Fruet nega desconforto em aliança com o PT, elogia Gleisi e diz que já planeja transição de governo

Janaina Garcia

Do UOL, em Curitiba

  • Heuler Andrey/UOL

    Gustavo Fruet, candidato do PDT à Prefeitura de Curitiba, vota utilizando urna biométrica

    Gustavo Fruet, candidato do PDT à Prefeitura de Curitiba, vota utilizando urna biométrica

O candidato do PDT à Prefeitura de Curitiba, Gustavo Fruet, alternou neste domingo (28) discurso de "superação" com o de "cautela" em relação, respectivamente, ao resultado do primeiro turno e às pesquisas de intenção de voto, que davam a ele, na primeira etapa da campanha, apenas a terceira colocação. Por outro lado, o pedetista já adiantou que, confirmada a vitória, implentará as primeiras ações pensando em um governo de transição para suceder Luciano Ducci (PSB), que não se reelegeu.

"Agora é olhar para o futuro, pacificar e estabelecer uma relação de diálogo já nas primeiras ações visando à transição”, definiu, pouco depois de afirmar sobre o adversário, Ratinho Júnior, que "uma derrota eleitoral não pode ser uma derrota política. E a postura agressiva dele, comigo, não combinava mesmo com o Ratinho que eu conheço".

Em entrevista coletiva hoje de manhã, pouco antes de votar em uma universidade do bairro Rebouças (área central de Curitiba) ao lado dos ministros petistas Paulo Bernardo (Comunicações) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Fruet disse não ser “candidato a dom Quixote” ao ser indagado sobre sua aliança com o PT, partido do qual fora crítico ferrenho quando ainda era deputado federal pelo PSDB, entre 2005 e 2008. A referência ao personagem mítico e idealista do espanhol Miguel de Cervantes, justificou o candidato, serve para explicar “que não se constrói um projeto desses sozinho; não existe uma guerra imaginária”.

"Esta foi uma eleição de superação, de convencimento, de pessoas que trabalham sem desanimar, apesar do resultado das pesquisas no primeiro turno. No segundo turno, que ninguém perca a humildade, nada de salto alto; agora é foco até o último minuto", declarou, ainda, Fruet, que se disse "muito confiante" sobre a vitória.

Para o candidato, "seria romântico" pensar em ganhar a eleição curitibana sem o apoio de partidos como o PT e de lideranças dele "que têm uma história bonita com a cidade". "Não se constrói um projeto desse tamanho sozinho, sem dor, sem contradição, e o que temos é uma aliança programática”, definiu.

Fruet ainda se referiu a Gleisi como “parceira” e evitou atrelar o apoio do PT a ele, agora, em troca de apoio na eleição de 2014, quando a ministra deve ser o nome do partido ao governo paranaense.

“Tentaram desqualificar e nacionalizar essa aliança, mas essa foi uma eleição local”, disse, para completar: “E será uma aliança fundamental para o futuro da gestão da cidade. Quanto a 2014, tudo tem seu tempo determinado --agora, estamos em um trabalho muito forte de aproximação”, concluiu.

A ministra repetiu as palavras do aliado em relação à “aliança programática” das duas siglas e evitou falar do próximo pleito. “Fizemos uma aliança programática para 2012 -- para governar a Prefeitura de Curitiba. Juntamos forças e ideias para o bem da cidade”, resumiu.

Líder em todas as pesquisas do segundo turno, o pedetista chegou ao local de votação hoje de manhã acompanhado também da mulher e da irmã, além além de deputados e vereadores de partidos da coligação. Na sequência, acompanhou a votação de Gleisi e da vice, Miriam Gonçalves (PT), no bairro Água Verde.

Richa nega "retaliação" e fala em "parceria" com prefeitura

No final da manhã, em votação no Jardim Social, área nobre de Curitiba, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), disse que não vai considerar "retaliações ou picuinhas políticas" na relação com o futuro prefeito da capital paranaense.

Rompido com o atual líder nas pesquisas e favorito para vencer o pleito, Gustavo Fruet (PDT), desde que este deixou o PSDB, ano passado, Richa prometeu abrir o diálogo com quem se eleger hoje no final do dia e se colocou à disposição para parcerias da Prefeitura de Curitiba com o governo do Estado e resumiu: "Espero que governe com ética, austeridade nos gastos públicos e, acima de tudo, que cumpra os compromissos de campanha. Existe uma forte expectativa sobre isso em Curitiba”, avaliou.

Bernardo diz que PT não indicará cargos na prefeitura

Já o ministro Paulo Bernardo negou que o apoio petista a Fruet represente também indicação de nomes para uma eventual gestão do pedetista. “Quem ganha uma eleição é quem tem a responsabilidade de governar, não faremos pressão ou negociação atrás de cargos”, declarou.

Sobre a relação com Ratinho Júnior, caso ele perca, e uma vez que o PSC é aliado do governo no Congresso, Bernardo disse que o parlamentar será chamado para uma conversa. Ele minimizou, porém, as críticas do candidato do PSC a Fruet –a ponto de relacioná-lo ao mensalão e a um de seus réus, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu.

“Falaremos como Ratinho, gostamos dele, mas tivemos uma diferença na eleição. E é curioso que havia uma convicção do Ratinho de que ele enfrentaria o Ducci no segundo turno, e aí o PT o apoiaria. Quando ele viu que não foi assim, mudou o tom, mas é normal, isso”, contemporizou Bernardo.

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