75% de doações a presidenciáveis vêm da construção, indústria e agronegócio

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

Os três principais candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB), têm suas campanhas bancadas, sobretudo, por construtoras, indústrias e empresas do agronegócio, segundo levantamento feito pelo UOL a partir das prestações de contas enviadas pelas campanhas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). 

Os números levam em conta tanto as doações feitas diretamente aos candidatos e aos respectivos comitês presidenciais quanto as realizadas para as direções nacionais de PT, PSB e PSDB. Para não contabilizar duas vezes uma mesma doação, o levantamento não incluiu os repasses feitos pelas direções nacionais aos candidatos e seus comitês. 

Os dados referem-se à segunda parcial da prestação de contas das campanhas, divulgada pelo TSE no último dia 5. A prestação completa de doações e despesas de campanha só será divulgada após o segundo turno.

Ainda não foram divulgadas as informações de doações feitas diretamente para Marina Silva, cuja candidatura foi registrada tardiamente, pois a ex-senadora substituiu Eduardo Campos, morto em 13 de agosto. Desse modo, o levantamento considerou apenas as doações feitas ao comitê presidencial do PSB e à direção nacional do partido.

Nos casos de Dilma e Aécio, foram consideradas as doações às direções nacionais dos partidos, aos comitês presidenciais e aquelas feitas diretamente aos candidatos.

O levantamento excluiu doações feitas por pessoas físicas, mesmo as que representam setores, como é o caso de Eraí Maggi, um dos maiores produtores de soja do país, que doou R$ 500 mil à Dilma, e Guilherme Leal, acionista indústria de cosméticos Natura, que contribuiu com R$ 400 mil para o comitê de Marina.

Dilma arrecada quase 70% a mais que rivais juntos

Ao todo, Dilma e direção nacional do PT arrecadaram R$ 168 milhões em doações feitas por pessoas jurídicas, quase 70% a mais do que as campanhas de Marina e Aécio somadas. Do montante, R$ 63,7 milhões vieram de construtoras (construção civil e pesada), o que representa 37,9% do total.

Em seguida, o setor que mais doou à Dilma e ao PT foi a indústria, com R$ 34,4 milhões (20,5% do total), seguida pelo agronegócio, que deu R$ 26,9 milhões (16%). Bancos e instituições financeiras doaram R$ 17,9 milhões (10,7%); empresas do setor de serviços, que inclui as do ramo imobiliário, planos de saúde, logística, entre outros, doaram R$ 14,6 milhões (8,7%); e empresas de mineração e energia contribuíram com R$ 10,6 milhões (6,3%).

A direção do PSB e o comitê de Marina arrecadaram R$ 31 milhões em doações de empresas. As construtoras doaram R$ 10,1 milhão, 32,7% do total; o agronegócio é o segundo setor em doações, com R$ 8,5 milhões (27,3%), seguido das indústrias, que doaram R$ 4,9 milhões (15,8%); e dos bancos, que contribuíram com R$ 4 milhões (12,9%).

Empresas do setor de mineração e energia doaram ao PSB e à campanha de Marina R$ 2,1 milhões (6,9%) e do setor de serviços, R$ 1,4 milhão (4,5%). 

Entre as campanhas dos três presidenciáveis, a de Aécio é a única em que o setor financeiro aparece entre os três setores que mais doaram. A direção nacional do PSDB e o comitê do candidato arrecadaram no total R$ 69,3 milhões.

Do total, R$ 32,8 milhões vieram de construtoras (47,4%), R$ 10,1 milhões de instituições financeiras (14,6%) e R$ 10 milhões de indústrias (14,4%). O agronegócio contribuiu com R$ 8,8 milhões (12,7%), o setor de serviços com R$ 4,8 milhões (7%) e empresas de mineração e energia com R$ 2,8 milhões (4%).

Proporção é parecida com a de 2010

Nas eleições de 2010, a proporção de votos por cada setor foi parecida no caso das direções nacionais e candidaturas de PT (Dilma Rousseff) e PSDB (José Serra), considerando o total de doações –naquele ano não houve divulgação de doadores na segunda prestação de contas.

A campanha petista e a direção do partido receberam R$ 254 milhões de empresas. Ao todo, 35,8% das doações vieram das construtoras, 22,1% da indústria, 14% dos bancos, 13,2% do agronegócio, 9,5% do setor de serviços e 5,4% de empresas de mineração e energia.

A campanha de Serra e a direção do PSDB arrecadaram R$ 173 milhões de pessoas jurídicas. Do montante, 35,9% foi dinheiro de construtoras, 17,4% de indústrias, 17,1% de bancos, 9,9% do agronegócio, 9,1% do setor de serviços e 2,9% do setor de mineração e energia. Também foram arrecadados R$ 13,3 milhões (7,6% do total) cujos doadores não foram informados.

Marina Silva, que em 2010 disputou a Presidência pelo PV, arrecadou, ao todo, R$ 14 milhões em doações de pessoas jurídicas, menos da metade do que já arrecadou no pleito deste ano. Os bancos responderam por 24,6% das doações, seguido das construtoras (22,6%), indústria (15,8%), mineração e energia (6,9%), serviços (6,8%) e agronegócio (6,8%). A campanha recebeu R$ 1,6 milhão (11,5%) de fontes não informadas.

Campeãs em doações

Neste ano, entre as campeãs em doações para as três principais candidaturas está a empreiteira OAS, maior doadora de Dilma/PT, com R$ 30,9 milhões, e segunda maior de Marina/PSB (R$ 5,1 milhões) e Aécio/PSDB (R$ 5,8 milhões).

A JBS, dona da marca Friboi, figura como maior doadora de Marina/PSB (R$ 6,7 milhões), segunda maior de Dilma/PT (R$ 20 milhões) e terceira maior de Aécio/PSDB (R$ 5 milhões).

Já a empreiteira Andrade Gutierrez foi quem mais contribuiu com a campanha de Aécio/PSDB (R$ 12,2 milhões). A empresa aparece como terceira maior doadora de Dilma/PT (R$ 15,8 milhões) e sétima maior de Marina/PSB (R$ 1,1 milhão).

Veja abaixo a lista das dez maiores doadores das três principais campanhas:

Dilma Rousseff + direção nacional do PT

1. OAS – R$ 30,9 milhões
2. JBS/Friboi – R$ 20 milhões
3. Andrade Gutierrez – R$ 15,8 milhões
4. UTC Engenharia – R$ 11,4 milhões
5. BTG Pactual – R$ 8,2 milhões
6. CRBS/Ambev – R$ 6,7 milhões
7. Braskem – R$ 5,3 milhões
8. Queiroz Galvão – R$ 5,2 milhões
9. Flora – R$ 5 milhões
10. Cutrale – R$ 5 milhões

Marina Silva + direção nacional do PSB

1. JBS/Friboi – R$ 6,7 milhões
2. OAS – R$ 5,1 milhões
3. Copersucar – R$ 1,7 milhão
4. Atasuco – R$ 1,5 milhão
5. Santander – R$ 1,1 milhão
6. Odebrecht – R$ 1,1 milhão
7. Andrade Gutierrez – R$ 1,1 milhão
8. Bradesco – R$ 1 milhão
9. Cosan – R$ 1 milhão
10. Vale – R$ 1 milhão

Aécio Neves + direção nacional do PSDB

1. Andrade Gutierrez – R$ 12,2 milhões
2. OAS – R$ 5,8 milhões
3. JBS/Friboi – R$ 5 milhões
4. Bradesco – R$ 3,7 milhões
5. Odebrecht – R$ 3 milhões
6. Via Engenharia – R$ 3 milhões
7. CRBS/Ambev – R$ 3,2  milhões
8. Cutrale – R$ 2,5 milhões

9. BTG Pactual – R$ 2,1 milhões
10. CR Almeida – R$ 1,8 milhões

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