Debate no Rio tem bate-boca com Malafaia e até mãe de candidato é citada

Do UOL, no Rio

  • Gustavo Serebrenick/Brazil Photo Press

    Marcelo Crivella (à esq.) e Luiz Fernando Pezão (à direita) trocaram acusações no primeiro debate do segundo turno da eleição para governador do Rio de Janeiro

    Marcelo Crivella (à esq.) e Luiz Fernando Pezão (à direita) trocaram acusações no primeiro debate do segundo turno da eleição para governador do Rio de Janeiro

O primeiro debate do segundo turno no Rio de Janeiro foi marcado por um intenso confronto verbal entre os candidatos ao governo do Estado Luiz Fernando Pezão (PMDB), atual chefe do Executivo e concorrente à reeleição, e Marcelo Crivella (PRB). Sobrou até para a mãe de Crivella, que, em entrevista recente, cogitou a possibilidade de votar no adversário do filho.

O fato foi lembrado por Pezão, nesta quarta-feira (8), durante o encontro organizado pela revista "Veja" em parceria com a Universidade Estácio de Sá e a OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil no Rio). "Até ela vota em mim. Acho que o senhor vai acabar votando em mim", disse o candidato do PMDB.

"Pezão, ela gosta de você e te acha um rapaz simples. Mas eu falei com ela: mamãe... ele é um bom moço. Não vamos votar nele, mas vamos orar por ele", respondeu Crivella.

Quem também abriu fogo contra Crivella foi o pastor Silas Malafaia, que participou do debate na condição de convidado. Os outros convidados foram o humorista Marcelo Madureira e o cineasta José Padilha. Malafaia teve direito, no primeiro bloco, a fazer uma pergunta para o candidato do PRB. O religioso afirmou que a Igreja Universal, da qual Crivella é bispo licenciado, "tem colocado pastores para fora" de programas televisivos e de rádio "como se colocam cachorros para fora".

O senador tem que tomar cuidado com essa convivência com Garotinho. Ele vai fazer o senhor mentir também. Luiz Fernando Pezão, governador do Rio de Janeiro e candidato à reeleição
X O pessoal na rua fala que o pé do Pezão cresceu porque ele é o Penóquio. Marcelo Crivella, senador e candidato ao governo do Rio de Janeiro

Malafaia perguntou, por fim, se Crivella e a igreja "não consideram nem seus irmãos de fé". Em sua resposta, Crivella declarou que Malafaia "possui ligações com o governo", antes de ser interrompido pelo pastor. "Mentiroso!", gritou Malafaia. O candidato do PRB retomou a palavra: "Mentiroso é você!".

Crivella argumentou não ter tido qualquer interferência nas decisões tomadas pelos representantes da Universal. "Eu sou senador. Guarde suas mágoas, seus recalques e suas frustrações e leve-as a Deus, não a mim", declarou.

Troca de farpas

Logo no começo do encontro, Pezão e Crivella já deram indícios de que o debate seria marcado por troca de farpas entre os candidatos. Ao responder sobre problemas na saúde pública, o concorrente à reeleição afirmou que associou o adversário, que é senador, ao fechamento das emergências dos hospitais federais. Na réplica, Crivella mencionou o fato de que o vice de Pezão, o veterano Francisco Dornelles (PP), também é senador.

Na sequência, o peemedebista afirmou que Crivella deveria "tomar muito cuidado com a convivência com Garotinho", em referência ao candidato do PR, Anthony Garotinho, derrotado no primeiro turno. "Ele vai fazer o senhor mentir também", disse. Depois de uma guerra de versões sobre quem teria sido o responsável pelas obras do Hospital de Traumatologia e Ortopedia Dona Lindu, em Paraíba do Sul, o pleiteante do PRB disparou: "O pessoal fala na rua que o pé do Pezão cresceu porque ele é 'Penóquio'. Não sou eu que estou mentindo".

No segundo bloco, ao comentar uma resposta do adversário sobre a política das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), Crivella afirmou que o projeto "sofreu com o desespero eleitoral do PMDB, que quer se manter no poder a vida toda". Pezão replicou com uma segunda menção ao ex-governador Anthony Garotinho. "Vou passar a chamar o senador, nosso bispo licenciado, de Crivellinho", declarou.

Na sequência do debate, Pezão ainda faria uma terceira menção ao candidato derrotado. Durante a campanha, Garotinho figurou como o pleiteante ao governo estadual que tinha o maior índice de rejeição, de acordo com as pesquisas eleitorais. "O senador Crivella passou incólume no primeiro turno, falando que só ele era honesto e ficha limpa. Agora ele se une ao Garotinho, que ele criticou tanto. (...) A quem vai servir essa candidatura?", questionou o peemedebista.

"Você é quem serve aos seus líderes. Eu sirvo a minha consciência e ao interesse público. Não sou eu que afirmo ser ficha limpa. Quem diz que eu sou ficha limpa é a Justiça", respondeu Crivella, que lembrou ainda do racha interno no PMDB que culminou com o movimento conhecido como "Aezão". "Uma hora você é Dilma e outra hora você é Aécio", completou o senador.

Nos dois blocos finais, os candidatos mantiveram discursos críticos. Crivella explorou polêmicas relacionadas à gestão Cabral e falou sobre propostas para a área da educação. "Nós precisamos de alternância política no Rio", disse ele, lembrando que o PMDB governa há oito anos. "Comigo, a população não vai ter que sair às ruas para gritar fora Cabral, não vai me ver de guardanapo na cabeça nem vou fazer greve de fome", completou.

Pezão, por sua vez, afirmou que o adversário confunde política com religião e defendeu projetos implementados em seu governo. "Quem manda sou eu. Eu não vou me submeter ao meu tio [em referência ao bispo Edir Macedo, tio de Crivella e dono da Igreja Universal]. O senhor é o representante do seu tio à frente dos negócios da sua organização: a Igreja Universal", disparou.

Eleições 2014 no Rio de Janeiro
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