01/10/2010 - 00h46

Jogando pelo empate, Dilma se escora nos feitos do governo durante debate

Rodrigo Bertolotto
Do UOL Eleições
Enviado ao Rio de Janeiro

Como todo líder de pesquisa de intenção de voto, Dilma Rousseff jogou na defensiva no debate final para a sucessão de Lula. Como todo candidato da situação, ela brandiu as realizações do governo. Como em todos os outros cinco debates da campanha (recorde para uma líder nas pesquisas), a petista evitou Serra nas perguntas diretas.

Sem ser pressionada pelos adversários, que não tocaram em temas polêmicos, principalmente as denúncias que surgiram durante esse final de campanha, nos casos da Receita Federal e da Casa Civil. Se outros não polemizam, que eram os mais interessados, Dilma não iria fazer isso. E não fez.

Dilma diz que engordou durante a campanha presidencial

As considerações finais feitas por Dilma sintetizaram sua participação: falou do Bolsa Família, do programa Luz Para Todos e do aumento do emprego no país. Depois prometeu tornar o Brasil “um país desenvolvido” e “erradicar a miséria”.

Na entrevista posterior para a imprensa presente no Projac, no bairro de Jacarepaguá, a petista disse que não evitou Serra. “Tem regras nesse debate. Eu fui perguntando para quem me perguntava. Não tenho porque evitar alguém”, explicou-se. “Só agradeço ao Serra, à Marina e ao Plínio o alto nível do debate”. Além disso, disse ser “objeto de inveja” por ter como “amigo” o presidente Lula, seu principal cabo eleitoral.

No primeiro bloco, ela respondeu para Marina Silva (PV) sobre o mercado informal falando das “grandes conquistas do governo”, como a “expansão do mercado interno” e “o combate à crise mundial” que evitou que o país virasse “um país de desempregados”. Na réplica, ouviu de Marina que a questão “não foi adequadamente respondida”. Na tréplica voltou a cantar loas à gestão Lula e ao crescimento do emprego e da economia, sem retrucar sua rival.

Quando teve de perguntar, escolheu Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), evitando Serra. Não se fez de rogada quando o esquerdista falou que Lula arrochou, terceirizou e privatizou serviços públicos e puxou o caso da Petrobras como exemplo de empresa estatal. Ouviu novamente a ironia do opositor dizendo que a Petrobras não é tão pública assim.

No segundo bloco voltou a evitar Serra, perguntando para Marina e tendo de responder compulsoriamente para Plínio. Polemizou com a candidata verde sobre a infraestrutura ferroviária e rodoviária e fez promessas de ampliar a malha de trilhos.

O primeiro percalço foi ao responder a Plínio. Parte da plateia deu risada quando disse que todas as doações de campanha de sua coligação são registradas, mas saiu-se bem ao cortar as risadas, primeira manifestação do público presente: “Lamento os risos de quem tem outras práticas”.

No terceiro bloco, novamente teve Marina como interlocutora, e o tema foi a segurança pública, com Dilma exibindo o exemplo local das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nas favelas do Rio de Janeiro. A candidata do PV apontou que foi uma solução boa, mas criticou que falta escala nessa política.

Já a próxima discussão teve novamente Plínio pela frente. No tema “saneamento básico”, o concorrente do PSOL voltou ao argumento que se deve deixar de pagar a dívida com os bancos para bancar água e esgoto. Já Dilma discorreu sobre os feitos de Lula e prometeu mais do mesmo.

No quarto bloco, Plínio quis saber se Dilma iria acabar com os latifúndios, a especulação imobiliária e reduzir a carga de trabalho sem redução de salário. Dilma, claro, negou tudo. Plínio insistiu na tese que o Brasil teria que seguir o exemplo inglês de cobrar aluguel do proprietário que mantém um imóvel vazio atrás de valorização. Dilma soltou uma pérola: “Na Inglaterra, eles são ingleses e são diferentes de nós.”

Novamente, Dilma perguntou para Marina e teve um debate morno sobre investimento até que Marina igualou a petista ao tucano como candidatos “puramente gerenciais” e contrapôs seu auto-proclamado “pensamento estratégico” contra o “mundo azul do Serra e o mundo cor de rosa da Dilma”. Depois, Serra deu o troco, no seguinte trecho, comparando Marina a Dilma pelo passado petista.

 

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