Por que falar de outros nomes quando se tem Pelé?, diz Lindbergh sobre Lula

Nathan Lopes

Do UOL, em Salvador

  • Ricardo Stuckert - 24.mai.2012/Instituto Lula

    Lindbergh Farias comparou Lula a Pelé: "não dá para tirar do jogo"

    Lindbergh Farias comparou Lula a Pelé: "não dá para tirar do jogo"

A avaliação do governador da Bahia, Rui Costa, sobre o PT precisar debater a hipótese de apoiar a candidatura de outro partido ao Planalto caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não possa participar do pleito foi criticada internamente pelas principais lideranças da Executiva Nacional do partido.

Para o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), falar em plano B é "naturalizar todo esse processo do golpe que está acontecendo", disse em referência ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e os processos contra Lula. "Acho que é coisa de amador ficar falando em novos nomes para candidatura a presidente, do PT ou fora do PT, quando a gente tem o Pelé", disse ao UOL.

Não dá para tirar Pelé do jogo, nós vamos com Pelé até o último momento."

A presidente do partido, a senadora Gleisi Hoffmann, por sua vez, diz que pensar na substituição de Lula é convalidar as teses do "golpe". Participando do Fórum Social Mundial desde quarta-feira (14), Gleisi deverá conversar com Costa. Ela também irá conduzir a reunião da Executiva Nacional da legenda, que acontece nesta quinta-feira (15). A situação jurídica e eleitoral de Lula estará no centro do debate do partido.

Aliado de Costa e secretário de seu governo, o ex-ministro Jaques Wagner disse, em evento no Fórum, que a entrevista do governador deu "muita confusão", mas que o partido só tem o "plano L", de Lula. "Nós estamos muito fechados com esse ponto de vista", comentou.

Na entrevista, Costa ressaltou que espera que Lula não seja preso e que possa disputar a eleição pelo partido, mas que o partido não poderia se furtar a ver outros cenários, os quais analisou. Para ele, na hipótese de Lula ser impedido de disputar o pleito, "mais importante que ter um nome do partido, é ter um nome que reconstrua o Brasil".

Jonas Pereira/Agência Senado
Líder do PT no Senado, Lindbergh diz que partido não pode abrir mão de Lula

A entrevista que o governador baiano concedeu ao UOL teria gerado questionamentos dentro do partido. Para Lindbergh, houve "falta de oportunidade" na fala, considerando o cenário em que o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) pode pedir a execução da pena do petista a mais de 12 anos de prisão.

Essa não é a primeira vez que discursos contrários à visão da direção nacional do partido sobre a candidatura são criticados. Em fevereiro, artigo do presidente do diretório estadual do Rio de Janeiro, Washington Quaquá, foi mal visto.

Antes, em janeiro, na inauguração de comitês em defesa de Lula, o ex-presidente do PT Rui Falcão disse que o partido precisava considerar a hipótese de Lula não ser eleito. "Não pelas nossas vontade, mas pela continuidade do golpe". Falcão também teve de explicar a fala internamente.

Apesar dessas manifestações, Lindbergh avalia que há unidade no partido, que tem uma definição da qual não abre mão: "não vamos abrir mão da candidatura do Lula".

O senador, porém, concordou com o governador da Bahia em um ponto. A eventual prisão de Lula pode servir como catalisador para mais votos. "Acho que uma prisão do Lula, dessa forma, vai causar uma onda de indignação grande no país", disse, pontuando que o ex-presidente vem crescendo nas pesquisas mesmo com os processos e a condenação na Operação Lava Jato.

"Acho que ele vai crescer muito", disse, sem citar a hipótese de um substituto para Lula no caso de prisão. Lindbergh, aliás, espera que o STF (Supremo Tribunal Federal) não venha a permitir "essa loucura". "Espero que exista bom senso. O Supremo sempre tem que jogar o papel para garantir a estabilidade do país. Uma prisão do Lula, nessas circunstâncias, infelizmente, vai criar mais instabilidade no país".

O senador pontua que o PT só irá respeitar o resultado da eleição presidencial de outubro se Lula estiver na disputa. E no caso contrário? "Não vamos reconhecer a legitimidade do presidente eleito numa circunstância como essa".

Presidente do STF diz que não se submete à pressão

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos