"Já estamos no segundo turno", diz Marina após nova queda nas pesquisas

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

Durante visita nesta quarta-feira (1º) à favela de Paraisópolis, no Morumbi, zona oeste de São Paulo, a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, tentou demonstrar confiança de que estará no segundo turno após a subida do rival Aécio Neves (PSDB) nas pesquisas.

Na última pesquisa Datafolha, divulgada ontem (30), Marina aparece com 25% das intenções de voto, seguida de perto de Aécio, com 20% --Dilma Rousseff (PT) lidera com 40%. No início do mês, o tucano tinha 15% das intenções e Marina, 34%, mesmo percentual da candidata petista.

"A sociedade brasileira e eu já estamos no segundo turno. Temos a plena convicção que os brasileiros não vão tornar essa eleição um plebiscito", disse Marina, em entrevista coletiva durante a visita à comunidade.

Questionada sobre qual estratégia irá adotar diante da queda nas pesquisas, Marina falou em continuar a "debater o Brasil". "A gente vai continuar fazendo o nosso esforço de respeitar os brasileiros, de debater o Brasil."

 

Correios

Reportagem publicada nesta quarta-feira pelo jornal "O Estado de S. Paulo" mostra vídeo em que o deputado federal Durval Ângelo (PT-MG), em reunião com diretores dos Correios, comemora a ascensão nas pesquisas de Dilma e de Fernando Pimentel, candidato do PT ao governo do Estado, e atribui a alta nas pesquisas ao trabalho feito pelos Correios.

Questionada sobre o tema, Marina associou o episódio à reeleição. "A reeleição é uma chaga pelo país. Ela começou da forma errada, com compra de voto, e inaugurando o mensalão no Congresso Nacional. Depois, ela passou a ser uma prática que faz os governantes, em vez de pensar nos interesses da população, fazem de tudo para reeleger, não importa os meios. É por isso que sou contra a reeleição, porque cria uma situação de aparalheamento, de uso político das instituições públicas. Cria-se uma situação de que vale tudo para ganhar uma eleição."

Ataques do PT

Ontem (30) Marina Silva fez o discurso mais inflamado contra Dilma Rousseff desde que a campanha teve início. A ex-senadora afirmou que a rival mente quando diz que não sabia sobre o "roubo na Petrobras". Em resposta, Dilma afirmou que Marina mentiu ao dizer que votou a favor da criação da CPFM e que isso demonstra uma "falha de caráter."

Nesta quarta-feira, Marina citou a construção do Hospital de Paraisópolis, que teria sido prometida por Dilma na campanha de 2010, mas não foi concretizada. "Falta de caráter é vir numa comunidade como essa, prometer um hospital e não cumprir o compromisso depois de quatro anos. Isso sim é mentira. Mentira é se comprometer e não cumprir com o que se comprometeu."

Nesta reta final das eleiçoes, a campanha do PT produziu inserções de TV que associam Marina a figuras ligadas à ditadura, como a família Bornhausen e o ex-senador Heráclito Fortes (PSB). Perguntada sobre a associação, Marina afirmou que as "contradições" de Dilma são mais profundas.

"As companhias que a presidente tem, do Collor, do Sarney, do Maluf, do Renan Calheiros, do Jader Barbalho, e tantos outros, com certeza, essas sim, é (sic) a verdadeira contradição, a contradição mais profunda, que nós podemos encontrar na trajetória de pessoas que deveriam estar honrando essa trajetória", disse Marina.

Maior favela de São Paulo

Encravada em uma área nobre de São Paulo, Paraisópolis é a maior favela da capital, com cerca de 60 mil moradores. A visita à comunidade foi intermediada pelo candidato a deputado estadual Gilson Rodrigues, do PPL (Partido Pátria Livre), sigla que apoia Marina. O candidato foi presidente da União do Moradores de Paraisópolis, mas se licenciou por conta das eleições.

Na visita, Marina acompanhou apresentações da Orquestra Filarmônica de Paraisópolis e de um grupo de balé, cujas meninas usavam um coque semelhante ao de Marina. "Estou me sentindo literalmente em casa com tanto coque", brincou a candidata. "Elas me falaram que vieram todas de Marina", disse Gilson Rodrigues.

Em seguida, a ex-senadora discursou por 20 minutos e fez algumas críticas ao governo do PT. Prometeu contruir o Hospital de Paraisópolis, aumentar vagas em creches, oferecer educação de tempo integral e criar o passe livre estudantil. "Os outros candidatos fazem promessas. Nós assumimos compromissos."
Marina afirmou que conhece a realidade da favela por ter morado em ocupações em Rio Branco, no Acre. A candidata disse que é mentira as acusaões que, segundo ela, os adversários petistas fazem quando afirmam que ela acabaria com o Bolsa Família.

Depois do discurso, Marina e seu vice, Beto Albuquerque, deram entrevista à rádio comunitária Nova Paraisópolis, cuja frequência atinge toda a comunidade. Com perfil "chapa branca", a entrevista tornou-se mais um ato de campanha na comunidade.

No primeiro semestre, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos esteve Paraisópolis e chegou a visitar a escola estadual Governador Miguel Arraes, seu avô.

 

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