Operação Lava Jato

"Quem hoje pede a prisão de Lula pode também ser preso amanhã", diz Marinho

Janaina Garcia e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

O presidente estadual do PT, Luiz Marinho, afirmou nesta terça-feira (3) que uma eventual negativa do STF (Supremo Tribunal Federal) em conceder o habeas corpus preventivo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta (4), representaria uma tentativa de "tapetão" da qual os próprios algozes do petista poderiam ser vítimas no futuro. Ele não citou nomes. A sessão está prevista para começar às 14h e será transmitida pelo UOL.

"As manifestações de um lado e de outro são naturais; há uma parcela da sociedade que defende a prisão do Lula e deseja derrotá-lo, mas não tem coragem de derrotá-lo nas urnas, então quer no tapetão", disse. "Mas a Constituição Federal é clara, e quem hoje pede a prisão de Lula pode também ser preso amanhã. E isso é tudo o que não pode acontecer: você interpretar o texto constitucional de acordo com a ocasião", defendeu.
PAULO LOPES/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
24.mar.2018 - Luiz Marinho, pré-candidato ao governo do estado de São Paulo pelo PT

Lula malha e fala à militância

Pré-candidato petista ao governo de São Paulo, Marinho contou que se reuniu hoje à tarde com Lula, com quem não mais se encontrava, pessoalmente, desde o fim da caravana pelo Sul do país, encerrada semana passada no Paraná. O ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, afirmou que encontrou o petista "sereno, tranquilo" e confirmou que Lula acompanhará amanhã cedo, na entidade, o julgamento do caso. A informação foi reforçada pela assessoria de imprensa do Instituto Lula. "Ele vai cedo à academia, fazer seus exercícios, depois vai para o sindicato", afirmou o presidente estadual do partido.

"Ele espera que a verdade prevaleça, sempre, e isso já era para estar resolvido se o Supremo tivesse pautado corretamente o debate. Não pedimos privilégio em relação a ninguém, só esperamos que a Constituição e as normas legais sejam respeitadas, uma vez que não há nenhuma prova que o condene."

Indagado sobre que clima esperar da militância caso o habeas corpus preventivo não seja concedido –o que abriria a possibilidade de Lula ser preso em breve --, Marinho desconversou. "Não dá para calcular de que maneira mais espontânea isso ressoaria pelo Brasil afora", disse, para completar: "Mas não queiram que haja um processo natural de aceitação, porque o sentimento hoje entre os nossos é o de que há perseguição", definiu.

Lula deverá falar amanhã à militância no sindicato assim como fez no julgamento de janeiro. Na ocasião, se disse "extremamente tranquilo" e estimou um placar de 3 x 0 favorável a ele no julgamento de seu recurso na 8ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre. O grupo, entretanto, negou por unanimidade recurso contra a condenação imposta em julho do ano passado pelo juiz federal Sérgio Moro e ainda aumentou de nove para 12 anos e um mês a pena de prisão em regime fechado.

Lula acompanha julgamento no sindicato

O petista vai no final da manhã para o sindicato, onde acontece, já a partir das 9h, uma vigília organizada pela militância. Hoje, mais cedo, uma primeira vigília foi realizada em frente ao prédio onde Lula vive com a família, em São Bernardo, por militantes do PT e de movimentos sociais.

Coordenador do programa de governo do PT para o Planalto, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad irá acompanhar a sessão ao lado do ex-presidente. Ainda não está definido se Haddad também irá participar da vigília pela manhã.

Antes da decisão de ir ao sindicato, ventilou-se a possibilidade de Lula acompanhar a sessão no Congresso Nacional dos Movimentos Populares, que acontecerá na escola Florestan Fernandes, ligada ao MST (Movimento dos Sem-Terra), em Guararema, a cerca de 80 quilômetros da capital paulista. Quem estará no local é o ex-deputado federal Renato Simões (PT), um dos coordenadores-executivos do programa de governo.

O sindicato é simbólico a Lula e aos petistas: a entidade foi berço do movimento sindical que, já na década de 1970, lançou o então torneiro mecânico à liderança que o engajaria posteriormente na política e na criação do PT e da CUT (Central Única dos Trabalhadores), maior central sindical do país.

Representantes da bancada petista na Câmara e no Senado acompanharão o julgamento do ex-presidente em Brasília. Os senadores devem se reunir na noite de hoje para definir se irão juntos ao ato marcado para a capital federal.

Em Brasília, o acesso ao prédio do STF será bloqueado, e a Esplanada dos Ministérios, destinada aos manifestantes pró e contra Lula, será dividida.

"Extremamente tranquilo", disse petista em janeiro

Em janeiro, cercado de militantes e familiares, no sindicato, Lula afirmou em um discurso de cerca de 15 minutos que "as pessoas que me julgam estão com a consciência menos tranquila que a minha". "Estou extremamente tranquilo e com a consciência tranquila do que está acontecendo Brasil e tenho a certeza absoluta de que não cometi nenhum crime. E é por isso que a única decisão é dizerem, por 3 a 0, que o juiz (Sergio) Moro errou ao dar a sentença", disse o ex-presidente, na ocasião, antes da definição dos votos. E completou: "Se vai acontecer ou não, não sei, mas a única coisa certa e justa".

Naquele dia, entretanto, o TRF-4 votou pela condenação do ex-presidente, além de ampliar a pena de nove para 12 anos e um mês.

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