Gafe de Pezão e bate-boca sobre religião de Crivella marcam debate no Rio

Do UOL, no Rio

  • Glaucon Fernandes/Estadão Conteúdo

    Pezão (esq.) e Crivella participam do debate da Band no teatro Oi Casa Grande, no Leblon, zona sul do Rio

    Pezão (esq.) e Crivella participam do debate da Band no teatro Oi Casa Grande, no Leblon, zona sul do Rio

O atual governador do Rio de Janeiro e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB), se confundiu ao chamar o senador Marcelo Crivella (PRB) de governador logo no primeiro bloco do debate promovido pela Band, na noite desta quinta-feira (9). A falha arrancou risos da plateia. Diante do erro do adversário, Crivella brincou: "pode chamar de governador, sem o menor problema". Nas considerações finais, Pezão tentou se corrigir, referindo-se ao fato de que o adversário é bispo licenciado: "chamei de governador da Igreja Universal". A menção à mistura de política com religião provocou bate-boca entre os candidatos ao longo do programa.

O embate religioso começou quando Crivella falou sobre os dez pedidos de cassação da candidatura de Pezão feitos pela PRE (Procuradoria Regional Eleitoral) e disse que o Estado corria o risco de ter o "grave problema institucional de perder o seu governador" caso o peemedebista fosse reeleito. "Vivemos num país democrático onde temos o direito de defesa. No TRE já ganhei diversas ações. Obedeci à legislação eleitoral. Tenho muita tranquilidade", respondeu o atual governador. Crivella, por sua vez, afirmou que estava fazendo uma campanha "limpa e modesta".

"Muito triste, senador, o senhor falar que a sua campanha não tem recursos. A gente sabe o que a sua organização, a Igreja Universal faz durante a campanha. A Igreja Universal virou um partido político, tem canal de televisão", replicou Pezão. "O que a gente tem que discutir nesse segundo turno é como estão sendo feitas as alianças", completou.

Em seguida, o atual governador levantou dúvidas sobre quem estaria por trás do eventual governo de Crivella. "Quem vai conduzir os seus programas sociais, o Garotinho ou o bispo Edir Macedo (tio de Crivella)?", questionou. A pergunta gerou aplausos na plateia. "Minha mãe não vai mais apreciar aquele bom moço. O Garotinho foi quem trouxe você para capital, seu amigo. O senhor foi para a inauguração do Templo de Salomão (em São Paulo) e foi tão cordial com o bispo Macedo. Eu vou te dizer uma coisa, Pezão: não é por aí que você vai ganhar a eleição, não. Conversa com seus marqueteiros, que isso não vai dar resultado", rebateu o bispo licenciado. Nas suas considerações finais, ele falou ainda que não atacaria a religião do adversário. "Não quero promover guerra religiosa. Já ultrapassamos isso. O problema não é o risco de misturar política com religião. O problema é misturar política com corrupção".

1º bloco: candidatos dizem qual será seu primeiro ato de governo

Respondendo a uma pergunta sobre segurança, Crivella afirmou que um dos maiores problemas sobre a questão era o "mau exemplo dos políticos". "Quando a cúpula política está envolvida o dia inteiro em escândalos, não há como conter a bandidagem sem dar exemplo". Pezão, por sua vez, afirmou que o governo estava "fazendo um grande esforço de segurança" e disse que queria "melhorar cada vez mais a formação dos policiais". Ele citou ainda a contratação de 6.000 policiais militares e 1.500 civis.

Questionado sobre como diminuir o número de policiais assassinados no Rio de Janeiro, o governador defendeu o projeto das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e fez críticas à reação de entidades da sociedade civil às mortes. "Infelizmente as organizações de direitos humanos não se solidarizam com as famílias desses policiais. Nosso governo foi o primeiro que enfrentou de frente (sic) a criminalidade no nosso Estado".

O senador Marcelo Crivella se comprometeu a dar continuidade ao projeto implantado no governo de Sérgio Cabral, mas o criticou. "As UPPs são um avanço, mas foram instaladas sem planejamento em muitas áreas", disse. "Segurança começa quando a gente tem um governo do estado que sabe se impor, que não sai pra beber com grandes empresários".

Quando o tema foi educação, o senador do PRB chamou a melhora do Estado no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de "artificial". Disse ainda que os professores ganham pouco e que "o diálogo do governo do Estado foi péssimo e chegou à violência". O atual governador rebateu criticando Crivella: "muito triste o senhor menosprezar o trabalho dos professores e dos alunos que colocaram o Estado na quarta posição [do Ideb]".

2° bloco: Crivella e Pezão falam sobre aumento da violência

Sobre o abastecimento de água no Estado e a conflito entre os governos fluminense e paulista, Crivella sugeriu que paulistas dessalinizassem a água do mar. "Graças a Deus, o Rio de Janeiro não tem falta d'água. O que nós temos é falta de rede de água", declarou.

"Crivellinho" e "Penóquio"

Nesta quarta-feira (8), os dois se enfrentaram no primeiro debate do segundo turno, organizado pela revista "Veja" em parceria com a Universidade Estácio de Sá e a OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil no Rio), que foi marcado por um intenso confronto verbal entre os Pezão e Crivella, que envolveu até a mãe do bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.

O peemedebista ironizou uma citação recente de Crivella sobre sua mãe achá-lo "um bom moço". "Até ela vota em mim. Acho que o senhor vai acabar votando em mim", disse o atual governador. "Pezão, ela gosta de você e te acha um rapaz simples. Mas eu falei com ela: mamãe... ele é um bom moço. Não vamos votar nele, mas vamos orar por ele", respondeu Crivella.

A aliança no segundo turno entre o senador foi alvo de ataques de Pezão. "Vou passar a chamar o senador, nosso bispo licenciado, de Crivellinho", declarou. "O senador Crivella passou incólume no primeiro turno, falando que só ele era honesto e ficha limpa. Agora ele se une ao Garotinho, que ele criticou tanto. (...) A quem vai servir essa candidatura?", questionou.

Crivella, por sua vez, insinuou que o governador mentia, além de explorar a rejeição do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), que renunciou em abril, dando lugar ao vice, Pezão. "O pessoal fala na rua que o pé do Pezão cresceu porque ele é Penóquio", afirmou. "Comigo, a população não vai ter que sair às ruas para gritar fora Cabral, não vai me ver de guardanapo na cabeça nem vou fazer greve de fome", completou.

Pezão afirmou ainda que o adversário confunde política com religião e defendeu projetos implementados em seu governo. "Quem manda sou eu. Eu não vou me submeter ao meu tio [em referência ao bispo Edir Macedo, tio de Crivella e dono da Igreja Universal]. O senhor é o representante do seu tio à frente dos negócios da sua organização: a Igreja Universal", disparou.

3º bloco tem perguntas sobre transporte público

Eleições 2014 no Rio de Janeiro
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