Haddad, Marta e Doria concentram ataques entre si; Russomanno evita embate

Do UOL, em São Paulo

No primeiro debate da corrida pela Prefeitura de São Paulo, os três candidatos que disputam uma vaga em um eventual segundo turno, de acordo com a última pesquisa Datafolha, promoveram ataques entre si e pouparam o líder da disputa. O encontro realizado pela Band na noite desta segunda-feira (22) contou com a presença de cinco dos 11 concorrentes que disputam a Prefeitura de São Paulo,

O atual prefeito, Fernando Haddad (PT), Marta Suplicy (PMDB) e João Doria Jr. (PSDB), que representam três das principais forças partidárias nacionais, trocaram farpas em várias oportunidades e sobre vários temas, enquanto Celso Russomanno (PRB), que lidera a corrida pela prefeitura, evitou confrontos --e acabou menos visado pelos concorrentes, preferindo interagir com Major Olimpio (Solidariedade).

A candidata Luiza Erundina (PSOL), que está entre os candidatos mais bem colocados no último Datafolha, não participou do debate. Com a minirreforma eleitoral, sancionada em 2015, apenas candidatos de partidos com mais de nove deputados na Câmara podem participar do debate. A Justiça Eleitoral negou recurso apresentado pela candidata do PSOL.

Erundina realizou um "debate paralelo" no Facebook, onde chamou de censura sua exclusão do evento, dizendo que os oponentes tiveram medo da sua participação.

Levi Bianco/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo
Haddad, Doria e Marta protagonizaram os principais confrontos do debate

Três assuntos esquentaram as discussões e geraram os confrontos entre Haddad, Marta e Doria: políticas sociais, corrupção a extinção da inspeção veicular e arrecadação de impostos.
 
Sobre o primeiro tema, Marta questionou Doria sobre mudanças na área propostas pelo tucano. "Eu gostaria que você explicasse aos negros, mulheres, pessoas com deficiência, e aos jovens, por que você os chamou de penduricalhos [as secretarias municipais que representam essas áreas]", disse a peemedebista.
 
Ao responder uma pergunta de Doria, Haddad também tocou no assunto. "Você [Doria] tem o hábito de querer cortar custos em áreas prioritárias. Você vai cortar secretarias que são fundamentais para atender a mulher, nós temos políticas fortes para as mulheres, os negros com políticas afirmativas". O tucano rebateu: "entendo que a administração pública não se trata apenas de criar secretarias, e ampliar a estrutura do estado, mas melhorar a sua eficiência".

Inspeção grátis

Sobre a inspeção veicular, Marta disse a Haddad que acha que ele "fez bem de acabar com o serviço, que era uma coisa muito complexa e duvidosa". A candidata, porém, afirma que a inspeção deve voltar "de outra forma". "E este controle não terá ônus. As pessoas não terão que pagar por isso", falou Marta. No entanto, não especificou como vai arrumar o dinheiro para manter o serviço gratuito.

Doria disse que também pretende retomar a inspeção. "Nós vamos avaliar a reintrodução da inspeção veicular gratuita, sem custo para as pessoas", disse o tucano. "Nós podemos, sim, dar um exemplo de São Paulo, e introduzindo a inspeção veicular gratuita, para redução da poluição ambiental". Assim como a candidata do PMDB, o tucano não se referiu a maneiras para financiar o serviço e mantê-lo gratuito.

Já o atual prefeito vê a ideia de seus concorrentes como um equívoco. "É um equívoco adotar a inspeção veicular numa cidade, ou se adota num estado ou é melhor não adotar porque os carros vão ser licenciados fora de São Paulo", comentou Haddad. 

Dinheiro curto

O tucano perguntou a Marta como ela faria para enfrentar a "arrecadação em queda da Prefeitura". A peemedebista respondeu que, ao contrário do que fez na sua primeira gestão, não irá criar novas taxas. E atacou o tucano, mudando um pouco de assunto: "São Paulo não é um parque de diversões, São Paulo não é reality show, São Paulo não é um pegar um telefone e achar que resolve".

