Vou morrer sem ligar para pedir favor ao STF, diz Lula
Nathan Lopes
Do UOL, em Salvador
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Raul Spinassé/Agência A Tarde/Estadão Conteudo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa do Encontro Internacional Parlamentar, evento ligado ao Fórum Social Mundial, que acontece na Alba (Assembleia Legislativa da Bahia), em Salvador
Com a polêmica em torno da discussão sobre se o STF (Supremo Tribunal Federal) vai pautar ou não o julgamento a prisão após condenação em segunda instância, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não irá ligar para nenhum ministro do Supremo para pedir favor.
"Eu não quero nenhum favor. Eu fui o presidente que mais indiquei ministro da Suprema Corte. Nunca liguei para nenhum pedido nenhum favor. E vou morrer sem pedir", disse na Alba (Assembleia Legislativa da Bahia) durante o Encontro Internacional Parlamentar, evento ligado ao Fórum Social Mundial, que acontece em Salvador.
Advogados de Lula tem se encontrado com ministros do STF na tentativa de que a Corte se reúna para debater a execução da pena após segunda instância, entendimento atual da Corte. Ministros do Supremo tem se mostrado contrários à situação.
O TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) condenou Lula a mais de 12 anos de prisão e indicou que irá pedir a execução da pena assim que os recursos pendentes forem julgados. A defesa de Lula também tenta, por meio de habeas corpus no STF, impedir que Lula seja preso e que possa recorrer em liberdade.
Lula diz que não indicou ministros do Supremo e do STJ (Superior Tribunal de Justiça) para ser favorecido. "Indiquei para eles cumprirem a Constituição".
O ex-presidente voltou a criticar parte do MPF (Ministério Público Federal), da Justiça Federal e da PF (Polícia Federal), dizendo que eles precisariam ter mais conhecimento de política.
Ontem, a presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, recebeu na Corte uma comitiva de deputados do PT e de partidos da oposição e recebeu também o advogado de Lula, Sepúvelda Pertence.
Um dia antes do encontro, nesta terça, Cármen afirmou que não se submete à pressão de políticos para incluir o tema na pauta do Supremo.
No fim de janeiro, ela afirmou que uma reavaliação da prisão após segunda instância por causa de Lula seria "apequenar" a Corte.