Dilma pede que empresários não acreditem em "profecias pessimistas"

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

  • Alan Marques/Folhapress

    Dilma apresenta propostas na área econômica a empresários durante encontro promovido pela CNI

    Dilma apresenta propostas na área econômica a empresários durante encontro promovido pela CNI

A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, fez um apelo aos empresários da indústria para que eles não sejam afetados por "profecias pessimistas" durante sabatina realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) com os presidenciáveis nesta quarta-feira (30) em Brasília.

"A pior coisa que pode acontecer quando você precisa enfrentar uma crise é ficar pessimista. Proponho que nós não nos deixemos afetar por essas profecias pessimistas", disse a presidente ao citar as críticas que sofre pelo baixo desempenho da economia brasileira.

Dilma, que foi ao evento acompanhada do Michel Temer (PMDB) e de vários ministros, também disse que indicadores da economia são sensíveis a este pessimismo e podem prejudicar o crescimento do país.

"Eu insisto muito no pessimismo. Por quê? Se vocês olharem as condições que nós enfrentamos a crise no passado, vão ver coisas muito interessantes. Enfrentamos a crise com fundamentos sólidos", reiterou Dilma ao final de sua exposição.

Questionada sobre o que faria para impulsionar a indústria brasileira, Dilma defendeu as políticas de seu governo para o setor, mas reconheceu que elas podem ser aprimoradas. Também afirmou que o país precisa de uma reforma política com participação popular.

"Vocês sabem que há propostas nas quais BNDES, Banco do Brasil e Caixa deixariam de financiar a indústria. É fato que muitos conspiram aberta e envergonhadamente contra o financiamento público. As críticas se originam dos mesmos que criticam desonerações, compras governamentais e a existência da política industrial", declarou.

"Temos a menor taxa de juro da história recente. Estamos construindo uma base sólida. Entramos num novo ciclo. Esse ciclo que chamamos de produtividade competitiva", afirmou. "Temos clareza que temos que reduzir os custos tributários para nos tornar competitivos."

"Se vocês olharem as crises agora com as condições que enfrentamos a crise no passado. [...] Nós enfrentamos esse processo com um conjunto de medidas para evitar que a crise deteriorasse o emprego no país", defendeu a presidente.

Sobre a área trabalhista, Dilma defendeu a conciliação entre empregados e empregadores. "Eu acho que judicialização em qualquer área é perigosa e eleva custos. Sempre que possível devemos simplificar as exigências trabalhistas. Agora, tem certas garantias que a lei deu ao Brasil que ninguém retira, como o 13º salário e férias", disse.

Na sabatina promovida por UOL, "Folha de S.Paulo", Jovem Pan e SBT na última segunda-feira, Dilma já havia criticado os pessimistas. Segundo ela, a expectativa pessimista que houve em relação à Copa se repete com a economia.

Dilma tem sido criticada por diversos setores da economia. Durante a fase de perguntas na sabatina de hoje, um dos empresários chegou a dizer que a indústria do Brasil está sendo "dizimada". 

A presidente lidera as intenções de voto nas pesquisas eleitorais com 38%, segundo a ultima pesquisa Ibope.

Já foram sabatinados pela CNI os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

Campos foi o primeiro a falar e fez críticas ao governo federal e à política de coalizão, que cede ministérios em troca de apoio.

O tucano Aécio também culpou o governo Dilma pelo baixo desempenho da economia brasileira e afirmou que a administração petista "demonizou as privatizações" por muitos anos. Os dois candidatos prometeram realizar a reforma tributárias, uma das principais demandas dos empresários da indústria.

Relação entre governo Dilma e setores da economia
  • Victor Moriyama 12.mar.2013/Folhapress
    Relação desgastada com empresários
    A Câmara de Gestão e Competitividade, presidida por Jorge Gerdau (foto), foi criada por Dilma no início de seu mandato. No entanto, após o relacionamento entre o Planalto e os setores privados se desgastar, o órgão parou de se reunir -- o último encontro foi no ano passado. Em entrevista, Gerdau criticou o excessivo número de ministérios no governo Foto: Victor Moriyama 12.mar.2013/Folhapress
  • Luiz Prado/Divulgação BM&FBOVESPA
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    O empate técnico entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) em um eventual segundo turno e a queda no nível de aprovação do governo na pesquisa Datafolha divulgada no último dia 17 foram o maior patamar da Bovespa desde 14 de março de 2013. Ultimamente, sempre que a presidente cai nas pesquisas, a Bolsa reage com otimismo Foto: Luiz Prado/Divulgação BM&FBOVESPA
  • Reprodução
    Carta do Santander
    O banco Santander enviou no mês de julho de 2014 aos seus clientes de alta renda um texto afirmando que o eventual sucesso eleitoral da presidente Dilma Rousseff irá piorar a economia do Brasil Foto: Reprodução
  • Shutterstock
    Revisão das tarifas de empresas elétricas
    A decisão que tentou baratear em 20% a conta de luz em janeiro do ano passado causou insatisfação nas empresas do setor elétrico Foto: Shutterstock
  • Shutterstock
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    O governo pressionou os bancos estatais a aumentarem a oferta de crédito e a baixar os juros para incentivar o consumo em meio à desaceleração da economia. Tanto o Banco do Brasil quanto a Caixa registraram lucros recordes em 2012, enquanto Itaú, Bradesco e Santander viram seus ganhos diminuírem de ritmo no mesmo período Foto: Shutterstock
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