O que está em discussão nos bastidores para definir o apoio de Marina?

Do UOL, em São Paulo

Um dos colaboradores mais próximos da ex-senadora Marina Silva (PSB) na campanha presidencial, o biólogo João Paulo Capobianco disse, em entrevista ao UOL, que o objetivo da coligação em torno da Rede, que a partir de hoje discute os desdobramentos da campanha de segundo turno, será apoiar um programa de governo que esteja de acordo com aquele defendido até aqui.

"Não se pode passar por cima do entendimento do que é a vontade do eleitor", afirmou Capobianco aos blogueiros do UOL Mário Magalhães e Josias de Souza, nesta segunda-feira (6).

"Existe uma questão que é: a sociedade se manifestou; 60% da sociedade se manifestou contra o que está aí, se manifestou pela mudança, e nós recebemos parte, 21%, desse conjunto que quer essa mudança. Então, a questão é como nós vamos fazer isso", disse o biólogo.

Capobianco hesitou em afirmar que, diante disso, já esteja descartado o apoio à candidata do PT à Presidência, mas reforçou seu entendimento de rejeição nas urnas à Dilma Rousseff. "Embora a população não tenha apoiado majoritariamente o candidato Aécio Neves [PSDB, segundo colocado no primeiro turno], ela rejeitou majoritariamente o governo que está aí, então existe uma discussão a ser construída. (...) A polarização se recolocou, por isso a necessidade de fazer essa discussão com rapidez, mas com serenidade."

Possíveis desentendimentos entre o PSB e seus coligados nesse tema não são esperados por Capobianco. "Essa questão da coligação já foi testada com a lamentável morte de Eduardo Campos [em 13 de agosto]. Muitos disseram que a coligação iria se desmanchar porque quem conseguiu a articulação [entre os partidos] teria sido a liderança do Eduardo Campos, mas isso não aconteceu, a coligação se manteve forte. (...) É impossível antecipar agora qualquer desdobramento caso algum dos partidos coligados decida por outro caminho, mas a tendência é que isso não ocorra", diz.

Para vice de Aécio, discussão de programas será "fácil"

O senador Aloysio Nunes (PSDB), vice na chapa de Aécio Neves, afirma que seu partido está aberto a conversar com aqueles que apoiaram a candidatura de Marina Silva, e ele acredita que não haverá impedimentos em conciliar os objetivos dos programas eleitorais em uma possível aliança para a disputa do segundo turno.

"Essa discussão sobre programas será uma discussão relativamente fácil porque existe no programa da Marina e no nosso programa uma proximidade grande, não seria preciso nenhuma 'revolução de Copérnico' para uma confluência programática", afirma o senador, que também participou da transmissão do UOL.

"Quando nós defendemos a livre iniciativa, o mercado, o equilíbrio entre o mercado e a ação do Estado, a democracia, o repúdio a qualquer forma de autoritarismo, de manipulação do Estado por um partido em seu beneficio próprio (...), nós não temos nenhum receio em receber ataques por causa disso, muito pelo contrário, isso é o que define a nossa identidade", diz Nunes.

Apesar das semelhanças defendidas pelo vice tucano, é motivo de descontentamento o fato de o PSDB não ter apresentado ao eleitor seu programa de governo durante a campanha do primeiro turno. "Ninguém vai apoiar ninguém em cima do currículo, dos bons princípios e das boas ideias. Nossa crítica ao PSDB foi essa, cadê o programa?", disse Capobianco.

"O programa para nós é a base, foi nossa grande virtude e nosso principal problema. Não faltaram pragmáticos, antes do lançamento do programa, a aconselhar que não se lançasse o programa. (...) Se só você se expõe, virá a crítica, mas a coligação e a Marina disseram: esse é o nosso compromisso e nós vamos lançar", diz Capobianco, que acrescentou que a ex-senadora foi a única entre os candidatos à Presidência a revelar publicamente as diretrizes que planejava para o governo do país.

"A mesma crítica [serve ao] PT, que achava que não precisava nem de programa porque tem o currículo. Nós não estamos elegendo o currículo, nós estamos elegendo propostas para o Brasil", diz o colaborador de Marina Silva.

Campanha presidencial 2014
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