Menos badalada, propaganda eleitoral no rádio aposta em tom mais agressivo do que na TV

Débora Melo

Do UOL, em São Paulo

A propaganda eleitoral gratuita para o primeiro turno das eleições municipais começa a ser transmitida nesta terça-feira (21) no rádio e na televisão. No rádio, o horário político será veiculado das 7h às 7h30 e das 12h às 12h30; na TV, irá ao ar de segunda a sábado, das 13h às 13h30 e das 20h30 às 21h.

Historicamente, a campanha veiculada no rádio aposta em um tom mais agressivo do que o utilizado nos programas gravados para a TV. Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, o eleitor brasileiro não gosta de bate-boca e prefere ver os candidatos expondo e debatendo propostas. Assim, como o alcance do rádio é bem menor, a campanha mais leve fica para os programas gravados para a TV, que atinge um público maior.

  • 3796
  • true
  • http://eleicoes.uol.com.br/2012/enquetes/2012/08/17/o-que-voce-acha-do-horario-eleitoral.js

“O público não gosta de política, muito menos de propaganda política. E gosta menos ainda de propaganda política agressiva, de bate-boca. Então os candidatos deslocam o bate-boca para o rádio. Sabem que a maior parte do público não está ouvindo e o usam como um veículo de provocação”, afirma Emmanuel Publio Dias, especialista em marketing político e professor da ESPM.

As características do rádio e da TV também são determinantes na hora de escolher o tom a ser adotado. A propaganda eleitoral veiculada apenas em áudio é capaz de mexer com a imaginação do eleitor e, embora precise de menos recursos, pode usar o humor a seu favor.

“O rádio permite que se faça uma sátira que, na TV, soaria forte demais, ficaria uma coisa agressiva. No rádio é mais leve, dá para fazer”, afirma Victor Trujillo, coordenador do curso de marketing eleitoral da ESPM. Segundo ele, diferentemente do eleitor norte-americano, que elege os candidatos mais agressivos, o brasileiro rejeita essa postura. “Aqui, partiu para o ataque, perdeu votos. O brasileiro não gosta de baixaria. Ele pensa: ‘por que em vez de ficar atacando o adversário ele não fala das suas propostas?’”, afirma Trujillo.

Clique na imagem veja o tempo dos candidatos nas capitais

  • Arte/UOL

Histórico

A disputa presidencial em 2010 ilustra a forma como a campanha eleitoral é explorada no rádio.

Na época, uma propaganda veiculada no rádio pelo PSDB, do então candidato a presidente José Serra, dizia a seguinte mensagem: "Eu tenho muita pena de quem não percebeu que votar na Dilma é votar no Zé Dirceu. Toque, toque, toque. Bate na madeira. Dilma e Zé Dirceu, nem de brincadeira".

Em outra propaganda, Dilma é criticada por "ir na garupa" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por nunca ter sido eleita. O programa coloca na voz de pessoas aleatórias críticas ao presidente.

"O brasileiro se sente lesado de ver o nosso presidente abandonar o trabalho dele pra servir de cabo eleitoral", afirma uma delas.

Público específico

VictorTrujillo diz que, embora o rádio não tenha o alcance da TV, é um veículo que atinge públicos muito específicos, potencial “explorado até o limite” nas campanhas eleitorais.

“As donas de casa, por exemplo, têm a companhia do rádio desde a primeira hora da manhã. E nos grandes centros o rádio atinge também os motoristas que ficam presos no trânsito, muitos deles homens economicamente ativos, que trabalham. O desafio da propaganda eleitoral no rádio é construir uma campanha que fale com esses dois públicos.”

HORÁRIO POLÍTICO DO 1º TURNO

NO RÁDIO NA TV
7h às 7h30 13h às 13h30
12h às 12h30 20h30 às 21h

Para a cientista política Vera Chaia, pesquisadora da PUC-SP, o fato de o rádio ser considerado “o ‘primo-pobre’ da comunicação” não significa que não tenha sua importância no processo eleitoral.

“Existe uma diferenciação no tom de voz, e determinadas posições do candidato também são expostas de forma mais enfática”, afirma.

As propagandas para prefeito sairão às segundas, quartas e sextas, ficando as terças, as quintas e os sábados para os candidatos a vereador, tanto no rádio quanto na TV.

A transmissão será encerrada no dia 4 de outubro, três dias antes da votação do primeiro turno, alterando a programação das emissoras de TV. De acordo com a legislação, um terço do tempo do horário eleitoral gratuito é dividido igualmente entre os partidos concorrentes; os dois terços restantes variam conforme a representação parlamentar da coligação.

Além do horário político, a lei prevê inserções diárias de até 60 segundos espalhadas pela programação das emissoras (totalizando 30 minutos por dia), destinadas exclusivamente às campanhas dos candidatos a prefeito, inclusive aos domingos.

ELEITORES CRITICAM HORÁRIO POLÍTICO; REVEJA VÍDEOS ENGRAÇADOS

UOL Cursos Online

Todos os cursos