Operação Lava Jato

Lula se diz "extremamente tranquilo" e pede placar de 3 a 0 a seu favor

Janaina Garcia

Do UOL, em São Bernardo do Campo (SP)

No primeiro pronunciamento feito ao mesmo tempo em que é julgado no TRF-4, nesta quarta-feira (24), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se disse "extremamente tranquilo" ante o resultado que deve ser proferido à tarde. 

Lula discursou no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), antes do primeiro dos três desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Federal de Porto Alegre proferir o voto. O ex-presidente acompanha em uma sala fechada do segundo andar, com aliados do partido e familiares, a sessão.

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A fala do petista à militância durou cerca de 15 minutos. Antes, porém, havia enfatizado que não faria da fala "um ato" — ele encerrará o ato de centrais sindicais e movimentos sociais, no final da tarde, na Praça da República (centro de São Paulo).

"As pessoas que me julgam estão com a consciência menos tranquila que a minha", afirmou, ao lado de nomes como o presidente estadual do PT, Luiz Marinho, e governadores petistas do Piauí, Minas e Acre.

"Estou extremamente tranquilo e com a consciência tranquila do que está acontecendo Brasil e tenho a certeza absoluta de que não cometi nenhum crime. E é por isso que a única decisão é dizerem, por 3 a 0, que o juiz (Sergio) Moro errou ao dar a sentença", disse o ex-presidente antes da definição dos votos. E completou: "Se vai acontecer ou não, não sei, mas a única coisa certa e justa". No entanto, Lula já levou 2 a 0 após o relator João Pedro Gebran Neto e o revisor Leandro Paulsen votarem pela condenação do ex-presidente, além de ampliar a pena para 12 anos e 1 mês.

"O povo está acordando de uma anestesia"

Caso a 8ª Turma confirme a condenação do ex-presidente, Lula poderá ficar impedido de disputar a eleição presidencial, marcada para 7 de outubro, em função da Lei da Ficha Limpa.

"Só o dia em que eu morrer vou parar de lutar em defesa do povo brasileiro e na construção da democracia", completou o ex-presidente.

Além do processo em que é julgado no TRF, Lula usou o breve discurso para críticas ao atual governo e às forças políticas que destituíram Dilma Roussef (PT) da Presidência, com o impeachment em 2016.

"É muito pouco o que está acontecendo comigo diante do que acontece com milhões de pessoas desempregadas e massacradas pela reforma trabalhista e pela reforma que querem fazer na Previdência. Não querem reforma para mexer no salário do juiz, do desembargador, do delegado, mas no salário do povo trabalhador", discursou.

À plateia que o recebeu aos gritos de "Lula presidente", o petista afirmou acreditar que "o povo está acordando de uma anestesia" ao que ele chamou de "cirurgia que disseram fazer para tirar essa doença que seria o PT".

"A conquista de vocês [classe trabalhadora] nos últimos anos incomodou a elite brasileira. Esse país era pensando para 35% da população", criticou.

Após o discurso, o ex-presidente almoçaria. O destino não foi informado. No microfone, dirigentes sindicais pediram à militância que não dispersasse, já que a ideia é deixar São Bernardo tão logo encerre o julgamento — o que está previsto para o meio da tarde.

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