Colegas rebatem tese de Haddad como plano B de Lula: 'ele não é candidato'

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

  • Agatha Gameiro - 9.mar.2018/Framephoto/Estadão Conteúdo

    O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o presidente da Fundação Perseu Abramo, Márcio Pochmann, na abertura do Fórum Nacional Brasil Que o Povo Quer, em São Paulo

    O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o presidente da Fundação Perseu Abramo, Márcio Pochmann, na abertura do Fórum Nacional Brasil Que o Povo Quer, em São Paulo

Com a incerteza sobre a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputar a eleição presidencial em 7 de outubro, nomes de substitutos são especulados. Um deles é do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, que coordena o programa de governo do PT para o Planalto. Colegas de Haddad na empreitada, os coordenadores-executivos Renato Simões, ex-deputado federal, e Márcio Pochmann, ex-presidente do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), dizem que as especulações em torno do ex-prefeito não causam constrangimento ao grupo.

"Fernando Haddad é um companheiro muito valoroso para o PT, mas não é candidato a presidente da República. O candidato a presidente da República é o Lula", disse Simões, que representa a Executiva do PT no grupo. "Não há nenhum constrangimento nosso até porque essas especulações de plano B têm o total descrédito pela direção nacional do PT. Nós estamos trabalhando com o plano L, que é eleger Lula presidente."

Pochmann, que comanda a Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, comenta que as indicações sobre Haddad na eleição não chegam ao grupo. "Quem vai ser o sucessor [de Lula] ou o candidato a presidente, confesso que não tem sido uma preocupação nossa", disse. "Nós estamos fazendo um programa que é para o Partido dos Trabalhadores. Quem toma a decisão sobre candidatura é o partido. A indicação do partido é que o presidente vai competir em qualquer condição."

O que o PT tem decidido é que o candidato é o Lula e que o programa está sendo construído para ele

Renato Simões, coordenador-executivo do programa do PT

As possibilidades, porém, estão em aberto. Pochmann lembra que Haddad "foi bastante assediado para ser candidato, em diferentes circunstâncias: deputado, senador, governador". "[Ele] segue muito firme que não seria nesta eleição sua candidatura. Mas isso pode mudar. Um apelo do partido ou coisa do tipo. Mas não passa por ele submeter o nome dele a uma cédula eleitoral agora."

Em janeiro, em entrevista ao UOL, Haddad disse que, se fosse candidato, a decisão deveria ter sido tomada no ano passado. Sobre Lula, ele defendeu que se deveria ir com sua candidatura até às últimas consequências. Em evento da fundação Perseu Abramo na sexta-feira (9), ele voltou a indicar que Lula é o candidato petista. Na última pesquisa Datafolha em que teve seu nome mencionado como substituto de Lula, Haddad aparecia com 3% das intenções de voto.

Divulgação/Arquivo/PT
Simões diz que grupo do programa de governo do PT só trabalha com "plano L"

Prisão

A perspectiva de que o ex-presidente possa vir a ser preso após o julgamento de embargos de seu recurso no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) não altera os planos da equipe do programa. "Estamos trabalhando bastante para que os advogados e a militância na rua garantam a candidatura do presidente Lula", diz Simões.

Pochmann acredita que, caso Lula vá para a prisão, ele será o "primeiro preso político do país desde 1985". "Acho que essa aposta radical na prisão do presidente Lula joga, na verdade, um horizonte desconhecido, cujos riscos passam a ser bastantes significativos para a ordem democrática."

Na hipótese de o presidente ser preso, o que representa a oposição do PT em não aceitar o resultado? Entramos numa fase do imponderável

Márcio Pochmann, coordenador-executivo do programa do PT

O outro fator que pode deixar o ex-presidente fora da disputa é a inelegibilidade em função da condenação no caso do tríplex em segunda instância. Para Simões, se isso ocorrer, essa será mais uma faceta do "golpe", referindo-se ao processo de impeachment que tirou Dilma Rousseff (PT) da Presidência em 2016.

"Golpe não é chavão. O principal objetivo do golpe é ganhar a eleição por W.O., impedir que a principal candidatura de esquerda possa reverter essa agenda do golpe", acredita. "A eleição de 2018 só vai pacificar o país se ele for uma eleição limpa, uma eleição democrática, se todas as forças políticas tiverem condição de disputar".

Segunda instância pode determinar prisão de Lula

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos