao PSB, por ser a do candidato a prefeito, possa ter duas ou três cadeiras a mais, numa Câmara de 41 membros.

Os pré-candidatos a vereador pelo PSB, por sua vez, também não aceitam a coligação proporcional com o PT e ameaçam retirar seus nomes como candidatos, caso a direção do partido chancele o acordo.

O deputado federal Marcus Pestana, presidente do diretório estadual do PSDB de Minas Gerais, afirmou que o seu partido não vai aceitar fazer coligação nas eleições proporcionais.

“Querem levar tudo? Aí é provocação. Já vão indicar o nome do (candidato a) vice. Não aceitaremos que o PT faça parte da coligação proporcional que faremos com o PSB”, afirmou Pestana.

O PT marcou encontro para o próximo domingo (20) para a escolha do nome do candidato a vice.

PREFEITO QUER PSDB E PT JUNTOS

A indefinição abriu espaço para mais especulações e começou a circular também o nome do ex-ministro e ex-prefeito, Patrus Ananias, como provável quadro de consenso na legenda, que já tem nove pré-candidatos.

Entretanto, para Lacerda, “talvez, ser vice não seja adequado para a carreira do Patrus (Ananias)”.

Aécio reage

Além de atrapalhar o PSDB nas eleições deste ano em Belo Horizonte, as articulações conduzidas pelo ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, presidente do diretório estadual do PSB, poderiam ameaçar a permanência do grupo político do senador Aécio Neves (PSDB) no Palácio da Liberdade.

Supostos acertos entre o ex-presidente Lula e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, em 2014, em troca do apoio petista à uma provável candidatura de Lacerda ao governo de Minas, repercutiram mal entre os tucanos.

Além de entregar o cargo de prefeito da capital a um petista, Lacerda ameaçaria a hegemonia tucana no governo de Minas Gerais, e poderia comprometer as pretensões de Aécio em candidatar-se em 2014 a presidente.

“Márcio Lacerda é uma criação política nossa. Tive o privilégio de filiar o atual prefeito no PSB, antes mesmo das próprias lideranças do partido saberem disso”, afirmou Aécio. E cobrou maior espaço para o PSDB na coligação.

“A participação na coligação deve ser de acordo com a importância e densidade de cada partido em Belo Horizonte. O PT é um partido secundário na cidade. Com o apoio de Lula e de Dilma, ex-prefeito petista participando da chapa, com o apoio do PMDB que é muito bem estruturado na cidade, o PT teve 22% dos votos e nós tivemos 73% com um candidato, o governador Antonio Anastasia, que nunca havia disputado eleições”.

Aliados

Nos últimos dias, o arco de políticos ligados a Aécio, que ensaiavam apoio a Lacerda, lançaram candidaturas próprias: o PTB lançou o deputado federal Eros Biondini (PTB-MG) e, o PSC, o deputado federal Stefano Aguiar.

Faz ainda parte de base de apoio ao tucano, o candidato do PV, deputado estadual Délio Malheiros.

O ex-governador mineiro, porém, nega qualquer tipo de pressão.

“Tenho em Minas Gerais uma base de sustentação política muito ampla. Nosso apoio ao Márcio (Lacerda) é muito claro. Sem qualquer tipo de chantagem. Quando parcelas importantes do PT eram contra, apoiamos o seu governo”, disse Aécio.

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