10/05/2010 - 09h27

Serra diz ser de esquerda e chama suposto programa privatista de "trololó"

Do UOL Eleições
Em São Paulo

O pré-candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, se definiu nesta segunda-feira (10) como "de esquerda" e afirmou que um suposto programa privatista por parte de seu governo é "trololó" e um jogo eleitoral da oposição. Em entrevista à rádio CBN, o tucano disse ainda que o PT fez um aparelhamento do Estado com sua militância, desvirtuando o papel do governo, negou que tenha escolhido seu candidato a vice e demonstrou irritação ao falar sobre o papel do BC (Banco Central), negando "virada de mesa" nas atribuições da instituição.

Questionado se seria um candidato de esquerda, Serra disse: "do ponto de vista da análise convencional, sim, sou de esquerda", mas ressaltou que, em sua opinião, este tipo de definição não faça mais sentido. O pré-candidato afirma defender um "Estado forte, mas não obeso, e sim musculoso", com capacidade para gerar desenvolvimento e justiça social. O tucano disse ainda estar comprometido "até o fundo da alma" com os trabalhadores e os "desamparados", como crianças, idosos e deficientes.

Serra negou que tenha um programa de governo que preveja privatizações, descartando totalmente a venda de estatais como o Banco do Brasil e a Petrobras. "Isso é 'trololó', é arma de campanha eleitoral. (...) É jogo de oposição". Sobre a criação de novas empresas pelo Estado, o tucano disse ser favorável a isto somente se elas forem "absolutamente essenciais". No caso da reativação da Telebrás, ele defendeu um debate maior para se analisar se isto seria a melhor opção para a oferta de banda larga barata e de qualidade no país. O pré-candidato disse ser contra a criação da Petrosal, alegando que a Petrobras e a ANP (Agência Nacional do Petróleo) seriam suficientes para lidar com a exploração do petróleo na camada pré-sal.

Irritação ao falar sobre o BC

O pré-candidato do PSDB demonstrou irritação ao responder uma pergunta sobre se daria autonomia ao BC caso seja eleito e se ele próprio seria a pessoa a dar as cartas na política monetária. "A mesa da economia estava no chão e eu ajudei a erguer. Todo mundo sabe que eu não vou virar a mesa de jeito nenhum", afirmou. Serra disse que o Banco Central "não é a Santa Sé" e que é errado pensar que seus integrantes nunca erram, inclusive quando decidem manter a taxa básica de juros. "De repente, monta-se um grupo acima do bem e do mal, dono da verdade, e quando qualquer um critica, jornalista fica nervosinho", afirmou, irritado. "Eles têm alguma coisa divina, secreta que você não pode nem falar, 'pessoal, vocês estão errados'", afirmou. "Você e o pessoal do sistema financeiro podem ficar tranquilos que eu não vou virar a mesa", disse o tucano à jornalista Míriam Leitão, autora da pergunta.

Serra negou que, caso seja eleito, vá realizar um aparelhamento do Estado com seus correligionários e apoiadores. Ele afirmou que o PT faz isso sempre que chega ao poder, "desvirtuando as funções governamentais de servir ao interesse público", e disse que, quando foi ministro da Saúde, tinha petistas em sua equipe de trabalho. O tucano disse que aceitaria apoio do PP, ressaltando que o partido "não é do [deputado federal Paulo] Maluf". Sobre a escolha do vice em sua chapa, Serra disse que tem "preferências", mas que a escolha ainda não foi feita e que a definição ficará a cargo do PSDB e de seus aliados.

Na entrevista, o tucano voltou a defender a criação do Ministério da Segurança Pública e a prometer que manterá o programa Bolsa Família. Serra disse ainda que o Mercosul precisa de reformas para fortalecer o livre comércio, criticou o proposta de partilha de royalties do pré-sal – para ele, Rio de Janeiro e Espírito Santo devem ganhar mais recursos, por serem Estados produtores – e afirmou que ficou “muita coisa no ar” sobre o projeto de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, como as questões ambientais e as vantagens econômicas da obra. Sobre política externa, Serra disse que, se for eleito, manterá uma relação “amistosa e positiva” com a Venezuela (embora ele tenha dito que, se fosse venezuelano, não votaria no presidente Hugo Chávez) e disse que “vai aplaudir” caso o Brasil consiga sucesso ao intermediar o conflito entre Israel e os palestinos, mesmo sendo cético sobre as reais chances disto ocorrer.

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