Com 40% de renovação em Curitiba, saem vereadores envolvidos em polêmicas

Rafael Moro Martins

Colaboração para o UOL, em Curitiba

  • Divulgação

    Chico do Uberaba, que disse que os vereadores pagam para trabalhar, não foi reeleito

    Chico do Uberaba, que disse que os vereadores pagam para trabalhar, não foi reeleito

Ao renovar os ocupantes de 15 dos 38 assentos da Câmara Municipal (o equivalente a 40% do total), o eleitorado de Curitiba deixou de fora os vereadores que se envolveram nas principais polêmicas protagonizadas no Legislativo municipal nos últimos quatro anos.

Buscaram um novo mandato --e fracassaram-- Chico do Uberaba (PMN), que disse, em 2015, "estamos pagando para ser (sic) vereador"; Zé Maria (SD), acusado de injúria racial pelo único vereador negro da capital paranaense; Cricarelli (PSDC), que falou, da tribuna, que mandaria o prefeito Gustavo Fruet (PDT) "à PQP"; e Carla Pimentel (PSC), que acusou um colega, Professor Galdino (PSDB), de assédio sexual.

Galdino não buscava reeleição, mas o irmão dele, Professor Edu Galdino (PSDB), que usou o mesmo número de urna e estratégia de campanha, não conseguiu um mandato.

Chico do Uberaba fez apenas 2.578 votos. Após a declaração sobre salários dos parlamentares, ele se desculpou por se "expressar mal". Apesar da "reclamação", o patrimônio declarado por ele ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em 2016, é 516% maior que em 2012.

Zé Maria recebeu 3.496 votos. Em 2015, ele foi acusado por Mestre Pop (PSC) de injúria racial por conta de uma "piada". "Sabe por que preto entra em igreja evangélica? Para poder chamar o branco de irmão", disse Zé Maria, segundo Pop. Zé Maria pediu perdão, o Conselho de Ética da Câmara absolveu-o, mas o caso chegou ao Ministério Público, que denunciou, em maio, o político do SD por racismo.

Com 8.210 votos, Mestre Pop, que recebeu a injúria, foi reeleito para um novo mandato.

"Se eu tiver que voltar aqui, e o prefeito pedir para eu votar contra, eu mando ele para a PQP", disse Chicarelli (PSDC), em agosto passado, ao criticar veto de Gustavo Fruet a projeto de sua autoria que obrigava bancos a contratarem vigilantes mulheres. Foi repreendido pelo presidente da casa. As urnas também lhe passaram um recado -- saiu delas com 3.295 votos.

Carla Pimentel, que acusa o colega professor Galdino de assédio sexual, fez 4.638 votos. O tucano, que irá se confrontar com processo de cassação, não buscou novo mandato. Mas o irmão dele, professor Edu Galdino (PSDB), que fez campanha usando o mesmo jaleco branco, os mesmos óculos escuros e o mesmo jingle do atual vereador, foi rejeitado nas urnas --fez 2.998 votos.

Ex-petistas fracassam

Com apenas uma vereadora, a reeleita Professora Josete, com 4.432 votos, o PT fez seu pior resultado na capital paranaense desde 1982, quando não conseguiu ocupar nenhuma cadeira. Em 1988, o partido já detinha três assentos.

Os outros dois vereadores eleitos pelo PT em 2012 --Jonny Stica e Pedro Paulo --migraram para o PDT na esteira do desgaste trazido pela operação Lava Jato. Com 5.396 e 2.993 votos numa coligação que fez alguns dos mais votados em 2016, ambos ficaram de fora da nova composição do parlamento municipal.

Apesar da derrota de Fruet, seu partido, o PDT, fez o maior número de cadeiras --cinco. O PSD, de Ney Leprevost, que irá disputar o segundo turno, fez quatro. O PMN, do vencedor do primeiro turno, Rafael Greca, não elegeu vereadores. Mas o PSDB, que está na coligação dele, fez os dois mais votados, Serginho do Posto e Beto Moraes.

A Câmara de Curitiba terá oito vereadoras, a partir de 2017, maior número de sua história. Elas serão 21% dos parlamentares. Ainda assim, uma representação pequena. Segundo o Censo 2010 do IBGE, as mulheres somam 52,33% da população de Curitiba.

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