02/09/2010 - 11h44

Beto Richa diz que não esconde Serra, mas também não é boneco de ventríloquo

Andréia Martins e Maurício Savarese
Do UOL Eleições
Em São Paulo
  • Beto Richa (PSDB-PR), em sabatina da Folha/UOL, nesta quinta (2)

    Beto Richa (PSDB-PR), em sabatina da Folha/UOL, nesta quinta (2)

Líder nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PSDB ao governo do Paraná, Beto Richa, negou que esteja escondendo o presidenciável tucano, José Serra, em sua campanha eleitoral. Ele participou nesta quinta-feira (2) da sabatina Folha/UOL.

O tucano afirmou que a oposição ''tem o direito de recorrer à Justiça” para impugnar a candidatura da petista em meio às acusações de Serra à campanha da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, no escândalo de vazamento de dados sigilosos de pessoas ligadas a ele e ao PSDB.

Além disso, Beto Richa disse que a campanha da petista teve divulgação antes do permitido por lei, com “uso da máquina administrativa, presidente em palanque oficial, infrações sucessivas e aparelhamento da máquina pública para os companheiros”. “É por isso que falta dinheiro para investir em infraestrutura”, disse o ex-prefeito de Curitiba.

Questionado sobre se estava escondendo o candidato tucano em sua campanha, Beto Richa disse: “De forma alguma. Ele [Serra] aparece nos programas eleitorais, mas eu não preciso de bengala”.

“Mês passado ele [Serra] esteve três vezes no Paraná. Ele tem vindo sistematicamente, sabe como nós fazemos campanha. Eu sou uma pessoa de posições claras, eu estou com o Serra, ninguém dúvida disso”, afirmou Richa. "Agora, não sou boneco de ventríloquo. Não sou biruta de aeroporto", completou.

Ao falar da participação de Serra em sua campanha, o ex-prefeito de Curitiba afirmou que a capital tem sido importante para o tucano – a única em que o presidenciável ainda lidera, de acordo com a última pesquisa Datafolha.

Segundo Beto Richa, o seu principal adversário, Osmar Dias (PDT), vem tentando colar sua imagem à de Lula, mas para ele, o presidente não conseguirá transferir a popularidade. “Devo admitir que o Lula está com uma alta popularidade, mas aqui em Curitiba ele ainda não conseguiu transferir seu voto”, disse o tucano.

O ex-prefeito de Curitiba preferiu não fazer comentários sobre a campanha de Serra. “As pessoas na rua me pedem, ‘olha, avisa o Serra para mudar o tom’. Mas eu não gosto de ficar dando palpite. O Serra é uma pessoa experiente”, disse.

Beto Richa afirmou ainda que não pretende fazer críticas e comparações entre os governos Lula e Fernando Henrique Cardoso em sua campanha eleitoral.  “Não tenho que comparar o FHC com o Lula. Agora é olhar para o futuro, olhar o currículo, a capacidade de cada um que está na disputa. Acho que o Brasil nas mãos do Serra estará em boas mãos, mãos limpas”.

Questionado sobre as críticas feitas por Osmar Dias de que teria abandonado a prefeitura, o tucano mostrou um documento que teria a assinatura do pedetista, pedindo a ele para integrar a sua chapa como candidato ao Senado. "Quem mente tem que ter boa memória", afirmou sobre o ex-aliado.

“Todos estão observando que ele elevou o tom contra mim, e eu só posso entender isso de uma forma: desespero".

Saúde, segurança e porto

Beto Richa rebateu as críticas de Osmar Dias sobre o uso de helicópteros para remover pacientes de regiões isoladas no Estado. O pedetista disse que o projeto do tucano seria transferi-los para Curitiba, e não construir hospitais em diferentes regiões do Paraná.

"Ele tem a cabeça presa no passado. Essas pessoas que estão presas no passado têm dificuldade com a modernidade. Isso é para deslocar pessoas de pequenas comunidades para hospitais da mesma região. Não é uma utopia. Ele até disse que em dia de chuva as pessoas iam morrer. Nossos helicópteros não serão feitos de açúcar", disse.

O tucano disse que a saúde de Curitiba foi considerada exemplar até pelo Banco Mundial e que o projeto "Mãe Curitibana" está entre as propostas de Serra para a área, caso seja eleito presidente. "Existe esse serviço em São Paulo, Santa Catarina e em Minas Gerais. E funciona muito bem."

Na área de segurança pública, Beto Richa apresentou uma proposta semelhante à do tucano Geraldo Alckmin, de zerar o número de presos nas delegacias e aumentar o número de presídios no Estado.

O candidato também afirmou que "o porto de Paranaguá vai ser a grande prioridade" de seu governo. "Está onerando a produção do Paraná. Precisamos ampliar o porto com um cais oeste e dragagem. O governo anterior devolveu dinheiro ao governo federal que era para dragagem", disse ele em referência ao ex-governador Roberto Requião (PMDB), que é aliado de Osmar Dias.

''Atestado de idoneidade''

Sobre a manifestação de apoio de um deputado federal do PSB, envolvido na denúncia de caixa 2 em sua campanha para a eleição municipal de 2008, Beto Richa disse que não pode “escolher” quem vota nele nem pedir "atestado de idoneidade" a quem o apoia . “Eu vou escolher quem vota em mim? Dizer: 'você não vai votar em mim, não quero o seu voto'? Isso não existe”, disse ele. O tucano declarou que, mesmo eleito, continuará com a investigação sobre as acusações de caixa 2.

No fim da sabatina, que durou meia hora a menos que o previsto, por conta do atraso e de compromissos de campanha do candidato, Beto Richa deu uma declaração polêmica, ao ser perguntado se homossexuais deveriam ter o direito de adotar crianças. "Sou contra. Cientificamente isso causa um abalo para as crianças, embora seja a favor da união civil''.

Assista à íntegra da sabatina Folha/UOL com o candidato ao governo Beto Richa

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