Enquanto busca votos anti-PT, Ratinho Junior diz que partido deveria estar com ele em Curitiba

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

Na semana em que sua campanha iniciou uma série de ataques ao PT na TV, o candidato Ratinho Junior (PSC) disse que o “lugar natural” do partido nas eleições em Curitiba seria em sua coligação.

A afirmação foi feita na madrugada desta sexta-feira (19), após o primeiro debate do segundo turno entre ele e o ex-tucano Gustavo Fruet (PDT), apoiado pelo PT, realizado pela Band.

Segundo informaram ao UOL marqueteiros de Ratinho, as inserções contra o PT, que foram ao ar na última terça-feira (16), miravam os eleitores do prefeito e candidato derrotado à reeleição, Luciano Ducci (PSB), que no Paraná é vinculado ao PSDB.

“Acho que, pela maneira natural, [o lugar do PT] seria [na minha coligação]. Se analisar a história, a ligação política, [seria] sim. Fui um dos coordenadores da campanha de Dilma [Rousseff] no Paraná [em 2010], apoiei Gleisi [Hoffmann nas eleições ao Senado], estivemos na base [aliada], fui líder de bancada [na Câmara Federal, onde o partido dele apoia o governo]. Mas faz parte do show”, afirmou Ratinho.

Em comunicado enviado pela assessoria de imprensa da campanha, o responsável pelo marketing de Ratinho, Maurício Ramos, afirmou que os comerciais anti-PT visavam “apenas deixar bem claro aos eleitores do Ducci, que em grande maioria não aprovam o PT, para que tivessem mais consciência de que ao votar no em Fruet estariam votando também neste partido.”

Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (18) mostra Fruet 16 pontos percentuais à frente de Ratinho.

O candidato do PSC foi citado por 36% dos entrevistados – ou seja, mantém praticamente o mesmo percentual de votos que recebeu no primeiro turno, quando venceu as eleições com 332.408 votos (34,09% dos votos válidos). Assim, em tese, todos os votos de Ducci estariam migrado para Fruet (ambos receberam cerca de 27% do total de votos).

Compare e avalie as propostas de Fruet e Ratinho para Curitiba

  • Arte/UOL

Ataques continuam, diz marqueteiro

“Quem mudou de posição foi a cúpula do PT em Curitiba, não eu”, defendeu-se Ratinho. “Sempre defendi as políticas dos governos Lula e Dilma, o Minha Casa Minha Vida, Fome Zero, Pro Uni. Não chamei o PAC de estelionato eleitoral [como ele acusa Fruet, então tucano, de fazer]. Ao contrário, ajudei a incluí-lo no Orçamento. Critico o PT de gravata, que quer a prefeitura a qualquer custo.”

Ratinho faz questão de dizer  que “boa parte da militância está conosco”. Ramos e o coordenador jurídico da campanha do PSC, o advogado Guilherme Gonçalves, são filiados ao PT.

O UOL apurou que os comerciais com críticas ao partido --um deles diz que “o curitibano não vai deixar” o PT chegar ao poder-- causaram mal-estar na cúpula de Ratinho e motivaram críticas de caciques petistas.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, questionou se “ele virou o José Serra” (PSDB), adversário do PT.

“O tom mais ácido [dos comerciais contra o PT] deveu-se ao fato de deixar claro em um único dia de veiculação esta questão. Para não ter que insistir por dias e dias e perder assim a linha de campanha”, justificou Ramos, no comunicado.

Em seguida, ele acrescenta: “Nossa campanha prevê outros movimentos de questionamentos, sim, mas sempre batendo acima da linha da cintura.”

Fruet minimiza críticas e vê “fator Datafolha”

“É natural [ser atacado por Ratinho], é o fator Datafolha. Mas essa é uma eleição local. A única tentativa de me desqualificar até agora foi a aliança [com o PT]. Nunca neguei que não se faz política sem contradição. Ou a gente se omite, para de disputar eleição, ou constrói alianças. A minha é programática. Não estou condicionando nada à eleição de 2014”, afirmou Fruet, também após o debate.

Em suas críticas, Ratinho diz que o apoio do casal de ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo mira a disputa pelo governo do Estado, em 2014.

Gleisi é tida como provável adversária do governador Beto Richa (PSDB), e a vitória de Fruet abriria para ela o palanque no maior colégio eleitoral do Paraná.

“Ratinho Junior diz isso porque foi para o segundo turno contra o Gustavo. Se fosse, como se esperava, contra Ducci, daí estaria tudo certo. Não estamos o atacando, só falando que Gustavo é melhor que ele para governar Curitiba”,  disse Paulo Bernardo, nesta sexta-feira.

“Estávamos preparados para enfrentar qualquer candidato. Tivemos a eleição mais disputada do Brasil. Eu poderia não ter ido ao segundo turno”, respondeu Ratinho.

Nas pesquisas, Ducci era o favorito para disputar o segundo turno contra o candidato do PSC, mas perdeu a vaga para Fruet por uma diferença de 4.402 votos --cerca de 0,5 ponto.

“Continuamos tendo o mesmo respeito por Ratinho. De forma alguma queremos brigar com ele. Agora, na política, as pessoas tem o direito de se posicionar, que é básico, elementar. Para isso, tiramos posição no PT, com votação, em disputa grande. E corremos um risco, pois, se o resultado fosse outro, estaríamos levando muita pancada”, falou o ministro.

Bernardo minimizou possíveis retaliações do PSC contra o governo federal em caso de uma derrota de Ratinho (deputado federal licenciado e ex-líder do partido na Câmara) em Curitiba.

“Fruet também é de bancada aliada, é do PDT. Acho que é natural que, quando acabam as eleições, os que ganham comemorem e os que perdem fiquem um pouco zangados. Mas não há porque misturar o trabalho federal com eleição municipal.”

Mais informações sobre as eleições em Curitiba.

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