Mensalão e terceirização na saúde geram ataques em debate SBT/UOL; temas foram escolhidos por internautas

Felipe Amorim

Do UOL, em São Paulo

Dois temas escolhidos por internautas --corrupção e filas na saúde-- foram os que geraram os maiores embates entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB), no debate SBT/UOL, realizado nesta quarta-feira (24).

O debate também foi marcado por novas promessas de Serra --de um Bilhete Único de seis horas, e do "Bilhete Amigão", com viagens livres aos finais de semana -- e por críticas ao prefeito Gilberto Kassab (PSD) que, segundo Serra, virou "o capeta para o PT".


Serra aproveitou a pergunta de Haddad sobre corrupção na prefeitura para citar o o julgamento do mensalão pelo STF (Supremo Tribunal Federal), no qual lideranças do PT, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-presidente do partido José Genoino, foram condenados por formação de quadrilha e corrupção ativa, em um esquema para a compra de apoio parlamentar no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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“Falando em corrupção, no Brasil não podemos deixar de mencionar a questão do mensalão. Isso não é suspeita, é condenação. A cúpula do PT foi condenada por formação de quadrilha”, afirmou Serra.

“Aqui em São Paulo há a ideia de que isso não deve ser debatido [na eleição], mas tem sim [de debater]. Prefeitura significa também princípios, valores”, disse o candidato do PSDB.

Haddad rebateu o ataque ao citar o caso de suspeita de corrupção na aprovação de empreendimentos na Secretaria Municipal de Habitação da gestão  do prefeito Gilberto Kassab (PSD), que envolveu o dirigente do setor de aprovação de plantas da Prefeitura de São Paulo, Hussain Aref Saab.

“Serra, teu desrespeito chega às raias da insanidade. Trazer o mensalão para cá? Você me conhece. Sabe que tenho 12 anos de vida pública, 30 de vida acadêmica, reputação ilibada, e que não há sequer insinuação contra minha conduta no Ministério da Educação, onde administrei um orçamento o dobro do da cidade de São Paulo. Alto lá!”, afirmou Haddad.

O petista afirmou que criará a controladoria do município como forma de combater a corrupção. Na sequência, Serra lembrou que Aref era "da alta cúpula do governo Marta Suplicy para elaborar o Plano Diretor".

Filas na saúde

A terceirização da administração de hospitais em São Paulo foi alvo de troca de ataques. Serra afirmou que "está no programa de governo de Haddad" o fim da parceria da prefeitura com as chamadas OSs (Organização Social da Saúde).

"Isso [que vamos terminar com as parcerias] é algo que tem se espalhado pela cidade e é uma mentira", afirmou.

De acordo com Haddad, o que mudará é a forma de fiscalização das parcerias, o que na opinião do petista, é ineficaz.

Cracolândia

Haddad chamou de “desastrosa” a ação do governo do Estado na região conhecida como cracolândia, no centro de São Paulo --o tema também foi escolhido pelos internautas.

“A prefeitura desconsiderou a parceria [com o governo federal] e meteu os pés palas mãos. Foi uma ação desastrosa. Hoje existem dezenas de cracolândias em diversos bairros que não conheciam o problema”, afirmou Haddad.

Serra rebateu, afirmando que o governo federal investiu apenas 8% do orçamento para a prevenção ao uso de drogas, e que o governo federal “não fez praticamente nada” no combate ao narcotráfico.

O embate sobre o tema gerou um pedido de direito de resposta de Serra, pois, último a falar no bloco, Haddad terminou seu pronunciamento questionando Serra sobre a proposta do candidato, anunciada em entrevista a rádio “CBN”, de monitorar nas escolas jovens “propensos” a usar drogas.

O direito de resposta foi negado.

Promessa nova

Em uma pergunta sobre enchentes, no terceiro bloco do debate, terminou com uma nova promessa de Serra para o transporte público e uma ironia de Haddad.

O petista quis saber por que Serra, quando governador, ficou três anos sem limpar a calha do rio Tietê, o que causou cheias em bairros da periferia.

O tucano fugiu da pergunta e aproveitou seu tempo para divulgar uma nova proposta --de ampliar em seis horas o período de uso do bilhete único.

“Há mais de dois anos São Paulo não tem vítimas de enchentes. Nós investimos muito. Despoluímos mais de cem córregos”, afirmou Serra sobre o tema, na tréplica.

Haddad afirmou que Serra tinha acabado de "inventar um tal de bilhete amigão" e não havia respondido suas pergunta sobre enchente.

Tema estaduais geram ataques de Haddad a Serra

Haddad abriu o debate com uma pergunta sobre segurança pública ao adversário.

Haddad citou o aumento de 15% do número de homicídios em São Paulo, o que classificou de “escalada da violência” na capital paulista, e questionou Serra se ele “teria responsabilidade” sobre o tema. Serra já foi prefeito e governador do Estado.

Serra rebateu afirmando que a segurança pública “não é de responsabilidade direta da prefeitura” e atribuiu parte da culpa ao governo federal, da presidente Dilma Rousseff (PT), que “não combate o tráfico de drogas”. Serra citou ainda a “escalada da violência” em Estados governados pelo PT, como a Bahia.

Na segunda pergunta do debate realizado pelo SBT e pelo UOL nesta quarta-feira (24), sobre áreas verdes, Serra criticou Haddad pela “capacidade de fugir das questões, a capacidade de não dizer nada”.

O ataque do tucano foi feito após Serra citar a ampliação do número de parques e áreas verdes do município durante sua gestão como prefeito, e Haddad responder afirmando que a questão ambiental envolve também as condições de urbanização e a construção de moradias populares.

“Serra, eu sei que você não liga para a questão social, por isso que você desconecta a questão social da ambiental”, disse Haddad.

'Kassab virou o capeta'

Ainda no terceiro bloco, Serra afirmou que o PT passou a tratar o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), como “o capeta”, após Kassab rejeitar apoiar o partido nesta eleição e anunciar apoio ao tucano.

“Haddad e Lula procuraram Kassab, mas como ele não os apoiou, virou o capeta, objeto de demonização” afirmou Serra. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou o prefeito, com quem mantém uma relação políticam amigável, para pedir apoio a Haddad.

“O PT é assim. Quando tem um aliado é santo, pode ser o Collor, Maluf, pode ser quem for. Quando está contra, aí é o diabo”, disse o candidato do PSDB.

O nome do prefeito foi trazido ao debate pelo candidato do PT, Fernando Haddad, que acusou Serra de tentar se desvincular da gestão Kassab durante a campanha.

“Ele [Serra] toma distância da gestão Kassab ao não dizer por que o prefeito vetou projetos importantes”, disse Haddad.

Durante toda a campanha, Haddad tentou vincular a imagem de Serra à gestão Kassab. O candidato do PSDB, em sua campanha, adotou um discurso de continuidade, e de destaque as obras de sua gestão e do atual prefeito.

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