PT aposta em PSDB rachado e sem Serra e Alckmin para ir ao 2º turno em SP
Mirthyani Bezerra
Do UOL, em São Paulo
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Silvia Zamboni/Folha Imagem
Só PSDB fez governadores em SP nas últimas duas décadas, com Serra (2006) e Alckmin (2002, 2010 e 2014)
As lideranças do PT estão apostando no que chamam de "fragmentação do PSDB em São Paulo" para que o candidato do Partido dos Trabalhadores ao governo do estado consiga chegar ao segundo turno das eleições deste ano, algo que não acontece desde 2002. O PT estadual escolhe neste sábado (24), em evento que acontece na Quadra dos Bancários, no centro da capital, quem serão os pré-candidatos petistas ao Estado e ao Senado.
Luiz Marinho, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e favorito a ser o escolhido para a disputa pelo governo do Estado, afirmou acreditar que "essa eleição está em aberto" e que o PT estará no segundo turno porque não tem "nem [José] Serra, nem [Geraldo] Alckmin" no pleito deste ano.
"O PSDB está rachado, com duas ou três pré-candidaturas. Tem o candidato do pato que agora é sapo [em referência a Paulo Skaf, do MDB]. Tem o João [Doria, prefeito de São Paulo] que diz que trabalhava, que foi viajante, mas que não tem palavra, e tem o vice-governador [Márcio França, do PSB] que é o braço estendido de [Geraldo] Alckmin", disse ao defender que essa é a vez do PT.
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A única vez que o partido chegou ao segundo turno nas eleições majoritárias de São Paulo foi em 2002, com Marinho de vice na chapa encabeçada por José Genoíno. Naquele ano, o tucano Geraldo Alckmin venceu as eleições com 58,64%.
"Fomos e disputamos. Agora seguramente nós estaremos no segundo turno, até porque não temos mais nem Serra, nem Alckmin como candidatos a governador. Em 1998 foi Mário Covas e depois só se repetiu o pingue-pongue entre os dois, portanto estamos seguros que é a nossa vez", disse.
Uma das poucas lideranças nacionais do partido presentes no evento, o vice-presidente do PT, Alexandre Padilha, disse que o "ciclo do PSDB no Estado quebrou", fazendo referência à intensa disputa tucana em torno da candidatura.
"Tanto quebrou que eles saem pela primeira vez, depois de tantos anos, absolutamente divididos, tendo como candidato o Doria, que traiu a noiva, a cidade de São Paulo. Eu acho que eles estão com um pepino para resolver. Tinham um chuchu e agora tem um pepino, que é a divisão deles", afirmou a jornalistas durante o evento.
Marinho disse ainda que o partido não está preocupado com as alianças que têm se formado em torno do vice-governador Márcio França, aliado de Alckmin e pré-candidato do PSB ao Palácio dos Bandeirantes. "É bom observar o resultado das convenções, aguardar o resultado das alianças. Márcio vive falando que o PDT está com ele, mas o Carlos Lupi [presidente do PDT] garantiu que não vai com ele em hipótese alguma. Então vamos ver o que vai acontecer", disse.
O ex-prefeito de São Bernardo do Campo não acredita que exista um sentimento anti-petista no Estado, apesar das baixas sofridas pelo partido nas eleições de 2014 e 2016, com a perda de prefeituras importantes. Para ele, o fato de "62% do eleitorado paulista já ter votado no PT" nas eleições municipais, demonstra isso.
"Se forçar a barra, isso é uma meia verdade, porque 62% do eleitorado paulista já nos fez governo nas prefeituras mais de uma vez. Então não é real que o povo paulista não vote no PT. Quem não gosta do PT , que faz questão de dizer que é anti-PT, é a elite paulista, golpista, conservadora, que deseja um governo que governe para as minorias", afirmou.