02/09/2010 - 13h50

Temer diz que Dilma ''não tem nada a ver'' com quebra de sigilo

Alexandre de Santi
Especial para o UOL Eleições
Em Porto Alegre

O presidente nacional do PMDB, Michel Temer, candidato à vice-presidência na chapa de Dilma Rousseff (PT), defendeu nesta quinta-feira (2) a companheira das acusações de que a ex-ministra estaria por trás da quebra de sigilo fiscal de familiares do adversário José Serra, candidato do PSDB à Presidência. Temer, que tem agenda em Porto Alegre para receber apoio de cerca de 200 prefeitos do seu partido, afastou a acusação dos opositores de que o vazamento dos dados fiscais da filha de Serra, Verônica, teria sido ordenado por Dilma ou pela coordenação de campanha do PT.

Em entrevista coletiva, ao ser questionado sobre qual seria a estratégia para lidar com o caso, o candidato disse: “Não é preciso nem estratégia. Na verdade, a Dilma e a campanha não têm nada a ver com esta história”. Temer, no entanto, que também é presidente da Câmara dos Deputados, disse que o componente eleitoral do caso não pode abafar a gravidade da situação. “Eu sou de São Paulo e essas informações se vendem na rua Santa Efigênia. O que é gravíssimo é a questão da violação do sigilo seja tratada apenas sob o foco eleitoral”, acrescentou.

Temer ainda destacou que a quebra de sigilo tem sido uma prática constante no Brasil. “Eu sou da área jurídica e vocês sabem que há os tais processos que correm em segredo de justiça. De vez em quando, eu aconselho os colegas advogados, que, se o processo for correr em segredo de justiça, é melhor não colocar tarja do segredo de justiça. Porque basta colocá-lo para que, logo em seguida, ele se torne público”, alertou, afirmando que trata-se de um problema “institucional”.

Programa de governo

O candidato afirmou também que o plano de governo de Dilma está em estágio “muito avançado” e que está sendo redigido sob a supervisão constante do PMDB, respeitando um acordo dos partidos firmado em outubro do ano passado, quando começaram as negociações para o ingresso do partido na chapa petista para a Presidência.

Temer afirmou que o PMDB está empenhado em garantir itens que enfatizem o respeito às instituições democráticas e à liberdade de expressão, uma crítica frequente da oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu acabei de rever uma última fórmula, que ainda não é definitiva, mas ela enfatiza a preservação das instituições democráticas de um lado e, de outro lado, o cumprimento absoluto da lei no nosso sistema. Ou seja, sem lei, não há ordem”, destacou Temer.

O deputado federal garantiu que, nas primeiras versões do plano de governo, não viu sinais do suposto “radicalismo” petista. Temer disse que o PDMB trabalha para garantir a manutenção de programas sociais, como o Bolsa Família e o Luz para Todos, num eventual governo de Dilma Rousseff. Temer disse que ainda não gravou depoimento para o programa eleitoral da companheira de chapa, mas que deve fazê-lo nos próximos dias.

Em Porto Alegre, o presidente do PMDB teria encontro com José Fogaça, candidato do partido ao governo gaúcho. Também estava prevista a gravação de um depoimento de Temer para o horário eleitoral do candidato.

A presença de Temer no Estado vinha causando constrangimentos ao PMDB local, já que a maioria dos deputados do peemdebistas gaúchos têm preferência por Serra. Para não provocar confronto com os deputados e com a cúpula nacional do partido, Fogaça decretou “neutralidade” na sua campanha, sem apoiar abertamente Dilma ou Serra. Antes de deixar a capital gaúcha, Temer recebe apoio de cerca de 200 prefeitos que devem declarar apoio a Dilma.
 

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