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24/10/2006 - 15h09

Lula retribui Sarney por apoio na crise do mensalão

Por Ricardo Amaral

TIMON, Maranhão (Reuters) - Sob um sol de quarenta graus e diante de cerca de cinco mil pessoas que o aguardaram por mais de duas horas, o presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva pagou nesta terça-feira o que chamou de "dívida de lealdade" com a tradicional família política Sarney, que tenta retornar ao poder no Maranhão.

"Quando tacavam pedras em mim, essa mulher e o pai dela estiveram ao meu lado e me defenderam", disse Lula, referindo-se à senadora Roseana Sarney (PFL-MA), que disputa o governo do Estado, e ao senador reeleito José Sarney (PMDB-AP), ex-presidente da República.

"Amigo a gente conhece é na hora da doença, é quando a gente precisa de uma xícara de óleo emprestado", prosseguiu Lula, que pediu votos para Roseana, numa difícil eleição estadual, contra o candidato do PDT, Jackson Lago. O PT do Maranhão ficou com Lago, apesar da posição de Lula.

Desde o primeiro turno, Roseana abriu uma dissidência no PFL, e foi ameaçada de expulsão do partido, por ter apoiado Lula e não Geraldo Alckmin, do PSDB.

No comício desta terça-feira em Timon, Lula ressaltou especialmente o apoio que recebeu do ex-presidente Sarney nos momentos mais agudos da crise do mensalão em 2005.

Em agosto daquele ano, quando a direção do PFL ameaçou pedir a cassação do registro do PT por suspeita de movimentar dinheiro em paraísos fiscais, Sarney fez um discurso em defesa do partido e do presidente.

"O Brasil não pode abrir mão do seu principal partido de esquerda", disse Sarney no Senado. Depois do discurso, o PFL desistiu da iniciativa.

"Essas coisas a gente não esquece", disse Lula, erguendo as mãos de Roseana.

Em seu discurso, Roseana falou mais do apoio a Lula do que de sua própria candidatura. O adversário Jackson Lago também apóia Lula, mas seus correligionários foram proibidos de levar faixas para o comício de Roseana e Lula.

"Agora que eles vão ver o que é cuidar dos pobres nesse país", disse Lula ao final do comício.

Da cidade de Timon, Lula seguiu com o governador reeleito do Piauí Wellington Dias (PT) para um ato público em Teresina, capital piauiense, vizinha a Timon.