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31/10/2006 - 16h35

No Pará, Ana Júlia contesta crítica de movimentos sociais sobre reforma agrária

Larissa Guimarães
Em São Paulo
A governadora eleita do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), classificou como uma "injustiça" a crítica feita por parte dos movimentos sociais de que o governo Lula não promoveu reforma agrária no país. Segundo Ana Júlia, os recursos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) destinados ao Pará aumentaram em dez vezes durante o governo petista. O Estado apresenta o pior quadro de conflitos agrários no país.

"Respeito muito os movimentos sociais, mas não concordo (com a crítica). Houve avanços na questão agrária, sim. É uma injustiça dizer que não foi feito nada (nos últimos quatro anos)", criticou.

Ana Júlia culpou o governo atual do Pará, do tucano Simão Jatene, de omissão na questão agrária e prometeu trabalhar em parceria com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Vamos garantir assistência técnica, crédito e regularização fundiária nas terras do Estado."

Ainda sobre o governador Simão Jatene, a petista afirmou que o tucano não "aceitou" o resultado das urnas e evita falar com ela para iniciar a transição do governo. Ana Júlia acaba de derrotar o tucano Almir Gabriel, candidato de Jatene. O primeiro telefonema foi feito na noite de segunda-feira, segundo a governadora eleita.

"Já entrei em contato com o secretário dele e não tivemos retorno. Tenho a sensação de que ele não quer falar comigo", alfinetou.

A petista prometeu não desistir do encontro com Jatene e lamentou a postura do tucano. "Vou insistir. Se a situação continuar, vou chamar uma coletiva de imprensa para contar que ele não está disposto a cooperar", disse.

Pólo petista

Ana Júlia disse acreditar que a vitória do PT em mais um Estado da região Norte vai favorecer a criação de um "pólo petista". O Acre será governado por petistas pela terceira vez, com Binho Marques.

"Essa é uma vitória importante para o fortalecimento do PT e da região. Mostra que o modelo do presidente Lula foi aprovado. A região (Norte) será um pólo petista", afirmou.

Trabalho

A governadora eleita disse que pretende dar o pontapé em dois programas no Estado - o Bolsa-Trabalho e o Trabalho Legal. O primeiro será "co-irmão" do programa federal Bolsa-Família. Os desempregados terão uma ajuda de custo e passarão por qualificação profissional, com subsídio do governo. A meta de Ana Júlia é que o programa atinja 120 mil pessoas em quatro anos.

O programa Trabalho Legal vai combater outro grave problema do Estado: o trabalho escravo. O Estado vai fiscalizar e incentivar o registro de funcionários no campo e a emissão de documentos, segundo Ana Júlia.

Ainda em cadeira de rodas, Ana Júlia disse que espera se recuperar da fratura na perna direita em um mês. A petista caiu de um palanque improvisado, montado sobre a carroceria de um caminhão, em Canaã dos Carajás (850 km de Belém), no dia 3 de setembro.

"A locomoção foi difícil e me impediu de ir a vários lugares (durante as eleições). Mas não me impediu de lutar, tanto que venci", disse.