Após jantar com Dilma, governador Eduardo Campos (PSB-PE) diz que relação com PT é de paz

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, afirmou na noite desta segunda-feira (9) que a relação do seu partido com o PT é de paz. Ele jantou com a presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada, em Brasília, para discutir a crise entre o PSB e PT, após o rompimento de algumas alianças nas eleições municipais. Também compareceram ao encontro desta segunda o governador cearense Cid Gomes (PSB) e os ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais).

Segundo Campos, a conversa com Dilma foi positiva e há um entendimento mútuo de que as disputas municipais não devem ser uma questão nacional. "Entendemos que a parceria nacional, para tocar em frente o Brasil, é maior do que as eleições municipais. Temos que saber conviver com essa diversidade no campo político. O povo é que vai se posicionar com o seu voto."

O discurso encampado pelo governo Dilma seguiu na mesma linha: "Não podemos misturar eleição municipal com o contexto nacional", afirmou Paulo Bernardo após o encontro.

Campos acrescentou ainda que o PSB não tem nenhum motivo para reclamar de alguma falta de atenção por parte do governo Dilma. "Temos enorme simpatia pelo governo dela." Perguntado se essse afastamento do PT não estaria pavimentando o seu caminho para concorrer à Presidência em 2014, ele disse que "a base da democracia é o contraditório", mas que "não existe campo político" para isso.

Sobre o apoio de Lula em palanques municipais, o governador pernambucano disse que é um líder internacional e que a sua liderança não pode ser puxada para qualquer disputa municipal.  "O Lula está acima de qualquer partido, é uma referência do povo. A gente não pode transformar o Lula em instrumento de luta política", afirmou Campos.

Tradicionais aliados na política nacional, os dois partidos passam por um processo de desgaste, agravado pelo fim de alianças em cidades-chave nas eleições municipais de outubro, como Fortaleza, Recife e Belo Horizonte.

Outro sinal do distanciamento entre as legendas é que o PSB diminuiu o número de capitais em que dará seu apoio a petistas candidatos a prefeito. Há quatro anos, o PSB se aliou ao PT em dez capitais. Nas eleições deste ano, serão apenas cinco.

Entenda a crise

Em Belo Horizonte, os petistas tentaram fazer uma coligação com o PSB, mas não houve acordo. A campanha do prefeito Marcio Lacerda (PSB), candidato à reeleição, está sem o apoio do PT, que lançou a candidatura do ex-prefeito e ex-ministro Patrus Ananias (PT).

Em Fortaleza, a prefeita petista, Luizianne Lins, lançou como candidato na eleição municipal o seu secretário de Educação, Elmano de Freita (PT). O governador cearense, Cid Gomes (PSB), no entanto, não concordou com a decisão e rompeu a aliança de oito anos entre PT e PSB, que lançou como candidato o deputado estadual Roberto Cláudio.

Em Recife, o PT indicou o senador Humberto Costa. Como resposta, Campos fechou aliança ampla com 15 partidos, incluindo o PMDB, de Jarbas Vasconcellos, de quem era rival, e lançou candidato próprio, após 12 anos de aliança com o PT.

Em São Paulo, o clima ficou tenso entre os dois partidos. A deputada federal Luiza Erundina, do PSB, chegou a aceitar ser candidata a vice na chapa do candidato petista, Fernando Haddad, mas desistiu após a aliança do PT com o PP, do deputado federal Paulo Maluf. Apesar disso, o PSB segue na aliança com Haddad.

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