Em comício em Fortaleza, Lula fala em "voltar" e se defende da Lava Jato

Renato Sousa

Colaboração para o UOL, em Fortaleza

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    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de campanha da candidata à prefeita de Fortaleza Luizianne Lins

    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de campanha da candidata à prefeita de Fortaleza Luizianne Lins

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (21), em Fortaleza (CE), que pode tentar retornar ao Planalto. "Se precisar, preparem-se, porque eu vou voltar", disse Lula a militantes em comício da candidata Luizianne Lins (PT), que tentar voltar à prefeitura de Fortaleza, comandada por ela de 2004 a 2012.

O ex-presidente, que virou réu em decisão do juiz Sérgio Moro pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na terça (20) afirmou que se sentiu ofendido com as acusações feitas contra ele pelos integrantes da Operação Lava-Jato.

Repetindo o discurso, já desmentido, de que o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa, teria dito ter convicção da culpa de Lula, apesar de não ter provas, Lula sugeriu aos procuradores que "peguem a convicção e façam o que quiserem com ela. Mas, se quiserem me condenar, mostrem uma prova".

Além do ex-presidente, outras oito pessoas foram indiciadas, incluindo sua mulher Marisa Letícia e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.

A vinda do ex-presidente ao Ceará faz parte do tour que Lula faz pelo Nordeste tentando impulsionar as candidaturas petistas. A região - segundo maior colégio eleitoral do Brasil, atrás apenas do Sudeste - é considerado pelos petista como o último área onde o ex-metalúrgico garante popularidade. É graças a ela que Lula consegue manter-se competitivo nas simulações da disputa presidencial de 2018. Segundo pesquisa Datafolha divulgada em julho, por exemplo, o petista tinha 22% das intenções de voto em todo o país. Entretanto, no Nordeste, esse número era de 32%.

Além de Fortaleza, Lula esteve em Batalha e Iguatu, no interior do Estado, e na quinta (22), deve participar de campanhas em Pernambuco e Bahia

"Eles querem acabar com o PT", diz Lula

Lula também tenta impulsionar as candidaturas petistas na região. Em uma eleição em que os padrinhos políticos não estão sendo bem-vistos, ele ainda é um dos poucos aliados com poder de transferir votos. De acordo com pesquisa Datafolha divulgada em agosto, 30% dos eleitores em Fortaleza votariam em um candidato indicado por ele.

O número é superior a líderes tradicionais do Ceará, como o senador e ex-governador Tasso Jereissati (PSDB) e os irmãos Cid e Ciro Gomes (ambos do PDT), ex-ministros e ex-governadores. O presidente Michel Temer (PMDB) é o aliado mais impopular: 84% dos entrevistados disseram não votar em um candidato indicado por ele.

O uso do padrinho passou a ser uma das estratégias de Luizianne, que está em terceira colocadas nas pesquisas e lidera no índice de rejeição. O deputado estadual Capitão Wagner (PR), segundo colocado, passou a ter a sua imagem associada pelos militantes petistas a do presidente Michel Temer em virtude de sua aliança com o PMDB, que indicou o companheiro de chapa do militar, Gaudêncio Lucena. O reservista da PM passou a ser mais atacado do que o próprio prefeito, Roberto Cláudio, ligado ao clã dos Ferreira Gomes, adversários de Luizianne. Segundo Lula, "a gente não tem vergonha de dizer que usa vermelho e de dizer que vota no PT".

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