Serra usa ironia para atacar Haddad em debate; coordenador diz que é forma de retratar a verdade

Débora Melo

Do UOL, em São Paulo

Atrás nas pesquisas de intenção de voto na corrida pela Prefeitura de São Paulo, o candidato do PSDB, José Serra, usou a ironia para fazer ataques a seu adversário, Fernando Haddad (PT), durante o debate promovido pelo UOL e pelo SBT nesta quarta-feira (24).

 

A primeira demonstração de ironia ocorreu logo no primeiro bloco, quando Serra disse que tinha "inveja" de Haddad, a quem chamou quase sempre de Fernando.

"Fernando, sabe uma coisa da qual eu tenho inveja, inveja mesmo? Da sua capacidade de fugir das questões, sua capacidade de não dizer nada", disse Serra, virando-se para o adversário e arrancando risos da plateia e do próprio Haddad, que, no entanto, não se moveu.

O tucano se referia a uma pergunta que fez sobre propostas para áreas verdes e parques da cidade. Haddad respondeu dizendo que a questão ambiental estava ligada à questão da moradia, com "ocupações irregulares em áreas de mananciais".

Em outro momento, ao discutir a proposta de pedágio urbano, ainda no primeiro bloco, Serra disse que não acreditava que o petista fosse capaz de mentir e lembrou o dia em que Haddad confundiu o Itaim Paulista, na zona leste, com o Itaim Bibi, bairro nobre da zona oeste.

"Essa questão do pedágio dentro da cidade não existe. Eu acho que o Fernando Haddad não é mentiroso: ele está sendo mal assessorado. Ele não tem muito conhecimento a respeito da cidade. Eu lembro quando ele confundiu Itaim Bibi com Itaim Paulista. Imagine problemas dessa complexidade", disse.

Serra também abusou da ironia ao rebater uma resposta de Haddad sobre projetos para ampliar o uso da bicicleta como transporte em São Paulo.

"Nesse assunto de bicicletas é muito importante dizer que o Ministério da Educação não trouxe nem um triciclo para São Paulo", disse Serra.

Em sua resposta sobre as bicicletas, Haddad disse que foi "o primeiro ministro da Educação a incorporar a bicicleta no programa de transporte escolar" e prometeu "integrar a bicicleta ao Bilhete Único".

Em uma última amostra de humor afiado, Serra disse que Kassab "virou capeta" para o PT.

"O Fernando Haddad e o próprio Lula procuraram o Kassab para pedir apoio na prefeitura. Como ele [Kassab] nos apoiou, virou capeta para eles", disse Serra em resposta a Haddad --o petista havia dito que fica "sem saber se o Kassab é da situação ou da oposição, porque ele [Serra] não se manifesta em relação à gestão Kassab".

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"Verdade"

Para o coordenador da campanha de Serra, Edson Aparecido, a ironia é usada pelo tucano para "retratar uma verdade" e não representa ataque.

"É uma ironia que retrata uma verdade. Foram passados dados pelo candidato do PT que, na opinião do Serra, não correspondem à realidade. Então ele respondeu com ironia. Isso não é ataque. O adversário adotou uma linha de ataque muito forte, que realmente mostra que o PT está preocupado. Tem alguma coisa errada aí", disse Aparecido.

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