01/10/2010 - 00h48

Serra evita Dilma, tromba em Marina e troca ataques por propostas

Maurício Savarese
Do UOL Eleições
Enviado ao Rio de Janeiro

No debate visto como sua melhor chance para forçar o segundo turno nas eleições presidenciais, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, evitou confrontar a líder nas pesquisas de intenção de voto, Dilma Rousseff (PT), foi alvo da terceira colocada, Marina Silva (PV), e salpicou críticas ao governo federal apenas nas descrições de propostas.
 

Depois do debate, em entrevista a jornalistas, Serra afirmou que não questionou Dilma porque na oportunidade que teve, o tema sorteado - metrô - "não era o mais apropriado". Ele disse também que esperava perguntar à petista no último bloco do encontro, mas Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) o fez antes. "Muitas vezes não pode se tratar de tudo", afirmou.

Na curta entrevista - a mais breve do pós-debate e encerrada com Serra aparentando incômodo-, o tucano disse também que "todos os debates são engessados". E repetiu que é "estranha" a decisão do STF [Supremo Tribunal Federal] de permitir que o eleitor vote apenas com um documento de identificação com foto, sem levar o título de eleitor.

No debate, o tucano trocou perguntas preferencialmente com Marina e teve com a presidenciável do PV a troca mais áspera de todo o encontro. Mas fez isso apenas no quarto bloco, depois de a rival dizer que ele se irritava com repetição de perguntas de debates anteriores. “Não use a sua régua para medir os outros. Se eu fosse usar a minha régua, eu diria que você e a Dilma têm muitas coisas mais parecidas”, afirmou.
 


Em seguida, disse que a ex-ministra do Meio Ambiente, assim como Dilma, seguiu no PT apesar do escândalo do mensalão, em 2005¬¬. Foi uma das raras menções a casos de corrupção no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recentemente demitiu a sucessora de Dilma na Casa Civil, Erenice Guerra, por suspeitas de que o filho dela teria recebido propina. O assunto não apareceu em todo o debate.

Orientado por pesquisas internas, que demonstram boa resposta do eleitorado a suas propostas, Serra repetiu as promessas de elevar o salário mínimo para R$ 600 a partir de 2011, assim como dar reajuste de 10% aos aposentados. Falou também sobre a criação de um órgão nacional de Defesa Civil para enfrentar tragédias, como as que afetaram recentemente o Nordeste, Santa Catarina e o Estado do Rio de Janeiro.

Ao contrário de Dilma, o tucano não citou Lula nenhuma vez, falou apenas no governo federal. Amenizou o tom das críticas feitas em debates anteriores, mas não deixou de fazê-las. “As coisas vão se arrastando, ações lentas, muita figuração”, disse sobre a capacidade de investimento do Palácio do Planalto. “Os recursos federais são poucos, mal gastos e mal distribuídos.”

Em um debate de tom ameno – cuja audiência esteve na faixa dos 20 pontos no Ibope – Serra ouviu as críticas mais diretas de Marina. A candidata do PV o acusou de usar “promessômetro”, de não ter feito as ações que propõe quando ocupava o governo de São Paulo e de fazer “discursos de conveniência”.

Quando a terceira colocada nas pesquisas o questionou sobre críticas de aliados seus ao programa Bolsa Família, ele respondeu: “Já fizemos cinco debates. Eu acho estranho que toda vez volta a mesma pergunta. E aí volta a mesma resposta”, disse ele, ao atribuir as origens do programa ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso – a quem citou apenas esta vez durante o encontro.

 

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