Com aval de Doria, tucanos buscam aliança com adversários na Câmara de SP
Flávio Costa
Do UOL, em São Paulo
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MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO CONTEÚDO
Prefeito João Doria precisará buscar apoio de adversários na Câmara Municipal
Vereadores tucanos vão buscar o apoio de pelo menos 13 colegas eleitos pelas chapas de Celso Russomanno (PRB) e Marta Suplicy (PMDB) e os quatro eleitos pelo PR, que estavam com o atual prefeito Fernando Haddad (PT), para formar a maioria necessária para aprovação de projetos do prefeito eleito, João Doria (PSDB), na Câmara Municipal de São Paulo.
Por seu lado, vereadores do PMDB, PSD, PR e PSD, ouvidos pelo UOL, afirmaram que estão dispostos a iniciar um diálogo com os tucanos e formar a base de apoio de Doria, eleito no primeiro turno. Ele deve enfrentar oposição sistemática dos 11 vereadores eleitos pelo PT (9) e pelo PSOL (2).
"Nós temos um prefeito eleito, João Doria, que tem um programa de governo, e aqueles que se alinharem a esse programa de governo são muito bem-vindos para que a gente possa trabalhar nos próximos quatro anos, independente do partido", afirma vereador tucano reeleito Eduardo Tuma.
A coligação de Doria obteve 25 das 55 cadeiras da Câmara paulistana. Os partidos que apoiaram Russomanno conseguiram eleger sete vereadores e os que participaram da chapa de Marta conseguiram seis cadeiras.
"Para implantar seu plano de governo ele terá que negociar com Câmara. Nós estamos abertos ao diálogo que resulte ao final em um apoio de nossa bancada", declarou Souza Santos, atual líder do PRB, que, além de Santos, terá outros três vereadores na câmara em 2017.
Para aprovar projetos como concessão de serviços públicos, o prefeito eleito precisará ter a maioria absoluta, ou seja um mínimo de 28 votos, de acordo com o regimento interno da casa legislativa.
Há casos em que se precisa da chamada maioria especial, que significa 33 votos, a exemplo de projetos que tratam de zoneamento urbano da capital. Existem ainda casos em que se precisa da chamada maioria qualificada, a exemplo da aprovação das privatizações do complexo de Interlagos e do Anhembi, Doria precisará do voto de 37 votos vereadores.
Ou seja, para qualquer projeto, Doria vai precisar de mais vereadores que os eleitos em sua coligação.
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"Buscar o apoio de vereadores de partidos que trabalharam com Russomanno e Marta, e até outros, é um caminho natural, caso contrário você não consegue ter encaminhamentos na Câmara", afirma o líder do PSDB no legislativo paulistano, Aurélio Nomura. "Eu acho que a votação expressiva do Doria, ganhando no primeiro turno, fará que nós tenhamos um apoio maior de outros vereadores que estavam em outros campos", completa.
De acordo com o líder tucano, as primeiras conversas já começaram, como já havia apontado o próprio Doria em sua primeira coletiva de imprensa. "Nosso conjunto de alianças hoje abriga 25 vereadores, não é maioria, mas é um número expressivo, e a partir de agora vamos abrir as conversas com outros partidos também que podem compor aliança para termos uma câmara consistente e com maioria."
Além de Nomura, outro vereador tucano que deve ter papel importante nas articulações é Mario Covas Neto, tio do vice-prefeito eleito, Bruno Covas. "Penso também que é natural a aproximação no plano município com alguns partidos que já são próximos, seja em nível nacional ou em nível estadual, não vejo porque não posso ter em nível municipal também".
Adversários declaram apoio
"Vou apoiar sim. Esse prefeito mostrou que está bem-intencionado. E a população deu o recado nas urnas, que apoia esse projeto", afirma o peemedebista George Hato. Seu outro colega de partido na Câmara, Ricardo Nunes, segue a mesma linha: "Minha posição é a seguinte: se não atrapalhar o projeto nacional do PMDB para 2018, eu acho que devemos apoiar a gestão Doria."
Oposição restrita ao PT e PSOL
Apenas dois partidos com vereadores eleitos já anunciaram que serão "oposição sistemática" ao próximo prefeito de São Paulo. De acordo com presidente estadual dos Partidos dos Trabalhadores, Emídio Souza, haverá "resistência ao projeto privatizante de Doria".
"Nós vamos fazer oposição sistemática, mas responsável. Não vamos jogar contra a cidade. Mas também nós vamos nos opor esse projeto de privatização do patrimônio público de São Paulo, que é a história das administrações do PSDB", afirma o líder do partido da Câmara, Senival Moura, que deve liderar a "tropa de choque" petista.
Já o mais votado entre os candidatos, o ex-senador Eduardo Suplicy, afirmou ao UOL buscará o diálogo com os tucanos. "Vou tentar mostrar ao próximo prefeito que o foi feito de bom na gestão Haddad deve ser mantido".
"Nós não estaremos unidos ao PT na oposição, pois a verdade é que o PT de hoje difere muito pouco do PSDB. Mas com certeza, votaremos em questões pontuais contra projetos dessa próxima administração", afirma o vereador reeleito pelo PSOL, Toninho Vespoli.
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