João Doria aproveitou a oportunidade para cutucar Haddad: disse que lidará com a questão captando novos investimentos. "E rezar para que a economia do país também possa ter um outro desempenho, porque foi um desastre 13 anos de PT no Brasil."

Marlene Bergamo/Folhapress
Russomanno e Olimpio foram deixados de lado pelos outros candidatos

O desempenho do PT no governo federal, abordado por Doria, foi a oportunidade para Major Olimpio intensificar os ataques a Haddad e ironizar a sua candidatura. "O senhor foi um produto fabricado pelo Lula, e pelo João Santana, que já deixou claro que recebeu dinheiro frio de toda ordem para custear as campanhas de Dilma, do senhor, foi marqueteiro da Marta também em 2008", disse o candidato do Solidariedade.

Haddad respondeu dizendo que o erro de Olimpio "é generalizar". "Nós temos que combater o mau, apoiar a Justiça, e defender que todo mundo que cometeu erro, independentemente de partido, seja punido", comentou. "Todo o coletivo, todo partido, toda igreja, toda a corporação, tem maus elementos. Vamos parar com isso, com generalização baratas", falou o petista.

'Espectador'

Celso Russomanno, candidato do PRB que lidera a pesquisa de intenção de voto do Datafolha, evitou os confrontos e fez críticas pontuais à atual administração de São Paulo. Na primeira oportunidade que teve para escolher um candidato para perguntar, optou por Olímpio. "O que o senhor vai fazer para melhorar a segurança pública?" Na segunda oportunidade, a escolhida foi Marta: "Queria saber o que a senhora vai fazer para melhorar a questão da educação."

Quando foi questionado, Russomanno preferiu falar de propostas ligadas à diminuição nos tributos. "A gente precisa voltar a retomar o crescimento, a gente não pode ficar estagnado do jeito que a gente está. E só há uma forma de fazer isso, baixando as alíquotas. Não existe outra forma para trazer de volta as empresas que saíram do Estado de São Paulo".

Propostas

Apoio ao empreendedorismo, implantação de novos tipos de ônibus, intensificação de programas de saúde preventiva. Essas foram algumas sugestões apresentadas pelos candidatos durante o debate da TV Bandeirantes.
 
Marta Suplicy fala em criar o "Banco do Povo". "Para dar oportunidade para aquela mulher que está em casa e quer fazer salgadinho para vender. Ela poder ter um empréstimo pequeno para um fogão", explicou a candidata. 

J. F. Diorio/Estadão Conteúdo
Debate entre candidatos paulistanos foi mediado pelo jornalista Boris Casoy

Já Russomanno quer focar na área de prevenção para cuidar da saúde na cidade. Para isso, ele pretende aumentar o salário dos médicos da rede municipal. "Cinco médicos ganhando mais de R$ 20 mil por mês, no programa 'Saúde da Família', tratando, cada médico, de 200 famílias, são mil famílias atendidas na prevenção pelo preço de apenas um paciente em uma UTI [Unidade de Terapia Intensiva]." Segundo ele, o custo mensal desse tipo de tratamento do único paciente é de aproximadamente R$ 75 mil por mês.
 
Atual prefeito, Fernando Haddad promete criar 100 mil vagas em educação infantil caso seja reeleito. "E com isso, a questão da educação infantil vai estar superada do ponto de vista do acesso."
 
Olimpio privilegia a área de segurança pública - quer ampliar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana, com a contratação de ao menos mil integrantes do efetivo na cidade. "O que nós temos na cidade de São Paulo é terra sem lei. Tolerância zero para vagabundo. Tolerância zero para criminoso e muito respeito com o cidadão."
 
Na área de mobilidade urbana, Doria pretende "ampliar e aprimorar" os corredores de ônibus, que receberam coletivos duplos (biarticulados), que transportariam até 150 pessoas. "Esses ônibus serão também não poluentes."
 

Veja a íntegra do debate

Íntegra do 1º bloco

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Íntegra do 2º bloco

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Íntegra do 3º bloco

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Íntegra do 4º bloco

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Íntegra do 5º bloco

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