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29/10/2006 - 21h28

Reeleito, Lula diz que pobres terão preferência no governo

Da Redação
Em São Paulo
O presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva repetiu seu slogan de campanha no primeiro pronunciamento após a confirmação de sua reeleição: "Deixa o homem trabalhar". "Não temos tempo a perder, é trabalhar, trabalhar e trabalhar. É por isso que o povo brasileiro votou e hoje diz nas ruas 'Deixa o homem trabalhar', porque o Brasil precisa de trabalho", afirmou Lula em pronunciamento de cerca de 25 minutos em um hotel em São Paulo na noite deste domingo. "Se no primeiro mandato começamos a 80 km por hora, porque a gente não conhecia a pista como o Felipe Massa conhece, agora começamos a 120 km por hora", disse, lançando mão de uma de suas metáforas.

DISCURSO DA VITÓRIA
Vanderlei Almeida/AFP
Lula faz sinal de positivo antes de discurso
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Usando uma camiseta com a inscrição "A vitória é do Brasil", o presidente foi cumprimentado por petistas como o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o governador eleito da Bahia, Jacques Wagner, o presidente nem se sentou na bancada e fez o pronunciamento de pé.

O porta-voz da Presidência, André Singer, abriu o pronunciamento dizendo que recebeu um telefonema do candidato derrotado Geraldo Alckmin (PSDB) reconhecendo a vitória de Lula -- a informação oficial da vitória de Lula foi seguida de aplausos e de gritos "olê olê olê olá, Lula, Lula" do público presente no auditório.

Lula começou o pronunciamento agradecendo aos "companheiros" e coordenadores de campanha e saudou a democracia. "O Brasil está vivendo um momento mágico de consolidação do processo democrático", disse, afirmando que a democracia deu um "salto". "Os acertos e os erros que o governo fez permitiram que pudéssemos chegar ao processo eleitoral mais amadurecidos, com mais consciência das dificuldades que o Brasil enfrenta", afirmou.

Forças políticas
O presidente reeleito afirmou mais de uma vez que deve chamar os diversos partidos políticos, inclusive da oposição, e movimentos sociais para compor seu governo. "Pretendemos conversar com todas as forças políticas, dos sem-terra às cooperativas. Nós vamos ter a mesma coordenação política, mas eu posso dizer que eu pessoalmente irei interferir mais nessas negociações", disse Lula. Ele também prometeu discutir a reforma política logo no início de seu segundo mandato, em 2007.

"Agora não tem mais adversário. O adversário agora são as injustiças sociais que precisamos combater. Contra esses argumentos, nós não temos adversário", disse, afirmando que pretende contar com a "compreensão" da oposição. "O Brasil nao é meu, eu é que sou brasileiro. O Brasil é de todos. Por isso estou com aessa frase na minha camiseta [A vitória é do brasil]. A vitória não é do Lula, não é do PT, não é de nenhum partido politico. A vitóoria é eminentemente da sabedoria do povo brasileiro", declarou.

Sobre as turbulências da campanha, como a crise do dossiê, Lula afirmou que o povo soube distinguir o que era verdade. "Sou grato ao povo desse país, ao povo brasileiro que, em vários momentos, foi instado a terem dúvidas contra o governo, e o povo sabia fazer a diferença entre o que era verdade e o que não era verdade", disse.

Feitos e promessas
O presidente citou também feitos de seu mandato, afirmando que vários brasilerios "conquistaram cidadania". "O povo sentiu na mesa, no prato e no bolso a melhora", disse, enfatizando que o primeiro mandato serviu para "lançar as bases" e "construir o alicerce" para o segundo mandato.

O petista repetiu promessas de campanha, afirmando que vai melhorar a distribuição de renda e o salário mínimo vai continuar aumentando. Mas o presidente fez uma brincadeira com colegas do movimento sindical, berço político do próprio Lula. "Reivindiquem tudo que puderem reivindicar, e nós [o governo] daremos aquilo que a responsabilidade permite dar", disse Lula, arrancando risos da platéia.

Sobre as políticas sociais, o presidente afirmou que as regiões mais pobres do país terão atenção especial em seu governo. "Os pobres terão preferência no nosso governo. Queremos tornar o Brasil mais justo", declarou.

Em relação à economia, Lula afirmou que deve manter a política fiscal dura, mas disse que espera um crescimento do PIB na casa dos 5%. "Eu aprendi na vida cotidiana, e não na faculdade de economia, que a gente não pode gastar mais do que ganha", afirmou.

Ao final das perguntas dos jornalistas, André Singer afirmou que Lula deverá realizar uma entrevista coletiva em Brasília nos próximos dias.

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